Fábrica da Indorama em Sines fecha este mês

  • Lusa
  • 20 Março 2025

Os 60 trabalhadores “receberam um documento a dizer que a fábrica iria encerrar a 31 de março”. Empresa estava em lay-off desde setembro de 2023.

A fábrica do setor químico Indorama Ventures, no Complexo Industrial de Sines, distrito de Setúbal, vai encerrar no final deste mês, após um ano em lay-off, deixando 60 trabalhadores no desemprego, revelou fonte sindical esta quinta-feira.

Em declarações à agência Lusa, Hélder Guerreiro, do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Sul (SITE-Sul), revelou que, “há cerca de uma semana”, os trabalhadores “receberam um documento a dizer que a fábrica iria encerrar a 31 de março”. O dirigente sindical disse que este é o desfecho “há muito antecipado” pelo SITE-SUL.

Desde o início do lay-off, em setembro de 2023, o sindicato alertou para a possibilidade de encerramento desta unidade, manifestando preocupação “pelo futuro dos trabalhadores” e “destruição da capacidade produtiva do país”, acrescentou. O lay-off na fábrica de Sines da multinacional tailandesa Indorama Ventures arrancou no início de outubro de 2023, durante seis meses renovável por igual período, com o pagamento de 66% do salário atual dos trabalhadores, e terminou em outubro de 2024.

Em junho de 2024, apenas “metade dos cerca de 130 trabalhadores” abrangidos pelo lay-off mantinham-se nessa situação. “Em outubro de 2024, os trabalhadores que mantinham o vínculo à empresa foram chamados para desempenhar as funções normais, mas desde novembro que estão nos seus postos de trabalho com a fábrica parada”, precisou Hélder Guerreiro.

O sindicalista explicou que “estão a decorrer negociações nos termos que a lei prevê para cessação dos postos de trabalho” e acrescentou que os trabalhadores “têm direito, nos termos do acordo de empresa, a um salário por cada ano de antiguidade, formação e seguro de saúde”.

Além do fecho e do despedimento dos trabalhadores, o dirigente do SITE-Sul apontou para a possibilidade de a fábrica de Sines da Indorama “vir a ser deslocalizada”. “Apesar de a Indorama não querer continuar a laborar nesta fábrica, era importante que essa instalação ficasse no concelho ou fosse vendida ou cedida a outra empresa, mantendo a questão da produção e, porventura, até dos salários”, defendeu.

Por isso, o SITE-Sul apelou ao Governo e ao presidente da Câmara de Sines, Nuno Mascarenhas, para “que tenha palavra e a possa usar contra mais um crime contra a produção nacional e no sentido da desindustrialização do país e da região”. Num comunicado divulgado também hoje, o PCP lamentou o encerramento definitivo desta fábrica e manifestou a sua solidariedade para com os trabalhadores, referindo tratar-se de “mais um capítulo negro da desindustrialização do país e de destruição social”.

No documento, os comunistas lembraram que, “após um ano de lay-off, suportado por verbas da Segurança Social, não houve nenhum resultado positivo, nem para os trabalhadores, nem para o país”, e criticaram “a displicência com que são aplicados os fundos destinados a pagar prestações sociais e reformas”.

A empresa tailandesa Indorama Ventures adquiriu, em novembro de 2017, a antiga fábrica da Artlant, unidade industrial ligada à área petroquímica instalada no Complexo Industrial de Sines, num investimento de 28 milhões de euros. A Artlant, que tinha a Caixa Geral de Depósitos (CGD) como principal credora, foi declarada insolvente pelo Tribunal de Lisboa em julho de 2017, dois anos após entrar em Processo Especial de Revitalização (PER).

A Indorama fabrica ácido tereftálico purificado, utilizado para a produção de politereftalato de etileno (PET), componente base no fabrico de embalagens de plástico para uso alimentar (como garrafas para bebidas), e tem uma capacidade produtiva de 700 mil toneladas por ano.

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