Caíram mais de metade dos projetos de gases renováveis registados em Portugal

A Direção-Geral de Energia e Geologia regista 142 pedidos de registo prévio de projetos de gases de origem renovável, nos quais se inclui o hidrogénio verde e o biometano. Destes, 73 terão sido cancelados, indeferidos ou terão caducado, informa a entidade, em resposta ao ECO/Capital Verde.

“O exercício da atividade de produção de gases de origem renovável está sujeito a registo prévio” e, dentro do universo total de pedidos de registo prévio que chegam à DGEG, isto é, projetos que pretendem a aprovação desta entidade, “142 têm como objeto a produção de gases de origem renovável”, escreve a DGEG.

A mesma entidade indica que apenas 46 têm agora um título válido, 19 encontram-se sob avaliação e quatro foram deferidos, aguardando de momento o pagamento de caução.

De acordo com fonte do setor, no último ano, cresceu significativamente o ‘apetite’ por projetos de biometano em Portugal, enquanto os projetos de hidrogénio verde abrandaram. A mesma fonte considera as desistências, em particular quanto a projetos deste último gás, uma dinâmica natural do mercado, face aos desafios tecnológicos e de negócio que o hidrogénio verde enfrenta. No caso do biometano o interesse é justificado pela ainda pouca penetração deste gás no país, ao contrário do que acontece noutras geografias, como é o caso de França.

De acordo com um estudo lançado na semana passada pela Agência Internacional de Energia, um total de 340 projetos de produção de hidrogénio de baixas emissões — feito através de eletrólise ou com o auxílio de tecnologia de captura de carbono — estavam em construção, a nível mundial, em 2024, o correspondente a 4,3 mil milhões de dólares em investimento, um salto de 80% face a 2023. E, em 2025, deverá verificar-se um salto equivalente, de mais de 80%.

Já circulam moléculas na rede

Questionada sobre a primeira molécula de hidrogénio verde a ser produzida no país, a direção-geral faz referência ao projeto-piloto de produção de hidrogénio verde, lançado pela Gestene — Eletricidade Industrial, em parceria com a Gestydrog e a Floene, designado “a energia natural do hidrogénio”, que foi inaugurado em março de 2023. Este projeto iniciou a injeção de hidrogénio verde na rede de distribuição de gás em Portugal, mais concretamente no município do Seixal, fazendo chegar aos consumidores uma mistura de hidrogénio verde com gás natural.

O hidrogénio é produzido localmente, com energia 100% renovável, no Parque Industrial do Seixal, pela empresa portuguesa Gestene. Depois de produzido e armazenado, percorre 1.400 metros num gasoduto de polietileno, igual a cerca de 95% da rede de gás utilizada em Portugal, até uma estação, onde é misturado com gás natural, sendo depois distribuído aos clientes. A Floene confirma que este projeto ainda está ativo. O projeto começou com 2% de injeção de hidrogéniona rede e o objetivo é chegar a 20%. Neste momento, já atingiu cerca 15%. “E vamos continuar a trabalhar para que se atinja os 20%”, indica fonte oficial.

Já no que diz respeito ao biometano, o primeiro projeto a injetar na rede portuguesa de gás foi o Biogasmove, da Dourogás, em Mirandela. O “feito” teve lugar em 2022. Mais recentemente, a Capwatt, que faz parte do portefólio da Sonae Capital Industrials (SC Industrials), anunciou a construção de uma unidade de produção de biometano em Aljustrel.