Menos de metade dos estudantes portugueses acaba licenciatura em três anos
Dos estudantes que escolhem prosseguir estudos e fazer uma licenciatura, só 41% acabam o curso no prazo esperado. Taxa portuguesa é mais baixa que a média da OCDE.
Dos milhares de alunos que, todos os anos, se inscrevem em licenciaturas em Portugal, só quatro em cada dez acabam o curso no prazo esperado. O retrato é traçado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), na edição deste ano do relatório “Education at a glance”.
“As taxas de conclusão refletem a fatia de novos inscritos em cursos de licenciatura que obtêm, com sucesso, o grau de ensino superior nos prazos específicos. Estas taxas continuam a ser baixas na maioria dos países da OCDE”, começa por sublinhar a referida organização, no relatório apresentado esta terça-feira.
Portugal está entre os países que formam essa maioria: por cá, apenas 41% dos estudantes que se inscrevem em licenciaturas terminam o curso na duração teórica. Em comparação, a média da OCDE é de 43%.
Ainda assim, se considerarmos também os alunos que terminam a licenciatura um ano após o prazo esperado, a taxa de conclusão registada em Portugal sobe para 65%, superando a média da OCDE de 59%.
Já se considerarmos também os alunos que terminam o curso três anos após o prazo esperado, a taxa de conclusão sobe para 74% em Portugal e para 70% na OCDE.
Quer isto dizer, contas feitas, que, mesmo seis anos após terem entrado no ensino superior, 26% dos estudantes portugueses não terminaram o curso: destes, a maioria (18%) já nem está inscrita na licenciatura.
A propósito, a OCDE assinala que os alunos podem deixar os estudos em várias fases, sendo que altas taxas de desistências no primeiro ano do curso “pode sinalizar um desencontro entre as expectativas dos estudantes e o conteúdo e exigências dos cursos, refletindo possivelmente falta de orientação de carreira e apoio insuficiente”.
A boa notícia em que, em Portugal, 8% dos estudantes desistem da licenciatura no primeiro ano, taxa inferior à média da OCDE (13%).
Chile e Irlanda nos extremos
Entre os vários países da OCDE, o Chile destaca-se com a taxa de conclusão no prazo esperado mais baixa. Nesse país, só 13% dos estudantes terminam as licenciaturas na duração teórica. A Colômbia (16%), a Áustria (21%) e os Países Baixos (30%) também merecem realce.
Em contraste, na Irlanda, 68% dos estudantes completam o curso no prazo esperado. No Reino Unido, a taxa de conclusão é de 67%. E na Turquia é de 64%.
Por outro lado, numa análise por género, a OCDE indica que, na globalidade dos países, a percentagem de estudantes mulheres a terminar a licenciatura é superior à dos homens, no prazo esperado. A diferença entre a taxa de conclusão delas e deles é de 11 pontos percentuais, fosso idêntico ao registado em Portugal.
Já no que diz respeito aos diferentes campos de estudo, o “Education at a glance, salienta que as taxas de conclusão “variam de área para área”. Em Portugal, a taxa de conclusão nas licenciaturas em STEM (ciências, tecnologia, engenharia e matemática) ronda os 61%, enquanto na Saúde ultrapassa os 80%.
Estudantes internacionais a aumentar
A mobilidade dos estudantes do ensino superior continua a aumentar, de acordo com a edição desta ano do “Education at a glance”. Em média, 7,4% dos alunos do ensino terciário (que inclui o ensino superior) já são estrangeiros.
“Portugal registou um aumento, de 7,9% em 2018 para 13,3% para 2023“, detalha a OCDE, organização que indica que boa parte dos alunos estrangeiros que chegam a terras lusitanas vêm de África (42%) e da América Latina e Caraíbas (30%). “Tal reflete os laços históricos e culturais, bem como a importante da língua de estudo“, lê-se no relatório já mencionado.
Por outro lado, a OCDE dá conta que em Portugal a percentagem de alunos a tirar um gap year entre o ensino secundário e o ensino superior é inferior à média (39% contra 44%). Mas não adianta explicações.
O relatório publicado esta terça-feira deixa ainda algumas notas sobre a escassez de professores em Portugal, sublinhando que a falta de professores no arranque ou durante o ano letivo é mesmo uma “preocupação crescente” em vários países da OCDE.
O envelhecimento dos professores poderá agravar este problema, declara a organização, que indica que, em Portugal, a percentagem de professores com, pelo menos, 50 anos aumentou significativamente entre 2013 e 2023, superando agora a fasquia dos 50%.
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