12 satélites da LusoSpace custam 15 milhões de euros. “O espaço é um negócio que gera riqueza”, diz CEO
Constelação de 12 satélites que irá permitir mapear os oceanos representou um investimento de 15 milhões de euros. CEO da LusoSpace estima ao ECO que serviço irá gerar receitas de 100 milhões.
“O homem mais rico do mundo é o Elon Musk e foi sobretudo graças à empresa no espaço que ele conseguiu crescer”, diz o CEO da LusoSpace. “O espaço não é só ciência e investigação, o espaço já é negócio que gera riqueza e cria empregos. É um setor industrial que vale a pena apostar”, afirma Ivo Yves Vieira em declarações ao ECO, a propósito do lançamento do primeiro satélite comercial português, desenvolvido pela LusoSpace, a bordo do foguetão Falcon 9, da SpaceX de Elon Musk, que acontece esta terça-feira.
O PoSat 2 é o primeiro satélite de uma constelação de 12 que irá permitir o mapeamento dos oceanos, uma espécie de um Waze dos oceanos. O custo do projeto dos 12 satélites é de 15 milhões de euros, sendo que dez milhões de euros são financiados pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
O CEO da LusoSpace explica que “os 15 milhões são para ter a constelação operacional, não inclui a parte do Waze dos oceanos, inclui algum tipo de serviço, mas não inclui todo o trabalho que vai ter que ser feito para criar o serviço de mapeamentos dos oceanos”. Na ótica do gestor ainda é prematuro avançar com valores de investimento para criar o Waze dos oceanos.
Os 15 milhões são para ter a constelação operacional, mas não inclui todo o trabalho que vai ter que ser feito para criar o waze dos oceanos.
O líder da empresa nacional dedicada à área do espaço acredita que este serviço do mapeamento dos oceanos vai gerar receitas de 100 milhões de euros até 2031. “Com os 12 satélites já conseguimos criar um Waze dos oceanos“, diz o gestor, antecipando que este “serviço irá gerar muita riqueza“, avança Ivo Yves Vieira, antecipando que esperam “chegar aos 100 milhões de euros até 2031”.
Ivo Yves Vieira, que trabalhou no final da década de 1990 como engenheiro de I&D no primeiro satélite português, revela ao ECO que “até pode ser mais que 100 milhões de euros” e explica que o “mercado dos dados AIS (Sistema de Identificação Automática) — usados em navios e tráfego de embarcações para identificação e localização e que já existe há 20 anos –é um mercado que a nível mundial vale 400 milhões de euros”, assegurando que o “Waze dos oceanos vai ser muito melhor que isso”.
A LusoSpace diz ser pioneira na introdução da tecnologia VDES (VHF Data Exchange System) em constelações de satélites. A empresa liderada por Ivo Yves Vieira explica que “esta tecnologia traz benefícios únicos ao ambiente marítimo que vão transformar a forma de comunicar no mar: possibilidade de comunicar bidirecionalmente entre terra e os navios, alertas mais rápidos e a possibilidade de criptografar mensagens, algo que até à data não é possível”.
O serviço que irá mapear os oceanos “será disponibilizado a outras empresas e pessoas individuais”. Ivo Yves Vieira detalha que o serviço pode ser usado por pessoas que tenham veleiros e que usem este serviço quando vão navegar. “É um mercado mundial”, nota o doutorado em Engenharia Física.
Constelação estará construída até ao final do ano e será lançada até início do próximo ano
Os outros 11 satélites já estão a começar a ser construídos nas instalações da empresa nacional em Lisboa, com o gestor a garantir que “até ao final do ano já estão construídos”. O líder da LusoSpace avança que a constelação dos 12 satélites vai ser lançada até ao início do próximo ano. “A constelação vai estar implementada em 2026, diria que em 2027 é quando vamos começar a crescer nessas receitas”, refere.
“O primeiro vai ser lançado esta terça-feira e os próximos serão lançados entre o final do ano e o início de 2026”, detalha. Ivo Yves Vieira explica ao ECO que “até podiam ser todos lançados até ao final do ano, mas querem encontrar lançamentos que sejam mais interessantes em termos de orbita”. À partida todos os satélites serão todos lançados pela empresa de Elon Musk.
Conquistar investidores para explorar ‘Waze dos oceanos’
Para criar este serviço, o líder da empresa nacional antecipa que o objetivo é “arranjar investimento com investidores para expandir a constelação e explorar este serviço do waze dos oceanos”. “Os investidores serão uma das fontes principais, claro que se houver outros instrumentos de apoio nacionais iremos recorrer a eles”, diz Ivo Yves Vieira.
Fundada em 2002, a LusoSpace é uma empresa 100% portuguesa que desenvolve soluções para o mercado espacial. A empresa, que emprega cerca de 30 pessoas e fatura três milhões de euros, já participou em mais de 20 missões espaciais sendo que uma delas está a caminho de Jupiter com chegada prevista em 2031.
O líder da primeira startup espacial portuguesa conta ainda que para além do Waze dos oceanos, estão a desenvolver sistemas de comunicação ótica, com lasers — “é outro mercado que está a desenvolver-se no mundo inteiro e faz parte do futuro das comunicações” e que paralelamente têm projetos de realidade aumentada que “permitem montar satélites de forma muito mais rápida e eficiente”.
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