Afinal, procura por gás e petróleo vai crescer até 2050. Conheça o World Energy Report em 10 pontos
Relatório da Agência Internacional de Energia, sob pressão dos EUA, o seu principal financiador, prevê que a temperatura média do planeta suba 2,9 graus até 2100 com as políticas atuais.
O novo World Energy Outlook da Agência Internacional de Energia (AIE) aponta para que a procura por petróleo e gás natural vai continuar a aumentar até 2050. Isto é, 20 anos mais tarde do que tinha sido estimado no relatório anterior.
A diferença prende-se com o facto de a AIE ter voltado a adotar o Cenário de Políticas Correntes (CPC), que assume apenas políticas energéticas já implementadas, sem novos compromissos ou revisões, para modelar as suas projeções. A agência tem estado sob pressão dos EUA, o seu principal financiador, com o secretário da Energia, Chris Wrigh, a considerar “sem sentido” as previsões de um pico do petróleo em 2030.
Face ao atual posicionamento do Governo dos EUA em relação à política climática e de energia, mas também de outros países, a AIE resolveu voltar ao cenário mais conservador, usado pela última vez em 2019.
Leia aqui os dez pontos-chave do relatório
- Procura por gás e petróleo continua a crescer até 2050. No Cenário de Políticas Correntes (CPC) a procura por gás e petróleo continuará a crescer durante os próximos 25 anos. Já o carvão deverá registar uma inflexão antes do final da presente década. No Cenário de Políticas Anunciadas (designado STEPS), a procura de petróleo e carvão atinge o pico em 2030, continuando a procura de gás a crescer além do início da próxima década.
- Energia renovável é a que mais aumenta. “As energias renováveis crescem mais depressa do que qualquer outra fonte de energia em todos os cenários, impulsionadas pelo solar fotovoltaico”, assinala o World Energy Outlook. Mesmo no cenário de políticas correntes as renováveis ganham terreno: a sua fatia na geração elétrica sobe de 30% para cerca de 50% até 2035, mas o ritmo é insuficiente para estabilizar o clima. A ampla capacidade de produção de painéis solares e baterias, a maioria na China, deverá manter os preços em níveis competitivos.
- O regresso à energia nuclear. Seja através das tradicionais centrais de grande escala ou dos novos pequenos reatores modelares, o investimento na energia nuclear vai aumentar. A capacidade global deverá aumentar entre 30% a 35% até 2030, estando atualmente em construção 70 GW, “um dos níveis mais elevados em 30 anos”.
- Procura por energia cresce 15%. No cenário CEPS a procura mundial por energia aumenta 90 exajoules até 2035, um aumento de 15% face aos níveis atuais. No STEPS, a subida é de apenas 8%.
- Dados, o novo petróleo. O World Energy Outlook prevê um crescimento de 40% no consumo de eletricidade até 2035, quer no cenário CPC quer no STEPS. O relatório assinala o crescimento explosivo da procura por eletricidade para os centros de dados e inteligência artificial, sobretudo na China e nas economias avançadas. O investimento em centros de dados deverá atingir 580 mil milhões de dólares em 2025, superando os 540 milhões estimados para a produção de petróleo.
- Necessidade de maior investimento em redes. O relatório salienta que “uma questão crucial para a segurança elétrica na ‘Era da Eletricidade’ é a rapidez com que são desenvolvidas novas redes, sistemas de armazenamento e outras fontes de flexibilidade do sistema elétrico”, que neste momento são insuficientes. A AIE refere que o investimento anual em redes cresceu a menos de metade do ritmo de crescimento em nova produção de eletricidade.
- Temperatura média aumenta 2,9% até 2010. As emissões globais de CO2 atingiram um recorde de 38 gigatoneladas em 2024. No cenário de políticas correntes, a temperatura média sobe 2,9 graus até 2100. Assumindo adicionalmente as políticas anunciadas, mas ainda não concretizadas o aumento é de 2,5%. Só no cenário de emissões zero em 2050 a temperatura atinge um pico de cerca de 1,65% caindo para 1,5% em 2010. A projeção indica, de todo o modo, que a ultrapassagem da meta de 1,5%, definida no Acordo de Paris, “é agora inevitável”.
- Ameaças ao fornecimento de minerais críticos. A AIE assinala que um só país é o produtor dominante em 19 de 20 minerais estratégicos relacionados com a energia, com uma quota média de 70%. “Estes minerais são essenciais para as redes elétricas, as baterias e os veículos elétricos (VE), mas também desempenham um papel crucial nos chips de inteligência artificial, nos motores a jato, nos sistemas de defesa e noutras indústrias estratégicas”, sublinha o relatório. Em novembro de 2025, mais de metade destes minerais estratégicos estavam sujeitos a algum tipo de controlo de exportação.
- Crescimento mais lento dos carros elétricos. A AIE reviu em baixa a projeção para o crescimento das vendas de carros elétricos, sobretudo nos EUA. No cenário de políticas correntes a quota mundial de carros elétricos atinge um pico de cerca de 40% após 2035, propiciando um crescimento do uso de combustíveis fósseis nos transportes até 2050.
- Pobreza energética. O relatório assinala que cerca de 730 milhões de pessoas ainda vivem sem eletricidade e quase 2.000 milhões — um quarto da população mundial — dependem de métodos de confeção prejudiciais à saúde humana. “Tal como está, o mundo não está no bom caminho para colmatar esta enorme lacuna no acesso à energia moderna”, assinala a AIE.
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