IL copia Trump e propõe criar departamento de eficiência governamental
Rui Rocha entende que neste momento as questões da governabilidade são muito importantes para o país, mas garante que o seu partido é responsável e que "não passa cheques em branco".
“Queremos um departamento de eficiência governamental que traga, com racionalidade e bom senso, ganhos de eficiência que depois permitam aos portugueses ter uma vida diferente“, disse Rui Rocha, em entrevista à RTP esta quarta-feira.
Segundo o líder da Iniciativa Liberal (IL), as questões relacionadas com a reforma do Estado são “muito importantes”, pelo que o partido vai apresentar uma medida que passa pela criação de um departamento de eficiência governamental, uma figura que tem causado polémica nos EUA – criado por Donald Trump e liderado por Elon Musk, o DOGE tem anunciado a eliminação de milhares de empregos públicos e cortes orçamentais significativos em vários áreas e agências norte-americanas.
Rui Rocha espera que este ‘DOGE português’ “olhe para a função pública, para a avaliação, compensação, prémios, carreiras, tudo isso, para trazer eficiência para o Estado”.
Ainda que tenha piscado o olho a esta medida de Trump, o líder dos liberais afastou-se da gestão do presidente argentino. Javier Milei “é um liberal clássico”, diz Rui Rocha, que admite “alguns pontos de contacto” com as políticas argentinas, como a “economia e o crescimento devem estar no centro da ação política”. Mas nega que seja possível comparar a realidade da Argentina e Portugal.
A IL não nega também que possa haver um entendimento com a Aliança Democrática após as eleições, mas sublinha que “não passa cheques em branco a ninguém”. Questionado sobre um possível entendimento com a AD, Rui Rocha disse que neste momento as questões da governabilidade são muito importantes e que não se pode entrar numa “dinâmica sucessiva de eleições”, pois isso iria atrasar “ainda mais o país”.
“Mas somos um partido responsável e que não passa cheques em branco a ninguém”, pelo que, “quando chegar o momento” a IL terá de avaliar duas “questões essenciais”: a primeira mais programática, em termos de decisões e medidas propostas, e uma segunda relacionada com “questões de credibilidade para desenvolver essas medidas”.
A Iniciativa Liberal, “como partido responsável, não pode suportar nas suas costas as questões de responsabilidade que dizem respeito à AD neste momento. A AD é que tem de se mostrar à altura das circunstâncias, com propostas e com credibilidade para pôr em prática essas propostas”, afirmou Rui Rocha, acrescentando que “não tem a certeza” que os dois partidos estejam mais próximos.
Defendendo que esta é a altura de focar no país, nas decisões e nas questões políticas, Rui Rocha apontou ainda algumas “matérias fundamentais” onde os dois partidos divergem.
Enunciando desde logo a habitação, o presidente da IL apontou que a AD tinha no seu programa eleitoral a redução do IVA no setor da construção mas que depois votou contra e não viabilizou quando a IL avançou com essa proposta no parlamento. Mas também a proposta da IL para ajudar proprietários a colocar casas no mercado de arrendamento – nomeadamente baixando a tributação – foi chumbada pela AD, apontou Rui Rocha.
Outra “questão muito importante” para a IL passa por uma mudança do sistema eleitoral no país, pois com o sistema em vigor existem “cidadãos portugueses de primeira e de segunda” e “muitos círculos eleitorais em que o voto não serve para eleger ninguém”, disse Rui Rocha. “Para nós isso é fundamental mas para a AD não está nas prioridades”, acrescentou.
“A AD não tinha um programa ambicioso, como nós entendemos, e depois nem se quer o cumpriu”, disse ainda.
Outra divergência é com o caso da empresa familiar de Luís Montenegro. Rui Rocha quer “um esclarecimento total” do primeiro-ministro, ainda que tenha dúvidas sobre o instrumento da comissão parlamentar de inquérito (CPI). E questiona o que fará Montenegro, se a AD voltar a vencer, se tiver de enfrentar uma CPI. “Demite-se? Volta a fazer uma moção de confiança? Vai a levar o país, outra vez, para uma situação de instabilidade?”, pergunta.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
IL copia Trump e propõe criar departamento de eficiência governamental
{{ noCommentsLabel }}