Governo mantém “higiene democrática” e não se vai imiscuir no metrobus do Porto
"Houve um autarca, ainda em funções [Rui Moreira], que tomou uma posição pública absolutamente radical, impedindo uma determinada prossecução", criticou Miguel Pinto Luz.
O Governo vai manter a “higiene democrática” e não se “imiscuir” no tema do metrobus do Porto em altura de eleições autárquicas, garantiu esta terça-feira o ministro Miguel Pinto Luz, que apelidou a posição de Rui Moreira de “absolutamente radical”.
“Temos vivido as contestações, a relação mais tensa entre a administração do Metro do Porto e o autarca do Porto [Rui Moreira], neste caso, e não me cabe a mim, não me quero imiscuir hoje, com eleições autárquicas à porta, nessas questões. Tem de haver alguma […] higiene democrática. E por isso, nessa higiene democrática, eu não me vou imiscuir”, disse esta terça-feira aos jornalistas na Maia.
Miguel Pinto Luz falava à margem da assinatura de um acordo de estão entre a Infraestruturas de Portugal (IP) e a Câmara da Maia para gestão de um troço da Estrada Nacional 14, que decorreu esta terça na Câmara Municipal da Maia (distrito do Porto). “O Governo está impedido de resolver a questão porque estamos num processo pré-eleitoral, e houve um autarca, ainda em funções [Rui Moreira], que tomou uma posição pública absolutamente radical, impedindo uma determinada prossecução”, lembrou o governante.
Em 14 de julho, o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, afirmou que não iria “perder mais tempo” com o metrobus e que deixa esse assunto para o próximo executivo. Pelo Governo, Miguel Pinto Luz disse ser necessário “fazer uma avaliação” e “parar”, mas “não parar muito, porque isto é para se executar, e na altura certa tomar uma decisão final”. Questionado sobre se essa altura será só depois das eleições, o ministro disse que o Governo já está “a avaliar a situação”.
“Não queremos é condicionar o debate público. Não queremos contaminar o debate público. O Governo não está condicionado por eleições autárquicas. Outra coisa é o Governo vir para aqui e estar a discutir o candidato A, o candidato B, a solução A, a solução B. Isso o Governo não faz. O Governo é o Governo da República, não é do candidato A ou candidato B”, assegurou.
O governante deixou ainda espaço ao papel da Metro do Porto, que “fará as suas avaliações” e tem “os autarcas também representados” na sua orgânica, esperando “nesse espaço de diálogo […] encontrar soluções”.
“O que me tem vindo a chegar por parte de vários candidatos, dos próprios autarcas, é que a solução apresentada não serve os interesses da cidade do Porto. Ouvirei essas versões, ouvirei outras que dizem exatamente o contrário – nomeadamente do Metro do Porto – e nessa altura o Metro do Porto apresentará uma solução e o Governo avaliará essa solução”, resumiu.
Miguel Pinto Luz disse ainda esperar que o próximo presidente da transportadora, Emídio Gomes, entre em funções durante este mês. O presidente da Metro do Porto, Tiago Braga, considerou, em entrevista à Lusa dia 18 de agosto, que a história do desenvolvimento do metrobus do Porto “daria um livro” porque “foi muitas vezes mal contada”, até por “maldade”, nomeadamente na questão das portas dos autocarros.
Disse também que a crispação institucional com a Câmara do Porto “nunca foi” originada pela transportadora, mas admitiu que condicionou o desenrolar das obras da Linha Rosa. Em reação, o presidente da Câmara do Porto acusou o homólogo da Metro do Porto de incompetência e de tentar “justificar o inexplicável” sobre atrasos nos projetos, estranhando também a falta de uma “intervenção mais firme” do Governo no metrobus.
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