“Portugal é um dos países mais bem conectados do mundo”, afirma o vice-presidente da Portugal DC

  • Tiago Alexandre Pereira
  • 18:35

Carlos Paulino destaca a conectividade de Portugal na área dos cabos submarinos que permitem ligar o país a "todos os continentes". E explica que os data centers têm um forte impacto no PIB.

“Portugal é um dos países mais bem conectados do mundo.” Foi assim que Carlos Paulino, vice-presidente da Associação Portuguesa de Centros de Dados (Portugal DC), descreveu esta terça-feira o potencial geográfico do país, sublinhando a importância da sua rede de cabos submarinos, um fator importante para atrair investimentos em data centers de inteligência artificial (IA).

Com cerca de 2.500 quilómetros de costa banhada pelo Oceano Atlântico, Portugal destaca-se como um dos países com maior extensão costeira do mundo, uma vantagem estratégica em relação ao resto da Europa para a conectividade e a infraestrutura digital. “Portugal é o primeiro país ligado a todos os continentes por fibra ótica, com uma rede de telecomunicações extremamente poderosa”, explicou o vice presidente da Portugal DC, durante a conferência organizada pelo Instituto Português de Corporate Governance (IPCG), cujo tema principal foi “Governance: Inteligência Artificial e Sustentabilidade”.

Segundo Carlos Paulino, Portugal está estrategicamente posicionado para se tornar um hub digital de referência não apenas na Europa, mas também em África. “Somos o país mais bem posicionado para servir toda a costa oeste de África, desde Rabat até à Cidade do Cabo. Se dissermos que temos a melhor ‘autoestrada digital’ da Europa conseguimos levar esta conectividade de Portugal até Fortaleza (Brasil). Há uma oportunidade para pensar grande. A Europa enfrenta atualmente um problema energético, algo que Portugal ainda não tem”, afirmou.

O executivo da Portugal DC ressalvou ainda que Portugal tem não só energia verde significativa, como a “preços bastante competitivos”.

“A previsão é que os data centers em Portugal tenham um impacto de 26 mil milhões no PIB”

Para Carlos Paulino, Portugal pode posicionar-se como um dos principais hubs de data centers da Europa, com um impacto cada vez mais visível na economia nacional. O vice-presidente da Portugal DC explicou que, entre 2022 e 2024, o setor gerou 311 milhões de euros, acrescentando que “neste momento, a previsão é que os data centers em Portugal tenham um impacto de 26 mil milhões de euros no PIB entre 2025 e 2030”.

“Portugal já não é apenas um player discreto na Europa, estamos a mostrar que temos capacidade e todas as vantagens, incluindo a construção de infraestruturas sustentáveis”, acrescenta.

O consumo de energia dos data centers em Portugal situa-se entre 15 e 30 megawatts (MW), embora os dados precisos ainda sejam limitados. Para efeito de comparação, apenas na zona financeira de Londres, o consumo atinge cerca de 1,000 MW.

Cada sistema de IT na área da banca em Portugal consome aproximadamente 0,2 MW, enquanto um modelo de treino de inteligência artificial, mesmo o mais simples, consome cerca de 90 MW. “Isso significa que, para desenvolver modelos específicos para o setor financeiro em Portugal, é necessário muito mais energia do que toda a banca consome atualmente”, explicou Carlos Paulino.

“Portugal está a posicionar-se de forma extraordinária para trazer uma das cinco gigafábricas de IA para o país”, referindo-se à infraestrutura prevista para Sines.

Portugal enfrenta vários concorrentes europeus pela liderança na área da inteligência artificial. Espanha, por exemplo, tem atraído investimentos “massivos” em data centers, e a cidade de Milão compete também diretamente com Portugal. No entanto, Carlos Paulino sublinhou que, apesar de “no sul da Europa existirem duas ou três geografias concretas em competição, a conectividade coloca-nos à frente de qualquer outro concorrente”.

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