Startup minhota Nutrium levanta 10 milhões para consolidar nos EUA

A startup minhota Nutrium acaba de levantar 10 milhões de euros numa nova ronda de capital. Consolidar a operação nos Estados Unidos, transformando o país no mercado de maior crescimento, está entre os planos para esta nova injeção de capital da health tech. Depois do Brasil, a startup de nutrição quer abrir uma filial nos EUA.

“A nutrição tornou-se uma prioridade estratégica para as empresas que enfrentam os desafios da obesidade e da rápida adoção dos tratamentos com GLP-1”, afirma André Santos. “Este investimento vai permitir-nos expandir o nosso alcance, reforçar a rede de especialistas e gerar ainda mais impacto junto dos nossos clientes e das suas equipas, a nível global”, destaca o CEO e cofundador da Nutrium.

Pedro Pereira explica o foco. “O principal objetivo é consolidar a presença do Nutrium Care [benefício corporativo] nos Estados Unidos”, diz o CRM & Lifecycle Manager da Nutrium, ao ECO. “O plano de expansão nos EUA tem passado por reforços estratégicos na equipa de vendas, com profissionais recrutados localmente. Recentemente, contratámos uma director of consultant relations, uma manager of consultant relations e uma head of sales, que trazem sólida experiência no setor e relações-chave com brokers e consultores de benefícios corporativos”, detalha o responsável.

“Temos já uma filial no Brasil e iremos abrir também nos EUA, mas no curto prazo não existem planos de abertura de escritório físico fora de Portugal”, diz quando questionado sobre se a estratégia de expansão passaria pela abertura de um escritório no mercado norte-americano.

Liderada pela Vesalius Biocapital, com participação da Indico Capital Partners, Lince Capital e da Beta Capital, com esta ronda eleva-se para 16,8 milhões o capital já levantado pela startup.

“Na Vesalius, estamos cada vez mais atentos aos desafios associados à obesidade e à importância de cuidados nutricionais eficazes, uma resposta muitas vezes subvalorizada no contexto das doenças crónicas. Acreditamos que a Nutrium tem o potencial para se tornar a solução de referência para empresas e pessoas que procuram melhorar a sua saúde de forma sustentável”, diz Qasim Al-Zawawi, principal da Vesalius Biocapital.

Stephan Morais justifica a aposta na startup. “Desde o início, a equipa da Nutrium teve uma visão clara sobre o papel fundamental que a nutrição iria desempenhar na saúde e no bem-estar. Tivemos a sorte de apoiar essa ambição e de ajudar a equipa a encontrar um caminho para concretizar a promessa do bem-estar, um componente essencial da longevidade, que é um mercado enorme e em rápida expansão”, afirma o managing general partner da Indico.

Tomás Lavin Peixe, partner da Lince Capital, reforça. “A abordagem da Nutrium, baseada em evidência clínica e focada em enfrentar os problemas de saúde crónica e a obesidade através da nutrição personalizada, continua a transformar a forma como as empresas investem no bem-estar dos colaboradores”, diz. “Estamos entusiasmados por apoiar novamente as ambições globais da Nutrium e por ajudar a equipa a alcançar melhores resultados em saúde e a reduzir custos, tanto para empregadores como para colaboradores em todo o mundo.”

Posicionar EUA como mercado de maior crescimento

A nova injeção de capital surge num momento em que os custos de saúde têm vindo a aumentar nos EUA, impulsionado pela obesidade e pela procura de soluções como os medicamentos GLP-1, como é o caso do Ozempic, do Wegovy ou do Mounjaro.

Através do Nutrium Care, o programa corporativo — a Wellhub, Adidas, Vodafone, Randstad e Ageas são algumas das m marcas com as quais a startup tem vindo a trabalhar —, a startup impacta mais de três milhões de pacientes, ligando-os a uma rede global de mais de 350 mil nutricionistas em mais de 40 países, segundo os dados partilhados pela empresa.

Além do programa corporativo, a startup oferece um software que permite aos nutricionistas otimizar as consultas e a gestão de pacientes. Serviços que, em conjunto, estão presentes “em mais de 90 países, com foco especial nos EUA e no Brasil”.

“O Brasil é o nosso principal mercado, quer para o software para nutricionistas, quer para o benefício corporativo de nutrição, o Nutrium Care”, adianta Pedro Pereira.

O mercado brasileiro é igualmente “o principal mercado a nível de faturação é o Brasil, mas o objetivo é que o maior crescimento aconteça nos Estados Unidos“, reforça, não adiantado quais os atuais valores de faturação da empresa.

Equipa vai ser reforçada

A startup fundada em 2015 já conta com 40 colaboradores. “Vamos continuar a expandir a equipa, com especial foco em engenharia”, refere Pedro Pereira.

“O principal foco do recrutamento em Portugal está em engenharia, onde procuramos tanto recém-licenciados como profissionais experientes. O objetivo é reforçar a nossa equipa de forma a dar suporte à nossa visão sobre IA, em que vemos nutricionistas e IA a trabalhar lado a lado para melhorar a experiência quer do paciente, quer do profissional”, especifica.