Isaltino Morais: “O almirante não tem a manha de Marques Mendes”
Presidente da Câmara de Oeiras foi afastado das autárquicas pelo PSD de Marques Mendes há 20 anos. Em declarações neste sábado, explica apoio a Gouveia e Melo e critica o adversário do almirante.
O presidente da Câmara Municipal de Oeiras explicou esta manhã, na antena da SIC Notícias, a sua posição a favor da candidatura de Henrique Gouveia e Melo à Presidência da República, e não poupou nas palavras para criticar aquele que é, até ao momento, o maior adversário do almirante nas urnas.
“O almirante não tem a manha do doutor Marques Mendes. O doutor Marques Mendes é um político com toda a manhosidade”, afirmou Isaltino Morais, a quem o antigo presidente do PSD retirou a confiança política aquando das eleições autárquicas de há exatamente 20 anos.
Em maio de 2005, Isaltino Morais, Valentim Loureiro e Pedro Santana Lopes viram a direção de Marques Mendes impedir que se apresentassem como candidatos autárquicos pelo PSD, o que não impediria Isaltino Morais de se propor a Oeiras enquanto independente e vencer, com 34,5% dos votos. Apesar de superar em cerca de dois pontos percentuais a social-democrata Teresa Zambujo, o movimento “Isaltino, Oeiras Mais à Frente” e o PSD empataram no número de mandatos, quatro para cada um, num total dos onze da autarquia, que era então liderada pelo PSD, ininterruptamente e com Isaltino, desde 1985.
“Eu tive um problema com o doutor Marques Mendes, mas isso foi há tantos anos… estive no futebol [na final da Taça de Portugal, disputada a 25 de maio último], ele estava lá e até me senti incomodado, porque estivemos muito próximos um do outro e não falámos um com o outro”. Prosseguindo nas declarações ao canal televisivo, neste sábado, o autarca diz: “Claro que se ele fosse eleito Presidente da República eu teria que o cumprimentar”.
Isaltino Morais não poupou nas palavras contra o candidato apoiado pelo PSD, embora frisando não guardar qualquer rancor do episódio de há 20 anos (após o qual o autarca esteve preso durante 14 meses).
“É a maneira de ser dele. Ele construiu a sua carreira política dentro daquilo que são as virtudes e os vícios dos partidos políticos, e numa determinada altura utilizou as questões relativas à ética para vetar determinados candidatos. Durante muito tempo, pelos vistos, ele conviveu muito bem comigo em termos éticos, designadamente enquanto o presidente da Câmara de Oeiras lhe atribuía determinados cargos. Depois, a partir de determinado momento, razões éticas levaram-no a afastar-me das autárquicas. Mas isso passou, não tenho qualquer rancor”.
Antes de passar à defesa do candidato que apoia, o presidente de Oeiras ainda atirou a Marques Mendes: “Cada um tem a sua ética e a ética só serve em determinadas circunstâncias”.
Em contraponto com a experiência política de ex-presidente do PSD e ex-ministro de Cavaco Silva, o almirante candidato a Belém “foi chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas e fez uma carreira brilhante”, diz o seu há muito assumido apoiante.
Perante as várias contradições já manifestadas por Gouveia e Melo na praça pública – designadamente a afirmação, em 2021, de que “a democracia não precisa de militares” e, num tom de graça, de que se viesse a ser candidato a Belém lhe deveriam dar uma corda para se enforcar – Isaltino Morais defende que “a dinâmica política hoje em dia é muito acelerada”. Em consequência, “gera-se uma dinâmica que empurra as pessoas, se elas se sentirem com condições para assumir determinadas responsabilidade”. Por fim diz mesmo: “não há contradição nenhuma”.
Marques Mendes “é um candidato redutor, quer se queira, quer não, é um candidato do PSD”. Já a candidatura de Gouveia e Melo “emanou do povo, de baixo para cima. Gradualmente, o almirante Gouveia e Melo foi-se apercebendo da adesão popular a uma eventual candidatura”.
“Henrique Gouveia e Melo é candidato a Presidente da República, não tem nada a ver com partidos políticos. Há garantia, indiscutivelmente, de que será um Presidente imparcial e independente. Não passa de mais um anátema a querer ser lançado que o almirante Gouveia e Melo pretende alterar o regime. Há outras pessoas que querem alterar o regime, e dizem que querem alterar o regime. Não é o caso”, assegura Isaltino Morais.
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