Mariana Morgado Pedroso: “Os arquitetos não devem ter um ego que se sobrepõe à profissão”
Da recuperação de património ao franchising internacional, a arquiteta e CEO da Architect Your Home partilha, em mais um episódio do E Se Corre Bem?, a sua visão sobre a profissão.
Mariana Morgado Pedroso, arquiteta e CEO da Architect Your Home, esteve no podcast E Se Corre Bem?, onde falou sobre o seu percurso, os desafios pessoais e profissionais, mas sobretudo sobre a forma como arriscou transformar uma crise numa oportunidade de negócio.
Muito ligada às artes, nunca teve dúvidas quanto ao caminho a seguir e não hesita em reconhecer que “desde muito cedo” começou a pensar na arquitetura como uma opção de vida. “Não tenho ninguém arquiteto na família, mas tenho pessoas que pintam e fazem escultura”, conta. O detalhe é, acredita, a essência do ofício – “seja na luz, na simetria ou na relação com o lugar”.
O processo de desenvolvimento arquitetónico, por mais recompensador que possa ser, “é para a pessoa que vai viver lá” e não para o autor do desenho. “Os egos atrapalham. Os arquitetos não devem ter um ego que se sobrepõe à profissão”, defende, lembrando que é na proximidade com os clientes que está parte do segredo do sucesso. “Não é uma hora de reunião no escritório, tem de ser na casa das pessoas para as conhecer e perceber”, sublinha.
Durante a sua formação, passou por ateliês de referência como os de Manuel Salgado e Frederico Valsassina, experiências que considera decisivas para o seu crescimento. Paralelamente, aprofundou-se na recuperação do património, área em que fez o mestrado e que assume como a sua grande paixão dentro da arquitetura. Porém, a crise financeira de 2010 obrigou-a a arriscar.
Mariana lembra-se bem do cenário “terrível” que se vivia em Portugal, com a “construção a cair a pique e os ateliês a fecharem”, mas nem isso a demoveu de “começar a trabalhar por conta própria”. No entanto, percebeu rapidamente que o modelo tradicional de crescer cliente a cliente “não fazia sentido nenhum” para aquilo que imaginava. Foi nessa altura, durante uma viagem ao Reino Unido, que se cruzou com o conceito Architect Your Home numa revista – não pensou duas vezes e entrou em contacto, propondo abrir uma sucursal em território nacional. “E eles viram potencial em mim”, diz.
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Mariana Morgado Pedroso, arquiteta e CEO da Architect Your Home, é a próxima convidada do podcast E Se Corre Bem? -
"Não tenho ninguém arquiteto na família, mas tenho pessoas que pintam e fazem escultura" -
“Cada projeto passa por sete ou oito entidades, e é infernal. É o país dos papéis” -
"Sou gestora primeiro, não tenho hipótese, porque a máquina tem uma dimensão grande. Mas sou arquiteta, surfista, mãe, mulher” -
“Avanço sempre com muito estudo, mas guiada pelo gut feeling. Aquela viagem foi um momento de pivô" -
Durante a sua formação, Mariana Morgado Pedroso passou por ateliês de referência como os de Manuel Salgado e Frederico Valsassina, experiências que considera decisivas para o seu crescimento
A aposta foi na “democratização da arquitetura”, criando um sistema acessível em que o cliente pode recorrer ao arquiteto apenas para o que precisa, seja um quarto de bebé ou um projeto de maior dimensão. Mariana Morgado Pedroso conseguiu transformar o modelo em sucesso internacional. Em 2023, concretizou o management buyout que transferiu a sede da empresa para Portugal, mantendo operação no Reino Unido. Hoje lidera uma equipa com mais de 50 pessoas e uma rede de 12 ateliês associados.
Com o sucesso, chegam também as dificuldades de gerir projetos em Portugal, nomeadamente quando o tema é a burocracia. “Cada projeto passa por sete ou oito entidades, e é infernal. É o país dos papéis”, lamenta a arquiteta, para quem a criação de um balcão único e de regras universais seria decisiva.
Hoje, já com anos de experiência na bagagem, a empreendedora reconhece a dualidade constante entre o papel de arquiteta e gestora. “Sou gestora primeiro, não tenho hipótese, porque a máquina tem uma dimensão grande. Mas sou arquiteta, surfista, mãe, mulher”, partilha.
Olhando para trás, a viagem a Londres que mudou o rumo da sua carreira continua a simbolizar o espírito que a caracteriza e pelo qual se procura reger. “Avanço sempre com muito estudo, mas guiada pelo gut feeling. Aquela viagem foi um momento de pivô”, remata.
Este podcast está disponível no Spotify e na Apple Podcasts. Uma iniciativa do ECO, na qual Diogo Agostinho, COO do ECO, procura trazer histórias que inspirem pessoas a arriscar, a terem a coragem de tomar decisões e acreditarem nas suas capacidades. Com o apoio da Nissan.
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