Extrema-direita transforma celebração de Abril em confronto
O 25 de Abril em Lisboa foi palco de celebrações e caos. Enquanto milhares festejaram, um grupo de apoiantes da extrema-direita desafiou a ordem pública, provocando confrontos na zona do Rossio.
As celebrações do 25 de Abril estão a ser marcadas por um ambiente tenso em Lisboa, com milhares de pessoas a descerem a Avenida da Liberdade para celebrar o 51.º aniversário da Revolução dos Cravos, enquanto, a escassas centenas de metros, confrontos entre manifestantes de extrema-direita e a polícia resultaram na detenção de Rui Fonseca e Castro, líder do partido Ergue-te, e de Mário Machado, figura conhecida da extrema-direita nacional.
Desde as 15 horas, uma multidão respondeu ao apelo da Associação 25 de Abril e de diversos partidos de esquerda para participar no tradicional desfile comemorativo, que este ano decorre sob o peso do luto nacional pela morte do Papa Francisco.
A Avenida da Liberdade encheu-se de cravos vermelhos, bandeiras de Portugal, palavras de ordem e um ambiente de festa, com o desfile a avançar lentamente desde o Marquês de Pombal até ao Rossio, mantendo viva a memória da conquista da democracia em 1974.
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Em paralelo, a zona do Rossio tornou-se palco de tensão. Apesar da proibição da manifestação nacionalista convocada pelo Ergue-te e outros grupos de extrema-direita para o Martim Moniz — decisão tomada pela PSP e seguida pela Câmara de Lisboa devido ao risco de perturbação da ordem pública — os organizadores insistiram em sair à rua.
A concentração acabou por se deslocar para o Largo de São Domingos, onde a polícia interveio para impedir a realização do protesto. A recusa em abandonar o local levou à detenção de Rui Fonseca e Castro, que, perante o aviso das autoridades de que incorria num crime de desobediência, afirmou: “Só saio daqui algemado”.
A sua detenção, assim como a de Mário Machado, gerou momentos de forte tensão, com cargas policiais e gritos de protesto dos apoiantes dos grupos de extrema-direita, obrigando à criação de um perímetro de segurança para evitar confrontos diretos com os restantes manifestantes.
O 25 de Abril de 2025 fica assim marcado por uma forte adesão popular às celebrações da democracia, mas também pela evidência de clivagens políticas e sociais que continuam a atravessar o país.
Enquanto milhares celebram a liberdade conquistada em 1974, as autoridades são chamadas a gerir o equilíbrio delicado entre o direito à manifestação e a manutenção da ordem pública, num dia que, mais do que nunca, coloca à prova os valores da democracia portuguesa.
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