BRANDS' ECO “Adiar a formação das lideranças é caminhar para a irrelevância”

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  • 15 Setembro 2025

José Crespo de Carvalho, Presidente do Iscte Executive Education, defende que investir em formação é crucial para enfrentar a incerteza e preparar lideranças para o futuro.

Setembro é o mês do regresso ao trabalho, às aulas e à rotina, e é por isso encarado como um tempo de recomeços e de redefinição de prioridades. Para José Crespo de Carvalho, Presidente do Iscte Executive Education, este é também o momento certo para apostar na formação e no desenvolvimento de competências que reforcem a competitividade individual e organizacional.

José Crespo de Carvalho, Presidente do Iscte Executive Education

Num contexto marcado por instabilidade económica, transformações tecnológicas e novas pressões sociais, o responsável sublinha que o investimento em conhecimento não pode ser adiado. “Adiar sucessivamente a formação das lideranças é escolher conscientemente caminhar para a irrelevância”, alerta.

Na sua visão, a formação deve ser entendida como um investimento com retorno garantido, seja na retenção de talento, na produtividade ou na capacidade de inovar. E acrescenta que esse compromisso não diz respeito apenas às empresas, mas também a cada profissional que procura liderar o presente e o futuro.

Setembro marca habitualmente um período de novos começos. Que mensagem gostaria de deixar a quem encara este momento como uma oportunidade para iniciar também um novo capítulo na sua carreira?

Setembro é, por excelência, um mês de recomeços. Para muitos, é quase um “Ano Novo” fora de janeiro, porque representa a oportunidade de redefinir objetivos e prioridades. O que digo a quem olha para este momento como um ponto de viragem é simples: não esperem pela oportunidade perfeita. Ela não existe. O que existe é a capacidade de agir agora. Leu bem: agora. Quem investe em si próprio, em conhecimento e em desenvolvimento, tem sempre retorno. Quem adia, perde tempo, perde energia e perde competitividade. O mercado não espera, as organizações também não. Mais, considere sempre que está a fazer um investimento porquanto tem de ter retorno dele. E, portanto, pense investimento. Pense em si. Pense em não adiar o que há a fazer.

Quais são as principais prioridades do IEE neste arranque de setembro e de que forma se refletem na sua oferta formativa?

O Iscte Executive Education tem três grandes prioridades neste momento: internacionalização, inovação e impacto real nas empresas. Internacionalização, porque hoje não há executivos apenas “locais” — todos competem em contextos globais. Inovação, porque não basta repetir fórmulas; é preciso criar programas que antecipem tendências, que tragam tecnologia, inteligência artificial e novas abordagens pedagógicas para a sala de aula e fora dela. Impacto real, porque não queremos que os nossos participantes terminem programas com apenas mais uma linha no CV. Queremos que terminem com ferramentas, ideias e soluções que levem de imediato para as suas equipas e para os seus negócios. Essa é a essência do nosso Real-Life Learning.

“Quem investe em si próprio, em conhecimento e em desenvolvimento, tem sempre retorno. Quem adia, perde tempo, perde energia e perde competitividade. O mercado não espera, as organizações também não”.

De que modo os programas agora lançados procuram responder às necessidades mais prementes de executivos e organizações no atual contexto económico e social?

O contexto que vivemos é marcado por instabilidade económica, política, guerras e conflitos, transformações tecnológicas profundas e novas pressões sociais. As empresas exigem líderes que não só compreendam a estratégia, mas que também saibam motivar equipas, tomar decisões em cenários de incerteza e integrar a tecnologia nos seus modelos de negócio e nas suas ações. É exatamente aqui que os nossos programas se posicionam: liderança adaptativa, literacia financeira sólida e uma visão prática da transformação digital. Não formamos executivos para pensar “o que virá”; formamos executivos para agir já amanhã em ambientes altamente complexos. Com uma componente humana e de autoconhecimento fundamental que seja transformadora. Mas que é crucial.

Na sua perspetiva, a formação de colaboradores está já plenamente integrada na estratégia das empresas ou continua, em muitos casos, a ser entendida sobretudo como um custo?

Temos uma realidade mista. Algumas empresas portuguesas já perceberam que a formação é parte estratégica da sua competitividade e integram-na de forma consistente nas suas agendas de médio e longo prazo. Mas ainda há demasiadas que continuam a vê-la como um custo, e isso é um erro grave. A formação não é uma despesa; é um investimento com retorno certo, seja na retenção de talento, no aumento de produtividade ou na capacidade de inovar. Para além de muitos outros.

Hoje, um paquistanês que é colaborador do café em baixo de minha casa perguntava-me: “Professor, tem programas para pessoas como eu?”. Retorqui-lhe: “O que quer dizer com ´como eu´?”. E respondeu-me: “Pessoas como eu, que trabalham num café, que começam às 6h30 da manhã e só têm tempo para estudar depois das 17h. Eu tenho uma licenciatura em informática”. Respondi-lhe: “Claro. Tem uma licenciatura e quer mais? Temos o que precisa. E outras escolas também. Cobrimos praticamente todas as áreas da gestão e da tecnologia”. E ele perguntou-me, no final: “Posso pagar mensalmente?”. E eu respondi-lhe: “Claro. Só tem de estar disponível para isso”. Remate final, seguro, de quem quer mais, muito mais: “Claro, senhor. Pode trazer-me mais informações, por favor?”.

Quem insiste em cortar neste campo está, na verdade, a comprometer a sua própria sustentabilidade futura. Se até um paquistanês a trabalhar num café em Portugal sabe isto então com mais facilidade e acesso a meios todos nós temos que saber isto.

“Algumas empresas portuguesas já perceberam que a formação é parte estratégica da sua competitividade e integram-na de forma consistente nas suas agendas de médio e longo prazo. Mas ainda há demasiadas que continuam a vê-la como um custo, e isso é um erro grave”.

Que consequências pode ter uma organização que adia de forma recorrente o investimento na formação e atualização das suas lideranças?

As consequências são para mim claras e perigosas. gestores desatualizados tornam-se rapidamente um bloqueio à inovação e à transformação. Ficam menos capazes de inspirar equipas, de ler sinais de mudança no mercado e de reagir com agilidade. E isso cria empresas mais lentas, mais burocráticas e menos competitivas. No limite, adiar sucessivamente a formação das lideranças é escolher conscientemente caminhar para a irrelevância. Num mundo em que a mudança é constante, a atualização tem de ser contínua. Ponto.

Quais são hoje as áreas de conhecimento e de atuação mais relevantes para o Iscte Executive Education e de que forma refletem as tendências do mercado e as exigências das organizações?

Estamos focados em áreas que consideramos estruturais para o futuro das organizações: liderança e gestão de pessoas, gestão da saúde e dos hospitais, supply chain e logística, transformação digital e inteligência artificial, literacia financeira em toda a sua extensão, para além de muitas outras. São áreas que não nascem de modas, mas de necessidades concretas das empresas. O que fazemos é observar, dialogar com o mercado e antecipar tendências. O nosso compromisso é estar sempre um passo à frente, para que os executivos que formamos estejam preparados para liderar não apenas o presente, mas também o futuro.

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