Seguro de Acidentes de Trabalho deu 171 milhões de lucro às seguradoras

2024 foi rentável para o negócio segurador das companhias a atuar em Portugal. Os ramos Não Vida contribuíram positivamente com Acidentes de Trabalho a compensar o ruinoso seguro automóvel obrigatório

Acidentes de Trabalho, Saúde e Multirriscos Habitação significaram metade das vendas das companhias nos ramos Não Vida, mas contribuíram para 80% dos lucros de 2024, revelam dados agora publicados pela ASF, entidade supervisora do setor, depois analisados por ECOseguros.

Só o ramo Acidentes de Trabalho contribuiu com 171 milhões de lucro técnico, num ano muito marcado pelos prejuízos de 34 milhões no ramo automóvel.

Os resultados das seguradoras são apurados pela conta técnica, aquela que reflete a atividade seguradora pura, ou seja, a produção de seguros, os custos com indemnizações e outros pagamentos aos segurados, as despesas administrativas e adicionando ainda o elevado custo de aquisição do negócio, essencialmente as comissões pagas a mediadores de seguros como sejam agentes, corretores e bancos. A estas junta-se a conta não técnica cujo rendimento provém dos investimentos realizados com os capitais em posse das seguradoras, nomeadamente nos mercados financeiros.

Em 2024, o conjunto das 63 seguradoras a atuar em Portugal, sejam de direito português ou sucursais de seguradoras de países membros da União Europeia, apresentaram resultado líquido conjunto de 492 milhões de euros, um valor inferior em 24% aos lucros realizados um ano antes.

No ano passado, a conta não técnica conjunto refletiu valores negativos de 64 milhões de euros quando em 2023 tinham obtido 43 milhões de euros de lucro. Já nas contas técnicas, o ramo Vida piorou em 16,7% o seu resultado para 335 milhões de euros positivo e nos ramos Não Vida as seguradoras que operam subiram os seus resultados técnicos em 16,3% para 397 milhões de euros.

Acidentes de Trabalho recuperou saúde

Observando o segmento Não Vida, o ramo de Acidentes de Trabalho (AT) sempre foi obrigatório e um histórico problema de rentabilidade para as seguradoras. Era um seguro de entrada nas empresas e as guerras de preços levavam a prémios muito baixos para a sinistralidade registada. Já em 2024 o ramo significou 171,2 milhões de euros de lucro, 43% do resultado técnico dos ramos Não Vida de todas as companhias.

Também o ramo Saúde conquistou um bom ano em 2024 após resultados negativos em 2022 e à necessidade de as companhias, já perto de contarem com 4 milhões de pessoas seguras, ajustarem os preços para compensar um consumo muito elevado por parte dos segurados. Com crescimentos de vendas de dois dígitos nos últimos anos, os seguros de saúde já significam 21,6% das vendas de seguros Não Vida.

O ramo Multiriscos Habitação completa o trio de ramos – com AT e Saúde – que significaram 49% dos prémios e 83% dos lucros técnicos das seguradoras em 2024. Ligado aos créditos habitação, a par dos seguros de Vida de risco puro, tem também muitos adeptos fora dessas obrigações para com entidades bancárias. Foram cerca de 755 milhões de euros faturados no ano passado, deixando lucros técnicos de quase 54 milhões.

Significativos são também os resultados dos ramos de Responsabilidade Civil que conta com mais de uma centena de casos em que são obrigatórios, mas também de um crescente interesse por parte de facultativos com os riscos cibernéticos, os riscos ambientais e os seguros para administradores e diretores de empresas (D&O).

Os ramos de crédito e caução, próprios de empresas, deram contributo positivo para os resultados, mas os multiriscos destinados a comerciantes e indústria têm uma rentabilidade muito sofrida.

O ramo automóvel continuou a destoar na rentabilidade somando 144 milhões de prejuízos técnicos nos ramos obrigatórios de responsabilidade civil, não compensado pelo ramo de danos próprios conduzindo a uma perda de 35 milhões de euros.

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