Envolver as empresas na estratégia de mobilidade para a descarbonização

Susana Castelo é a convidada do ECO Auto, um podcast sobre o futuro da mobilidade, numa parceria do ECO com o Mundo Automóvel. Licenciada em Engenharia do Território, consultora em transportes e inovação de sistemas, fala-nos sobre os desafios da descarbonização sublinhando a importância de envolver as empresas na estratégia de mobilidade: “Na União Europeia, os transportes são responsáveis por cerca de 25% das emissões de CO2, sendo um dos setores em que não se estão a verificar reduções significativas das emissões”. As viagens por trabalho representam uma fatia substancial da mobilidade, e por isso, é importante que as empresas sejam envolvidas no processo de promoção da sustentabilidade, nomeadamente no quadro dos princípios ESG e recomenda o desenvolvimento de um Plano de Mobilidade Empresarial como instrumento fundamental para compreender as deslocações pendulares dos trabalhadores, calcular a pegada carbónica da mobilidade, avaliar o nível de adequação da oferta de transportes face às suas necessidades e influenciar a sua mobilidade.

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Outra vertente da mobilidade que impacta na descarbonização é a deslocação para as escolas, sendo que 51% das crianças em Portugal realizam as deslocações para a escola de carro. Em 2011, eram 47%, o que demonstra que não houve avanço na alteração dos padrões de deslocação das crianças e adolescentes. Apesar de existirem várias razões para os pais preferirem o transporte privado talvez a principal seja a segurança, mas também pela falta de regularidade e pontualidade dos transportes públicos. Susana Castelo destaca neste particular os projetos de promoção da mobilidade escolar sustentável nos municípios portugueses onde foram realizados inquéritos com resultados animadores: 80% dos encarregados de educação participantes estão disponíveis para adotar uma solução de transporte público caso seja pontual, confiável, gratuito e com monitorização da chegada dos alunos à escola.

Portugal comprometeu se a a atingir a neutralidade carbónica até 2050, reduzir os acidentes rodoviários a praticamente zero e garantir até 2030 que 7,5% das deslocações sejam de bicicleta (10% nas áreas urbanas) e que 35% sejam a pé, objetivos ambiciosos mas fundamentais para transformar as cidades em espaços mais saudáveis e agradáveis de viver. Considera por isso que a aposta no transporte público deverá ser reforçada com a criação de corredores dedicados para responder às necessidades e dá como exemplo de sucesso o passe ferroviário verde que trouxe impactos muito assinaláveis na utilização do comboio, provando que as pessoas com um preço atrativo e um bom serviço aderem ao transporte público. O modelo das cidades sustentáveis “do futuro” devem oferecer às crianças ruas mais seguras, bem-estar e segurança.

Susana Castelo considera ainda que os veículos autónomos podem melhorar a qualidade de vida nas áreas urbanas, em primeiro lugar a segurança rodoviária reduzindo o erro humano que é a principal causa de acidentes e a melhoria da fluidez do trânsito, contribuindo para a redução das emissões de gases poluentes.

O Podcast ECO Auto resulta de uma parceria com o Mundo Automóvel e está disponível no Spotify e na Apple Podcasts.

Assista ao episódio completo aqui:

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