Central a carvão do Pego vai ser desmantelada mas mantém ramal ferroviário
O ramal ferroviário é uma "mais-valia que vai ter, no futuro, uma importância muito significativa para as novas unidades industriais e económicas que vão estar a funcionar”, indica a autarquia.
A antiga central a carvão do Pego, em Abrantes, que cessou produção de energia em 2021, vai ser desmantelada, incluindo as torres de refrigeração, num processo que vai preservar o ramal ferroviário de acesso ao complexo, assegurou a autarquia.
“A Central Termoelétrica do Pego vai iniciar um processo de desmantelamento das torres [de refrigeração] e de todas aquelas estruturas e nós sabemos que no processo de desmantelamento há muitas infraestruturas que vão desaparecer para criar condições a que outros projetos industriais e económicos possam ali aparecer, mas sabemos que o ramal ferroviário vai manter-se”, disse à agência Lusa o presidente da Câmara de Abrantes.
Manuel Jorge Valamatos (PS) falava à margem da reunião de executivo, na qual informou, a pedido do vereador do PSD, que a central do Pego “já iniciou o processo de licenciamento para o desmantelamento das torres e do conjunto de infraestruturas”, estando o mesmo numa “fase de revisão e de consolidação”, e que o ramal ferroviário não está incluído no plano de desmantelamento.
“Vamos deixar de ter estas torres, mas o que é desejável é que venhamos a ter no futuro próximo projetos para aquele espaço. E é isso que vamos anunciar em termo oportuno, porque há processos de licenciamento que estão em andamento, mas já há alguma coisa de concreto, que é o início do processo de licenciamento do desmantelamento e a manutenção do ramal”, declarou.
O autarca frisou que a central mantém em função a parte de ciclo combinado a gás, acrescentando que o processo de desmantelamento da central a carvão “vai ser demorado no tempo” e “ter impacto na economia local” e apontando a um novo futuro industrial.
“Esta é uma infraestrutura relevante no Pego, uma nova zona industrial que estamos a trabalhar e a consolidar também do ponto de vista administrativo e técnico, sendo o ramal ferroviário uma mais-valia que vai ter, no futuro, uma importância muito significativa para as novas unidades industriais e económicas que vão estar a funcionar”, declarou.
“Queremos acreditar que vão aparecer ali projetos muito relevantes, que vão criar muitos postos de trabalho e criar a dinâmica económica bastante, quer para o Pego, quer para o nosso concelho, para a região e mesmo para o país, e onde esse ramal vai ter a sua vida própria e vai ter uma atividade relevante, pelo menos é esse o entendimento dos acionistas e daqueles que se propõem a fazer ali investimento”, sustentou.
Questionado sobre quem eram os acionistas a que se referia, o autarca sublinhou o “cuidado de manter o sigilo natural das empresas e dos investimentos que estão em jogo” para o Pego. “O que eu sei, o que nós sabemos, é que há muito que temos vindo a trabalhar para garantir que as infraestruturas que são importantes para o futuro se mantenham, particularmente a questão do ramal ferroviário”, declarou.
Em 2022, no âmbito do encerramento da central a carvão, foi adjudicado à Endesa um projeto de energias renováveis no Pego, atualmente em fase de implementação, com um investimento de cerca de 600 milhões de euros. Este projeto integra soluções de produção solar, eólica e de hidrogénio verde, utilizando 224 MW dos cerca de 600 MW disponíveis no local.
A Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG) anunciou, entretanto, a abertura de um procedimento concorrencial, no último quadrimestre de 2025, para atribuição de 300 megawatts (MW) de potência de injeção na rede elétrica, no nó do Pego, procedimento que “recorrerá à potência excedentária do leilão lançado em 2021″.
A iniciativa, segundo a DGEG, “vem igualmente reforçar a relevância estratégica da região do Pego como zona-chave para a transição energética e o desenvolvimento económico sustentável do país”.
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