Maioria das empresas conta dar aumentos salariais até 5% este ano
Seis em cada dez das empresas ouvidas pela Hays apontam para aumentos salariais de 5% em 2025, o que fica aquém das expectativas dos empregados. Contratações não devem arrefecer.
O ano de 2025 deverá ser sinónimo de aumentos salariais até 5% na maioria das empresas portuguesas. A estimativa é da Hays, que ouviu cerca de 900 empregadores quanto às suas perspetivas para o ano que acaba de arrancar. Estes reforços remuneratórios ficam, contudo, aquém da expectativa dos empregados, já que quase metade está a contar com aumentos acima dos 6%.
“As perspetivas para 2025 são de aumentos salariais para a maioria das empresas. Cerca de 83% dos empregadores inquiridos indica que deverão verificar-se aumentos salariais, que se traduzirão, na maior parte dos casos, num incremento até 5%“, sublinha a empresa de recursos humanos sua análise ao mercado de trabalho.
Em maior detalhe, quase um quinto dos empregadores ouvidos vão avançar com aumentos salariais até 2,4%. Já 46,1% estão a contar reforçar os ordenados entre 2,5% e 5%.
Ou seja, 65,2% das empresas ouvidas apontam para subidas salariais até 5%, sendo que o referencial definido na Concertação Social para orientar os aumentos salariais no setor privado em 2025 ficou fixado em 4,7%. Tal significa que mais de metade dos empregadores pretende cumprir o acordado entre o Governo, as confederações empresariais e a UGT.
Mas há também quem seja mais generoso. Cerca de 15% dos empregadores vão avançar com aumentos salariais entre 6% e 10%, enquanto 1,4% apontam para reforços entre 11% e 15%. E em torno de 0,6% dos empregadores estão a contar dar reforços remuneratórios entre 16% e 20%. Já 0,3% contam superar a fasquia dos 20% nos aumentos deste ano.
Em contraste, 14,4% das empresas ouvidas não pretende fazer qualquer alteração aos salários, como se vê na tabela abaixo.
No relatório apresentado esta terça-feira, a Hays realça, por outro lado, que “importa perceber se estes aumentos salariais estão alinhados com as expectativas dos profissionais para o próximo ano”. As respostas dos 2.800 empregados ouvidos sinalizam que não é esse o caso. “No que diz respeito a aumentos salariais para 2025, a expetativa dos candidatos parece ser superior à dos empregadores“, salienta a empresa de recursos humanos.
Ora, enquanto mais de seis em cada dez empregadores apontam para aumentos até 5%, só 28% dos trabalhadores têm essa expectativa. A maioria espera mais: 16% conta com reforços remuneratórios entre 6% e 10%, 11% dos trabalhadores entre 11% e 15%, 7% entre 16% e 20% e 14% dos trabalhadores aponta mesmo para aumentos acima de 14%.
É de notar, contudo, que há mais empregados a esperar que o salário não se altere em 2025 (21%) do que empregadores (14%), mostra o guia da Hays agora divulgado.
Transparência salarial ainda só para a minoria
Portugal tem até 2026 para transpor para a lei nacional a diretiva europeia sobre a transparência salarial, tema que ainda tem pouca expressão no dia a dia das empresas portuguesas, confirma a nova análise da Hays.
“Questionámos os empregadores relativamente à implementação da Diretiva Europeia sobre a Transparência Salarial, e percebemos que apenas 23% dos inquiridos afirmam que a sua empresa está a par e a implementar as medidas necessárias“,lê-se no guia divulgado esta terça-feira.
Em comparação, 36% dos empregadores indicam que a organização está a par da diretiva, mas ainda não implementaram medidas. Por outro lado, em 20% dos casos a empresa não só não implementou as medidas, como não está sequer a par da diretiva.
“Uns expressivos 22% não têm certeza de qual é o progresso da sua organização neste tema“, salienta a empresa de recursos humanos.
É hora de regressar ao escritório?
Na análise ao mercado de trabalho divulgada esta terça-feira pela Hays, não são apenas as perspetivas salariais que são objeto de análise; também os modelos de trabalho estão sob a lupa.
Ora, entre os cerca de 900 empregadores ouvidos, mais de metade pratica um regime híbrido com, pelo menos, um dia de trabalho remoto por semana, enquanto 46% adotam um modelo totalmente presencial. Entre essas últimas empresas, a maior parte fá-lo porque a sua área de negócio não é compatível com teletrabalho, mas 20% adotaram este regime por opção.
Quanto a 2025 — numa altura em que várias empresas estrangeiras anunciaram o regresso obrigatório ao escritório –, 85% dos inquiridos pretende manter o modelo, sendo que só 9% dos empregadores indicam que os trabalhadores terão de passar mais tempo em trabalho presencial.
É de realçar que o teletrabalho e o trabalho flexível estão entre os benefícios mais valorizados pelos empregados, de acordo com este novo guia. Só o seguro de saúde é mais popular entre os trabalhadores.
Menos abertos a mudar de emprego
Apesar das incertezas e dos desafios, as contratações não deverão arrefecer este ano. “A esmagadora maioria (82%) dos mais de 900 empregadores que participaram no inquérito têm planos de contratar para as suas equipas este ano”, assinala a Hays, sendo que esse valor é idêntico ao registado em 2024.
“No entanto, este poderá ser um dos anos mais difíceis de sempre em termos de atração de talento, já que do lado dos profissionais, a disponibilidade para uma mudança de emprego caiu drasticamente“, alerta a empresa de recursos humanos.
Enquanto em 2024, 77% dos profissionais estavam abertos a mudar de emprego, este ano 68% mostram essa disponibilidade. “Trata-se do valor mais baixo alguma vez verificado nos nossos inquéritos, desde o ano 2011″, assinala a Hays.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
Maioria das empresas conta dar aumentos salariais até 5% este ano
{{ noCommentsLabel }}