BRANDS' ECO “Se as árvores votassem, não teríamos governo”

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  • 29 Julho 2025

E se as árvores votassem? Foi este o mote do segundo episódio do podcast Da Floresta ao Futuro, powered by Navigator, onde foram sugeridas políticas públicas que poderiam ajudar na gestão florestal.

A falta de políticas públicas eficazes e de incentivos dedicados à floresta têm contribuído para o abandono progressivo dos territórios florestais, para a perda de biodiversidade e para o aumento do risco de incêndios. Esta foi uma das principais conclusões que Carlos Elavai, Managing Director and Partner da Boston Consulting Group (BCG), e Francisco Gomes da Silva, Professor do ISA e diretor-geral da AGROGES, apresentaram no segundo episódio do podcast Da Floresta ao Futuro, powered by Navigator.

Nesta conversa, que teve como questão central “E se as árvores votassem?”, Francisco Gomes da Silva respondeu, sem hesitar: “Hoje em dia, se as árvores votassem, não teríamos governo”. De acordo com o responsável da AGROGES, “o poder político esquece-se que a floresta é, em Portugal, a base de um conjunto de fileiras económicas”, fileiras essas que “nos últimos 20 anos, têm sido muito negligenciadas”.

Um dos fatores apontados para esta negligência prende-se com o facto de “a floresta ter um ciclo muito longo e o ciclo político ser muito curto”, ou seja, mesmo quando existem medidas pós eventos graves, como os incêndios, estas “morrem no evento dramático seguinte” por falta de tempo e de interesse. “Para as autarquias que têm territórios florestais, o tema floresta é importante do ponto de vista da ação da sua governação local, enquanto para o Estado central não é porque não dá votos, o ciclo é curto”, justificou.

Já para Carlos Elavai, se as árvores pudessem votar, elas preocupar-se-iam em pedir para que cuidassem e plantassem mais delas. “Do ponto de vista das árvores, elas pedem de nós um pouco mais do que aquilo que tem vindo a ser feito. É um setor altamente privado, já que 97% da floresta está na mão de privados, mas se não houver uma mão que ajude estes proprietários a coordenarem-se, vai ser muito difícil quebrar o ciclo vicioso onde a floresta está neste momento enterrado“, explicou, referindo-se às “quebras de produtividade, incêndios, aquecimento global, e dificuldades de atração de mão-de-obra”.

Outra das necessidades levantadas pelo responsável da BCG foi a urgência na plantação de espécies: “Há muito espaço que não está plantado. Estamos a falar de cerca de mais de 1 milhão de hectares que está nesta condição, portanto há espaço para o Estado poder investir em plantar espécies, mas não vai ser suficiente. Isto porque, mesmo que plantássemos cerca de 50 mil hectares por ano, imagine-se quantas décadas implicaria para chegar a mais de 1 milhão. Por isso, temos que chamar toda a gente que quer trabalhar a floresta porque há um desperdício de terra que não está a ser rentabilizada. É uma oportunidade perdida“.

Hoje não há política pública para a floresta. Há um conjunto de meios, há entidades com know-how, mas é preciso que o Estado defina e agilize uma política pública de intervenção no território e patrocinando politicamente as entidades que têm capacidade de ação nesse território, obviamente seguindo cadernos de encargos rigorosos”, sugeriu Francisco Gomes da Silva.

Mas quais seriam essas medidas? De acordo com Carlos Elavai, “um programa que anualmente plantasse e cuidasse de X mil hectares de floresta com fundos públicos e, em troca, existiria uma partilha do ganho mais à frente ou uma garantia de que aquele capital seria investido na floresta, mas claramente é necessário plantar já porque vai levar muito tempo para que aquelas árvores possam dar valor económico e ambiental”.

Já para Francisco Gomes da Silva, seria importante reverter a ostracização do eucalipto. “Há uma coisa que me faz muita confusão, que é nós termos, em Portugal, uma espécie ostracizada pela legislação, que é o eucalipto. Acho que é quase um crime que lesa a pátria. Isto é inexplicável porque não há nenhuma razão objetiva que justifique, desde que o Estado tenha as restantes ferramentas para orientar as coisas. É importante não nos deixarmos prender por preceitos mal contados que atribuem responsabilidades que o eucalipto não tem. Por isso, acho que o eucalipto devia ter uma condecoração pelo mérito que já deu a Portugal“, concluiu.

Assista ao episódio completo aqui:

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