Centeno prevê “contração da economia” devido à guerra das tarifas
O governador do Banco de Portugal alertou também para um "impacto ambíguo nos preços".
O governador do Banco de Portugal previu esta quarta-feira uma “contração da economia” em resultado da guerra comercial desencadeada pelos EUA.
No dia em que entrou em vigor uma nova bateria de tarifas dos EUA contra alguns dos seus principais parceiros comerciais, incluindo a União Europeia, e marcado pela escalada da guerra comercial na frente sino-americana, Mário Centeno considerou que o choque provocado pela Administração norte-americana “põe de lado cinco séculos de desenvolvimento económico global”.
“As tarifas são um imposto e são uma barreira à economia”, defendeu Mário Centeno numa intervenção na abertura das XXV Jornadas da Associação Nacional dos Doentes com Artrite Reumatóide, em declarações transmitidas pela RTP3. O governador advertiu que o novo panorama no comércio internacional “pode ter um impacto ambíguo nos preços”.
“Nós vamos assistir a uma contração da economia. Vamos assistir a uma resposta inicial que é pautada pela ineficiência, porque vamos tentar fazer as mesmas coisas com novas restrições e, portanto, vamos fazer de forma menos eficiente o que fazíamos até aqui. Isto vai ter um impacto negativo na atividade económica e pode ter um impacto ambíguo nos preços”, notou.
Ainda assim, Centeno deixou uma mensagem de otimismo, lembrando que “as empresas portuguesas conseguiram encontrar mercados de destino alternativos” durante outras grandes crises internacionais. Mas “não deixa de ser um desafio”, assumiu o governador.
As tarifas são um imposto e são uma barreira à economia. Uma barreira à economia que põe de lado cinco séculos de desenvolvimento económico global. Nós vamos assistir a uma contração da economia, vamos assistir a uma resposta inicial que é pautada perla ineficiência.
As declarações do antigo ministro das Finanças de Portugal e ex-presidente do Eurogrupo foram proferidas horas depois de terem entrado em vigor as tarifas recíprocas dos EUA, incluindo uma taxa adicional de 20% sobre os bens importados da União Europeia e de 104% sobre os produtos vindos da China, depois de Pequim ter retaliado contra as primeiras tarifas de 34% anunciadas no dia 2 de abril por Donald Trump.
Já esta quarta-feira, o regime de Xi Jinping contra-atacou e anunciou um aumento das tarifas sobre as importações de bens norte-americanos para 84%. O anúncio de Pequim surgiu pouco depois de os Estados-membros da União Europeia terem aprovado tarifas de 25% sobre um conjunto de importações norte-americanas, em retaliação contra as taxas anteriormente anunciadas pelos EUA sobre o aço e o alumínio.
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