“Não há ‘bros’ ou oligarcas a ditar regras na UE”, diz von der Leyen
Líder da Comissão Europeia assegura que a "Europa continua a ser um projeto de paz" e prova disso são os doze países que estão em lista de espera para se tornarem membros da UE.
A presidente da Comissão Europeia (CE) afirmou que as decisões na União Europeia são tomadas de forma democrática e que a “Europa continua a ser um projeto de paz”. “Não há ‘bros’ ou oligarcas a ditar regras na UE“, refere Ursula von der Leyen em entrevista ao jornal alemã Die Zeit.
“Não invadimos os nossos vizinhos e não os punimos”, refere a presidente do executivo comunitário, realçando que “há doze países na lista de espera para se tornarem membros da União Europeia – o que representa cerca de 150 milhões de pessoas”.
A líder da CE destaca alguma das razões que fazem a Europa ser atrativa: “Na Europa, as crianças podem frequentar boas escolas, independentemente da riqueza dos seus pais”, “temos emissões de CO2 mais baixas” e “debates polémicos são permitidos nas nossas universidades”.
“Esses e outros valores devem ser defendidos e demonstram que a Europa é mais do que uma união. A Europa é o nosso lar. E as pessoas sabem disso, sentem isso”, refere.
Desde que tomou posse em 2019, Ursula von der Leyer constata que o seu mandato não tem sido fácil, enumerando alguns acontecimentos como a pandemia de Covid-19, a guerra na Ucrânia, a pior crise energética com a Rússia a cortar o gás à Europa e agora a guerra comercial. “Houve uma crise atrás da outra”, afirma von der Leyen em entrevista ao Die Zeit.
“Todas essas são crises sérias e realmente desafiaram-nos, mas a Europa emergiu maior e mais forte de cada crise“, disse a presidente do executivo comunitário, realçando que “a Europa sempre administrou as crises como uma equipa”.
Defesa e competitividade são os grandes objetivos
A presidente da Comissão Europeia não tem dúvidas que a “Europa está desperta – bem desperta” e deixa claro que “é preciso avançar muito mais em duas áreas: construir nossa própria capacidade de defesa e melhorar nossa competitividade”.
Em março, von der Leyen divulgou o plano para mobilizar 800 mil milhões de euros para defesa europeia. A líder da CE destaca que “isto teria sido impensável há apenas alguns anos”.
Salientando “a grave natureza das ameaças” que a UE enfrenta, Ursula von der Leyen acrescentou que “a Europa está preparada para agir com a decisão e a velocidade requerida”, devendo responder a necessidades de curto e longo prazo.

Mais inovação e (muito) menos burocracia. Estas são as linhas orientadoras para a Comissão Europeia mitigar a perda de competitividade do bloco europeu face aos restantes mercados.
Em termos de competitividade económica estima-se que a UE tenha de investir 800 mil milhões de euros por ano, o equivalente a 4% do Produto Interno Bruto (PIB), para colmatar falhas no investimento e atrasos em termos industriais, tecnológicos e de defesa relativamente aos principais concorrentes, Estados Unidos e China.
Na quarta-feira a Comissão Europeia vai propor um orçamento da União Europeia (UE) 2028-2035 adaptado às novas prioridades de defesa e crescimento económico.
“Precisamos estabelecer relações comerciais mais amplas”
Numa altura em que os EUA anunciaram taxas de 30% contra a Europa a partir de 1 de agosto com tarifas de 30% e que Bruxelas já anunciou que vai voltar a contactar equipa americana porque “não quer uma guerra comercial com os EUA”, a líder da CE assume que o segundo mandato de Donald Trump trouxe “mudanças históricas”. Estas mudanças podem ser encaradas como um abrir olhos para a Europa “construir novas parcerias e estabelecer relações comerciais mais amplas”.
Von der Leyen contabiliza que 13% do comércio mundial é com os Estados Unidos e que 87% é com outros países. “Todos esses querem previsibilidade e regras confiáveis“, refere, destacando que a “Europa pode proporcionar isso”.
“A Europa é conhecida pela sua previsibilidade e confiança, o que está a começar a a ser visto novamente como algo muito valioso”, diz a presidente da Comissão Europeia, destacado que os Estados-membros “devem usar esse impulso para abrir novos mercados para as nossas empresas e estabelecer um relacionamento o mais próximo possível com muitos países que partilham os mesmos interesses que nós”.
A Europa é conhecida pela sua previsibilidade e confiança, o que está a começar a a ser visto novamente como algo muito valioso.
Por fim, alerta que a Europa “deve estar muito vigilante para que os produtos chineses não inundarem o mercado europeu devido à guerra comercial entre os EUA e a China”.
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