Martifer afunda mais de 15% após OPA da Visabeira abaixo da cotação

Ações voltaram à negociação sob forte pressão, após levantamento da suspensão pela CMVM. Martifer esclareceu que contrapartida é de 2,057 euros e considera disparo no valor da ação na terça.

A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) levantou a suspensão das ações da Martifer, que tinha sido decidida no seguimento do anúncio de oferta pública de aquisição (OPA) feito pela Visabeira, na madrugada de quarta-feira, “com o propósito de assegurar que o mercado absorve a informação divulgada pela emitente”. Títulos voltaram a negociar sob forte pressão e encerraram a tombar mais de 15% em bolsa, com os investidores a reagirem negativamente à Oferta com um preço inferior à cotação atual da ação em bolsa.

O levantamento da suspensão das ações foi anunciado depois de a Martifer ter divulgado um aditamento ao anúncio preliminar da Oferta, onde a empresa esclarece que a contrapartida oferecida é de 2,057 euros, o preço médio ponderado das ações apurado em mercado regulamentado nos seis meses imediatamente anteriores à data da publicação do anúncio, considerando o dia 5 de agosto.

“Na sequência do ofício da CMVM recebido hoje, nos termos do qual a CMVM considera que o período de seis meses imediatamente anteriores à data de publicação do Anúncio Preliminar relevante para o cálculo da contrapartida mínima a pagar no contexto da Oferta, nos termos e para os efeitos da alínea a) do número 1 do artigo 188.º do Código dos Valores Mobiliários, deverá incluir a data na qual o Anúncio Preliminar foi publicado, vimos por esta via aditar o Anúncio Preliminar”, justifica a empresa em comunicado.

A empresa refere que “a contrapartida oferecida por ação é de 2,057 euros (arredondado para cada acionista, se necessário, para o cêntimo imediatamente superior) equivalendo ao preço médio ponderado das Ações apurado em mercado regulamentado nos seis meses imediatamente anteriores à data da publicação deste Anúncio Preliminar, a ser paga em dinheiro, deduzida de qualquer montante (ilíquido) que venha a ser atribuído a cada ação, a título de dividendos, de adiantamento sobre os lucros do exercício ou de distribuição de reservas”.

Cai, assim, a referência que constava no comunicado inicial, de que a contrapartida era de 2,057 euros, “ou de dois euros por ação, consoante tais seis meses incluam ou não a presente data, segundo o que for o entendimento a tal respeito da CMVM”.

Esta diferença de preço – 2,057 vs 2 euros – é justificada pelo salto registado pelos títulos, na sessão desta terça-feira. As ações da empresa encerraram a última sessão a disparar 24,5%, para negociar nos 2,74 euros, um preço que já está acima do valor oferecido na operação.

O preço oferecido na OPA está abaixo da cotação de mercado. Os títulos têm estado a negociar constantemente acima do valor da contrapartida nos últimos meses.

A primeira reação dos investidores à notícia de uma OPA, para acomodar a entrada de um novo acionista que vai alterar o poder dentro da empresa, e que ainda por cima não oferece qualquer prémio aos investidores, foi negativa, com as ações a afundarem 15,33% para 2,32 euros.

Desde o início do ano, os títulos mantinham uma tendência de subida, acumulando uma valorização de 32%, animadas pela evolução positiva dos resultados registada pela empresa nos últimos anos.

OPA vai ditar saída de bolsa

A Visabeira Indústria anunciou o lançamento de uma OPA obrigatória da totalidade das ações da Martifer que não são já controladas pelo grupo industrial de Viseu, pela I’M (irmãos Carlos e Jorge Martins) e pela Mota-Engil que, somados, representam 87,4% do capital.

A oferta surpreendeu o mercado, uma vez que, há pouco mais de um mês, o regulador tinha afastado a necessidade de uma oferta, dado que o acordo inicialmente assinado pela Visabeira para entrar no capital da Martifer apenas incluía a sociedade detida pelos irmãos Martins.

Em outubro do ano passado, a Visabeira e a I’M informaram ter celebrado um “contrato-promessa de compra e venda de ações representativas de 24% do capital social da Martifer – SGPS, SA, bem como um acordo parassocial que regerá as respetivas relações enquanto acionistas”.

Contudo, a entrada da Mota-Engil no acordo – que passou a ser tripartido – forçou o lançamento de uma OPA. O objetivo dos três acionistas é ficar com a totalidade do capital, mas para isso precisam de conseguir ficar com mais de 90% das ações, para poderem avançar com uma oferta potestativa sobre o restante capital, ou aprovar em assembleia-geral de acionistas a exclusão voluntária de bolsa e os investidores que fiquem com ações aceitarem vender à base acionista de controlo.

De uma maneira ou de outra, o futuro da Martifer é fora do mercado de capitais, mesmo que os três acionistas não consigam o controlo exclusivo da sociedade.

Na eventualidade de chegarem aos 100% do capital, o acordo parassocial tripartido prevê que a Mota-Engil e a Visabeira se tornem os maiores acionistas, com 37,5% do capital cada, enquanto os irmãos Martins reduzem a sua participação para 25%.

 

(artigo atualizado às 16h40 com a cotação de fecho das ações da Martifer)

 

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