Mauritano Sidi Ould Tah eleito presidente do Banco Africano de Desenvolvimento

  • Lusa
  • 29 Maio 2025

Sidi Ould Tah foi eleito na terceira ronda de votação do Conselho de Governadores do BAD com 72,37% dos votos do continente (54 países) e 76,18% dos votos totais.

O Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) elegeu esta quinta-feira o mauritano Sidi Ould Tah como novo presidente desta instituição financeira multilateral, após votação do Conselho de Governadores dos 81 Estados-membros, incluindo Portugal.

Sidi Ould Tah foi eleito na terceira ronda de votação do Conselho de Governadores do BAD com 72,37% dos votos do continente (54 países) e 76,18% dos votos totais (incluindo os 27 países extra continentais). Na corrida estavam também as candidaturas de Amadou Hott (Senegal), Samuel Maimbo (Zâmbia), Abbas Tolli (Chade) e Bajabulile Tshabalala, a única mulher, (África do Sul).

Sidi Ould Tah, 60 anos, presidiu durante 10 anos, até abril, a outro banco multilateral, o Banco Árabe para o Desenvolvimento Económico de África (BADEA), sedeado em Riade, na Arábia Saudita. Apresenta-se como o responsável pela transformação do Badea de uma instituição “desconhecida pelas agências de notação de risco” numa das instituições de desenvolvimento mais bem cotadas em África.

Foi ministro da Economia da Mauritânia (2008 a 2015) e inclui “proficiência” em língua portuguesa no seu perfil. Na campanha, defendeu “uma profunda reforma interna do BAD”, com “descentralização, transformação digital e gerido por objetivos”.

“Ao alinhar a cultura institucional com os objetivos de África, o banco transforma-se em mais do que um financiador, passa a ser um catalisador de transformação”, referiu. A nova presidência do BAD, que entrará em funções em setembro, vai enfrentar cortes à ajuda internacional de que a instituição precisa.

O Comité de Ajuda ao Desenvolvimento (CAD) da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) estima uma queda da ajuda ao desenvolvimento de entre 9% e 17% este ano, relativamente ao ano 2024 – que, já por si, foi um ano de queda, após cinco de crescimento contínuo.

Nestas reduções, incluem-se transferências para instituições multilaterais (como o BAD e seus instrumentos) por parte dos EUA, um dos principais doadores globais, entre outros. A nova liderança terá de encontrar soluções, seja com novas conversas com os parceiros tradicionais, procurando outros parceiros ou negociando maiores contribuições dos países membros.

Um dos desafios está aí à porta: a próxima recapitalização do Fundo Africano de Desenvolvimento (FAD), fonte de financiamento a baixo custo para os países mais pobres, que deverá acontecer até final do ano. “Vai ocorrer num momento crítico para África: exorto os parceiros internacionais a comprometerem-se com uma reposição robusta”, referiu Akinwuni Adesina, presidente cessante, num dos mais recentes relatórios de atividades.

A última recapitalização, em 2022, foi de 8,9 mil milhões de dólares (7,8 mil milhões de euros) e a ambição já expressa apontava agora para 25 mil milhões de dólares (22 mil milhões de euros) este ano. Poucos minutos depois de conhecido o resultado da votação, Sidi Ould Tah deslocou-se à sala onde decorreu a sessão do Conselho de Governadores para uma breve intervenção que incluiu vários agradecimentos, incluindo ao seu país (Mauritânia) e à sua equipa de candidatura.

“Agora vamos por mãos à obra, estamos prontos”, referiu o novo presidente do BAD. Na terceira votação em que Sidi Ould Tah conquistou a “dupla maioria” (do continente e dos votos totais), Samuel Maimbo (Zâmbia) ficou em segundo com 22% e 20%, respetivamente, e, em terceiro, Amadou Hott (Senegal), com menos de 5% de ambos os lados.

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