Bruxelas aprova compra da DS Smith com remédios. Novos donos têm de vender fábrica em Ovar

A Comissão Europeia confirmou esta sexta-feira que deu 'luz verde' ao negócio de nove mil milhões, mas os americanos têm de prescindir de cinco fábricas da Europa, uma delas em Portugal.

A Comissão Europeia aprovou esta sexta-feira a compra da empresa de embalagens DS Smith pelos norte-americanos da International Paper, mas os remédios propostos por Bruxelas preveem que os próximos donos vendam a fábrica que têm na cidade de Ovar, no distrito de Aveiro.

Para o acordo de 7,8 mil milhões de libras (9 mil milhões de euros) ficar concluído, as partes comprometeram-se – e propuseram a Bruxelas – a avançar para a alienação de cinco fábricas da International Paper na Europa, uma delas, de cartão, em Portugal e as restantes na Normândia (nomeadamente, uma de caixas em Saint-Amand-Villages, em Mortagne, e uma de folhas em Cabourg) e outra, também de cartão, em Bilbau (Espanha).

Em Portugal, a DS Smith entrou em 2016 com a aquisição da Gopaca e da P&I Displays. Em 2019, reforçou a sua presença ao comprar a Europac. A divisão de “Packaging” tem seis fábricas: em Guilhabreu, Esmoriz, Águeda, Carregal do Sal, Leiria e Lisboa, bem como um centro logístico, na Madeira. A empresa possui ainda duas unidades de Reciclagem, no Porto e na Figueira da Foz, e uma unidade fabril de papel em Viana do Castelo. Em três anos, de 2021 a 2024, a marca investiu mais de 50 milhões de euros nessas unidades de produção de embalagens em Portugal.

“A International Paper e a DS Smith são duas empresas de papel e de embalagens verticalmente integradas. A investigação da Comissão Europeia revelou que a operação, tal como tinha sido notificada, teria reduzido a concorrência nos mercados de fabrico e fornecimento de (i) chapa ondulada no norte e oeste de Portugal; (ii) chapas onduladas de alta resistência no Nordeste de Espanha; e (iii) caixas de cartão canelado no Noroeste de França”, explicou o executivo comunitário.

A multinacional britânica DS Smith, que produz embalagens de cartão para encomendas ou bens alimentares, está em processo de aquisição há um ano e conseguiu (oficialmente) duas propostas: a da norte-americana International Paper e da conterrânea Mondi, com quem tinha feito um acordo inicial que avaliava a empresa em 5,14 mil milhões de libras esterlinas (cerca de 6 mil milhões de euros).

As ações da DS Smith, cuja sede é em Londres, estão a valorizar 1,49% em bolsa para 612 libras esterlinas. Já os títulos da International Paper, que negoceiam em Wall Street, avançam 1,51% para 59,49 dólares.

O conselho de administração da International Paper é defensor de uma estratégia de “fusões e aquisições de forma disciplinada”. “E acredita que a aquisição da DS Smith está alinhada com a estratégia da International Paper para melhorar o seu negócio de embalagens de cartão canelado na Europa e criaria um valor significativo para os acionistas”, informaram os administradores da multinacional britânica, há cerca de 10 meses quando a transação se tornou atrativa para outros investidores.

A fazer embalagens desde 1940, para mais de 100 países, a DS Smith viu em Portugal o potencial para acolher o primeiro centro de inovação de cliente (Costumer Innovation Hub) do grupo, que foi inaugurado em 2021. Trata-se de um espaço colaborativo, para testar tecnologias, que foi desenhado pela empresa do Reino Unido para ser uma experiência a partir da qual se cria um modelo para exportar para outros mercados onde opera. A título de exemplo, sensores que analisam como abrimos o cartão das encomendas para facilitar o reaproveitamento a quem quer fazer ou devolução ou guardar e dar-lhe uma segunda vida.

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