“Força” da IA pode deixar o mundo só com cinco empresas, avisa CEO da Cloudflare
Matthew Prince, o empresário norte-americano que teceu duras críticas a Portugal em maio, mostrou-se "preocupado" com o impacto dos agentes de inteligência artificial nos negócios.
O CEO da tecnológica norte-americana Cloudflare avisou esta quarta-feira que o desenvolvimento da Inteligência Artificial (IA) pode criar um nível de consolidação empresarial ao ponto de o mundo ficar com apenas cinco empresas. Matthew Prince antevê que o modelo de negócio da Internet “vai mudar significativamente” e prejudicar as marcas.
“O modelo de negócio fundamental da Internet está prestes a ruir, certamente para os media e criadores de conteúdos, mas também para as pequenas empresas e marcas, à medida que cada vez mais pessoas recorrem aos agentes de IA para obter informações, fazer compras e tudo o resto que fazemos online hoje em dia”, explicou na Web Summit.
O empresário de Salt Lake City – e a pessoa mais rica do estado de Utah – enumerou três mudanças na história da Internet: a passagem da web para o motor de busca, a seguir as redes sociais e depois o mobile. Em todas estas fases os modelos de negócio permaneceram os mesmos, o que agora não irá acontecer, prevê.
“Estou realmente preocupado que no futuro haja cinco empresas. E não estou a falar só de cinco empresas de IA. Estou mesmo a falar de cinco empresas, porque esta é uma força de consolidação. O que acontecerá às marcas?”, questionou-se Matthew Prince, no palco principal da cimeira tecnológica, que decorre em Lisboa até esta quinta-feira.
Matthew Prince utilizou os desenhos animados dos anos 1960 “Os Jetsons: Uma Família do Futuro” para fazer uma comparação com os agentes de IA. Naquela década, os fãs da série televisiva consideravam-na uma autêntica história de ficção científica, mas em pleno século XXI a robótica acabou mesmo por invadir o quotidiano das famílias e das empresas. Ou seja, o impacto do debate futurístico que ouvimos nestes pavilhões da FIL sobre IA está aí ao virar da esquina.
“Esta nova interface de IA – da robô Rosie – vai desintermediar a relação direta com os leitores e clientes. Num mundo em que todo o comércio se torna agêntico, o que é que vai acontecer com as pequenas empresas? Eu não sei”, advertiu. Ainda assim, garante que as Big Tech querem ser umas “super-heróis da Marvel” e pagar pelo conteúdo que usam para alimentar os algoritmos, bem como “retribuir ao ecossistema”. Todas, menos uma.
O CEO da Cloudflare fez várias críticas à alegada posição dominante da Google na Internet, afirmando que é preciso chamar a atenção da tecnológica, porque continua a ser ‘rainha e senhora’ do WWW e tem de cumprir as mesmas regras do que os outros operadores. Aliás, considera que, enquanto esse alerta não for dado, os grupos de comunicação social e os criadores de conteúdo continuarão sem serem pagos pela informação que produzem.
O grande patrono da internet nos últimos 27 anos foi a Google. O grande vilão da internet hoje em dia também é a Google. A Google está a usar a posição dominante que tinha nas pesquisas para se infiltrar na IA.
“O Sam Altman [criador do ChatGPT] não consegue fazer com que a OpenAI pague pelos conteúdos se eles vierem da Google e a Google os obtém de graça (…). As pessoas esquecem-se, mas porque é que o Elon Musk e o Sam Altman criaram a OpenAI? Porque estavam com medo de que a Google ficasse numa posição tão dominante que ninguém a conseguisse parar”, sustentou.
De parte ficaram comentários específicos sobre Portugal, um país onde a Cloudflare tem centenas de trabalhadores, mas do qual o CEO tem sido um forte crítico quer devido ao caos no aeroporto de Lisboa ou o atraso na obtenção de vistos para os trabalhadores estrangeiros.
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