Farfetch reduz “drasticamente” prejuízos para 32 milhões no primeiro ano em mãos coreanas
Coupang defende as decisões "difíceis" tomadas ao longo do último ano, que envolveram um duro plano de despedimentos, destacando que "as perdas diminuíram drasticamente". "Os números falam por si".
O duro plano de reestruturação na Farfetch implementado ao longo do último ano pela Coupang começa a mostrar resultados. Comprada pelo grupo sul-coreano no final de janeiro do ano passado por 500 milhões de dólares, a empresa de comércio eletrónico criada pelo português José Neves caminha a passos largos para voltar a dar lucros, mostrando uma “trajetória positiva” trimestre após trimestre.
O marketplace de bens de luxo fechou 2024 com receitas de 1,7 mil milhões de dólares e conseguiu reduzir os prejuízos para 34 milhões de dólares (32,4 milhões de euros), revelou a Coupang. “As perdas da Farfetch diminuíram drasticamente, atingindo um ponto de breakeven”, adiantou o líder da empresa, Bom Kim, numa conferência após a divulgação de resultados, confirmando a evolução positiva já antecipada na apresentação de resultados do terceiro trimestre, período em que os prejuízos da Farfetch encolheram para dois milhões.

A Farfetch não chegou a divulgar os resultados de 2023. As últimas contas conhecidas publicamente são referentes ao primeiro semestre de 2023, com a companhia a revelar nessa altura prejuízos de 281,34 milhões de dólares. Esse foi o último relatório conhecido antes de a empresa cancelar a divulgação dos números do terceiro trimestre — um acontecimento que precipitou a queda a pique das ações, levantando preocupações sobre a sustentabilidade financeira da companhia. Que se viriam a confirmar no final desse ano, com o empresário José Neves a ser forçado a fechar um acordo para vender a tecnológica e evitar o seu colapso.
Agora, o novo dono da Farfetch realçou que esta “reviravolta significativa foi alcançada com uma perda mínima de escala“, defendendo as “decisões difíceis” tomadas “com o objetivo de simplificar as operações e reorientar as equipas nas duas únicas coisas que realmente importam: experiência do cliente e excelência operacional”. “Os resultados falam por si”, rematou.
A aquisição da Farfetch pela Coupang por 500 milhões de dólares ficou fechada no final de janeiro de 2024, com os novos donos a anunciarem logo de seguida um plano de reestruturação que incluía a redução de 25% a 30% dos trabalhadores a nível global.

No mesmo dia em que foram comunicados os despedimentos foi também anunciada a saída de José Neves do cargo de CEO, assim como outros oito diretores da empresa. A liderança ficou entregue a Bom Kim e à sua equipa executiva. O líder da empresa, que já tinha defendido que comprar a Farfetch por 500 milhões de dólares revelou-se uma “oportunidade” para adquirir a tecnológica por “um preço muito atrativo”, voltou a defender o negócio.
“Quando adquirimos a Farfetch no início de 2024, esta perdia centenas de milhões de dólares anualmente e enfrentava métricas de crescimento em declínio. No entanto, neste desafio vimos uma oportunidade rara: a Farfetch era líder do setor, com cerca de 4 mil milhões de dólares em volume de transações anuais e uma marca global em moda de luxo”, argumentou.
Quando adquirimos a Farfetch no início de 2024, esta perdia centenas de milhões de dólares anualmente e enfrentava métricas de crescimento em declínio. No entanto, neste desafio vimos uma oportunidade rara.
Bom Kim detalhou ainda que “no ano desde a aquisição, a equipa aplicou a mesma execução incansável e disciplinada que define as operações da Coupang”, acrescentando que “a Farfetch continua a atrair 49 milhões de visitantes mensais em mais de 190 países ao redor do mundo”.
Além do plano de despedimentos, ao longo dos últimos meses, a Coupang desinvestiu na FPS (Farfetch Platform Solutions), vendeu a retalhista de luxo Violet Grey, que tinha comprado em 2022 por mais de 50 milhões de dólares, e no final do ano foi a vez da Wannaby, conhecida como Wanna, ser vendida à Perfect Corp.
Houve mudanças no portefólio de marcas detidas pela Farfetch, mas também em termos de distribuição das equipas, com a transferência de algumas para Guimarães, onde a empresa concentra a maior parte da equipa nacional.
Já depois de ter encerrado os escritórios em Braga e no Porto (Avenida da Boavista), também fechou o Centro de Creative Operations (CrOps), em Leça do Balio, Matosinhos. Essas pessoas foram transferidas para o vimaranense Avepark, como escreveu o ECO. Apesar do encerramento da unidade de operações em Matosinhos, a Farfetch manteve operações nesta localização, embora mais curtas.

Após todas estas mudanças, que permitiram reduzir custos e colocar a empresa rumo à rentabilidade, Bom Kim mostra-se otimista para o futuro. Diz ter a expectativa que a Farfetch continue a contribuir positivamente para os resultados da Coupang, que encerrou o ano com vendas recorde na casa dos 30 mil milhões de dólares.
“Embora estejamos orgulhosos do que a equipa Farfetch conseguiu até agora, estamos ainda mais entusiasmados com o potencial da equipa para desenvolver esta base promissora para fornecer inovações que transformarão a experiência do cliente no comércio global de luxo”, concluiu o gestor.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
Farfetch reduz “drasticamente” prejuízos para 32 milhões no primeiro ano em mãos coreanas
{{ noCommentsLabel }}