António Mota deixa vice-presidência da Mota-Engil. Conselho de administração reduzido para 15 membros

Renúncia do histórico empresário, que assumiu a presidência da Mota-Engil entre 1995 e 2023, apresentada esta terça-feira. Quatro vogais estão também de saída, entrando apenas o chinês Li Guangming.

8ª edição da conferência anual do ECO "Fábrica 2030"
Carlos Mota Santos e António MotaHugo Amaral/ECO

António Mota vai deixar o cargo de vice-presidente do conselho de administração da Mota-Engil. A informação consta de um comunicado da construtora enviado esta terça-feira à CMVM relativo à convocatória para a assembleia-geral de acionistas, agendada para 15 de maio.

A renúncia do histórico empresário nortenho, que assumiu a presidência da Mota-Engil entre 1995 e janeiro de 2023, quando entregou a liderança ao sobrinho Carlos Mota Santos, foi apresentada esta terça-feira numa carta dirigida ao presidente do conselho de administração.

Além de António Mota, estão igualmente de saída dos cargos de vogais Ana Paulo Sá Ribeiro, Vai Tac Leong, Feng Tian e João Pedro Parreira. Em sentido contrário, os acionistas vão votar no próximo mês a entrada do chinês Li Guangming na administração para o mandato em curso, que termina em 2026.

Com formação em Contabilidade/Engenharia no departamento de Finanças e Economia do Changsha Jiaotong College e um mestrado em Engenharia de Transportes na Universidade de Hohai, a empresa destaca no percurso profissional de Li Guangming a direção-geral do departamento financeiro da CCCC Malaysia East Coast Railway Project.

Há um ano, o board tinha sido alargado de 17 para 19 elementos, com a entrada da advogada ruandesa Clare Akamanzi e de Guangsheng Peng, chairman e presidente da CCCC Overseas Treasury Management. Agora, com estas cinco saídas e apenas uma entrada, baixa para 15 o número de administradores até ao final do mandato.

Com estas mudanças a meio do mandato, o board passa a ter apenas dois vice-presidentes: Gonçalo Moura Martins (ex-CEO) e Jingchun Wang. No lote de vogais destacam-se nomes como os de Manuel Mota e José Carlos Nogueira, assim como dos independentes Francisco Seixas da Costa, Isabel Vaz, Sofia Salgado Cerveira Pinto e Paulo Portas.

Em 2024, a Mota-Engil registou o melhor resultado de sempre. O lucro da construtora subiu para 123 milhões de euros, mais 8% do que no ano anterior, e levou a empresa a rever em alta os objetivos para os próximos cinco anos. O conselho de administração propõe um dividendo de 0,1497 euros por ação.

“Derrota monumental” por não ter obra em Espanha

António Manuel Queirós Vasconcelos da Mota nasceu em 1954 em Amarante, em criança sonhava ser bombeiro, polícia e engenheiro, mas acabou por tornar-se empresário. Licenciou-se em Engenharia Civil pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e iniciou a sua carreira em 1976 como estagiário na Mota & Companhia, exercendo atividade em diversas direções operacionais da empresa.

Em 1981 assumiu a direção geral da Mota & Companhia e em 1995 sucedeu ao pai ao assumir a presidência da empresa fundada em 1946. António Mota foi considerado o líder e promotor de uma estratégia de internacionalização que elevou a Mota-Engil a tornar-se uma das 25 maiores construtoras europeias.

Após a fusão dos grupos Mota e Engil, no ano de 2000, assumiu a presidência da Mota-Engil SGPS, cargo que exerceu até janeiro de 2023. Em dezembro, António Mota foi distinguido com o prémio Lifetime Achievement na conferência Fábrica 2030. O galardão, entregue pelo ECO, pretende distinguir os empresários que assumem riscos, criam valor e contribuem para o crescimento económico e prosperidade do país.

Nessa altura, confessou ter “uma derrota monumental na vida”, que foi “nunca [ter] conseguido entrar” em Espanha. “Na construção, trabalhamos na África toda, mas nunca estivemos em Espanha. (…) Temos de arranjar forma de irmos para lá ou eles não virem para cá”, referiu o empresário, no discurso proferido na Alfândega do Porto.

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