CEO do grupo Pestana prepara “check-out” rumo ao Benfica
O homem forte do grupo Pestana está pronto para mudar de camisola. Ao fim de 25 anos, José Theotónio pretende deixar o dia-a-dia da hotelaria para pôr as contas do seu Benfica em campo.
José Theotónio, que lidera há uma década o maior grupo hoteleiro português, prepara-se para deixar as funções de CEO do grupo Pestana caso João Noronha Lopes vença as eleições do Benfica deste sábado.
Em entrevista ao ECO, o gestor de 61 anos, completados a 28 de setembro, deixa claro que a dedicação ao clube será total e revela que começará “a criar as condições” para assumir em pleno o cargo de vice-presidente financeiro e CFO da Benfica SAD logo após o escrutínio de 25 de outubro, caso a sua lista saia vitoriosa.
“No Benfica é a 100%, é a tempo inteiro”, garante José Theotónio, numa declaração que marca um ponto de viragem na sua carreira. A decisão representa o culminar de uma transição que o próprio preparava há algum tempo.
Se ganharmos, no dia 26, começarei a criar as condições para poder estar no Benfica em pleno.
No ano passado, em entrevista ao programa “Conversa Capital”, o CEO do Pestana já tinha admitido publicamente que não se importava de “ter funções menos executivas” no grupo Pestana, deixando então a porta aberta para uma mudança que agora se pode concretizar pela porta do Benfica.
A trajetória de José Theotónio no grupo de Dionísio Pestana é marcada por resultados sólidos. Licenciado em Administração e Gestão de Empresas pela Universidade Católica, onde lecionou durante 13 anos, o gestor entrou no grupo hoteleiro em 2000 como administrador financeiro, após ter trabalhado no Fundo de Turismo e ter sido chefe de gabinete do secretário de Estado do Turismo, Alexandre Relvas, entre 1994 e 1995, durante um dos governos de Cavaco Silva.
Durante 15 anos, entre 2000 e 2015, desempenhou as funções de CFO, período em que transformou um conjunto de empresas sem relação direta entre si num verdadeiro grupo empresarial, com sistemas de gestão integrados e sinergias operacionais.
Em 2015, José Theotónio foi nomeado CEO do grupo — cargo criado apenas nessa altura com o desejo expresso por Dionísio Pestana de mudar a gestão –, assumindo a liderança de uma organização que já tinha crescido exponencialmente sob a sua gestão financeira. Durante a sua década como CEO, o gestor consolidou a expansão internacional do grupo, que hoje fatura mais de 650 milhões de euros, opera em 16 países e emprega mais de 7 mil pessoas em Portugal e no estrangeiro.
Agora, esse percurso de 25 anos no grupo hoteleiro — 15 como CFO e 10 como CEO — prepara-se para dar lugar a um novo desafio. José Theotónio deixa claro que a transição será feita de forma organizada: “Se ganharmos, no dia 26, começarei a criar as condições para poder estar no Benfica em pleno”, explica, o que significará, desde logo, abandonar o cargo de CEO e passar a funções não executivas no grupo Pestana.
No Benfica, José Theotónio assume um duplo desafio: será vice-presidente do clube para a área financeira e, simultaneamente, CFO da Benfica SAD. À sua espera está um passivo superior a 500 milhões de euros, uma dívida líquida da SAD de quase 197 milhões de euros e milhares de adeptos e sócios ansiosos por vitórias dentro das quatro linhas e nas contas do clube e da SAD.
As eleições do Benfica decorrem este sábado, 25 outubro, num escrutínio que se anuncia como o mais concorrido dos 121 anos de história do clube encarnado, com seis candidatos à cadeira do poder.
Para José Theotónio, que há muito combinou com João Noronha Lopes este projeto, a dedicação ao Benfica representará o culminar de décadas de gestão ao mais alto nível — desta vez ao serviço do clube que sempre apoiou, e com o compromisso de estar presente “a 100%, a tempo inteiro”.
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