Custo, tempo e falta de incentivos travam aprendizagem contínua
Novo estudo indica que quase nove em cada dez portugueses consideram a aprendizagem ao longo da vida importante para o desenvolvimento profissional, mas há obstáculos, como o custo e o tempo exigido.
Quase nove em cada dez portugueses reconhecem a importância da aprendizagem ao longo da vida, de acordo com um novo estudo. Mas apontam obstáculos a essa aposta, como os custos, a falta de incentivos e o tempo necessário para levar a cabo estas ações de formação.
O estudo “Tomorrow’s Skills” tem por base as respostas de 15 mil pessoas de 15 países, das quais mil em Portugal. Ora, nessa centena de inquiridos portugueses, 86% consideram a aprendizagem ao longo da vida “bastante ou muito importante” para o seu desenvolvimento pessoal, sendo essa das maiores fatias entre os vários países analisados.
Os portugueses identificam como áreas chave a tecnologia e digitalização, as línguas, a saúde e bem-estar, as soft skills e as ferramentas de trabalho.
“Este relatório revela que o paradigma tradicional de estudar apenas uma vez na vida já não é suficiente num mundo em constante mudança económica, tecnológica e social”, é explicado, numa nota enviada às redações.
No entanto, uma parte relevante dos portugueses aponta também entraves à aposta na formação. De acordo com este estudo, 47% dos inquiridos em Portugal apontam o custo como barreira à aprendizagem ao longo da vida, seguindo-se o tempo (26% dos inquiridos), a falta de incentivos ou reconhecimento (24%), a falta de compromisso ou apoio das empresas (24%) e a falta de interesse das empresas (21%).
Principais barreiras:
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47% Custo;
26% Tempo;
24% Falta de incentivos ou reconhecimento;
24% Falta de compromisso ou apoio da empresa;
21% Falta de interesse da empresa.
Estas duas últimas barreiras são particularmente relevantes, tendo em conta que quase metade dos inquiridos portugueses (48%) consideram que deve caber às empresas garantir a formação ao longo da vida. Em contraste, só 23% indicam que essa aprendizagem é da responsabilidade dos próprios e 28% indicam o setor público como o responsável.
Empregabilidade e eficiência motivam aposta
Por outro lado, quanto às principais razões para apostar na aprendizagem contínua, 37% indicam a necessidade de se adaptarem a mudanças no mercado de trabalho e às novas tecnologias, enquanto 35% identificam o aumento da eficiência e produtividade no local de trabalho.
Já três em cada dez (30%) dos portugueses ouvidos acreditam que devem abraçar a formação, como forma de impulsionar a empregabilidade e a sua competitividade profissional, enquanto 27% sublinham que aprender adiciona-lhes valor dentro das organizações. Por outro lado, 26% indicam como motivo o desenvolvimento de uma mentalidade de aprendizagem contínua.
Principais motivos:
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37% Adaptar-se a mudanças no mercado e a novas tecnologias;
35% Aumentar eficiência e produtividade;
30% Impulsionar empregabilidade;
27% Somar valor dentro da organização;
26% Desenvolvimento uma mentalidade de aprendizagem contínua.
Quanto ao futuro do trabalho, entre os portugueses ouvidos, a maioria (81%) considera que a aprendizagem ao longo da vida será vital e, embora reconheça que surgirão empregos novos, está confiante na sua capacidade de continuar competitivo no mercado de trabalho (74%). Ainda assim, 64% admitem que “subir” a escada corporativa — isto é, progredir na carreira — deverá tornar-se mais difícil.
E no que diz respeito às disciplinas que serão mais procuradas na aprendizagem contínua nos próximos cinco ano, a Inteligência Artificial e a ciência dos dados aparecem em destaque, a par da tecnologia e digitalização, da saúde e bem-estar, da sustentabilidade e da gestão.
Metade dos portugueses acredita que a experiência prática e a formação não formal (autodidatismo, cursos, workshops) serão mais importantes que os diplomas formais.
“O relatório indica ainda que metade dos portugueses acredita que a experiência prática e a formação não formal (autodidatismo, cursos, workshops) serão mais importantes que os diplomas formais, evidenciando a necessidade de adaptação a um mercado em constante transformação”, é realçado em comunicado.
A propósito, nos 15 países analisados no “Tomorrow’s skills”, Portugal destaca-se (juntamente com Itália e Espanha) como um dos países com opinião mais favorável em relação às plataformas digitais de aprendizagem e desenvolvimento profissional: mais de metade (57%) dos inquiridos consideram o impacto destas plataformas como muito positivo e 65% mostram abertura para utilizar este tipo de plataformas.
Este relatório foi apresentado este mês pela presidente do Banco Santander, Ana Botín, num evento em que participou também a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola.
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