BRANDS' ECO Automotive Summit 2025: Portugal acelera na corrida pela mobilidade do futuro

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  • 13 Novembro 2025

Num momento de viragem para a indústria automóvel, o Automotive Summit 2025 reuniu os mais diversos intervenientes do setor para discutir o impacto da digitalização, da IA e da regulação global.

Aveiro voltou a afirmar-se como a capital da inovação automóvel portuguesa. No Centro de Congressos, o Automotive Summit 2025, promovido pela OPCO Creating Solutions em parceria com a InovaRia e a Mobinov, reuniu dezenas de especialistas, empresas e líderes institucionais para discutir o presente e o futuro de uma indústria que está a ser redesenhada pela inteligência artificial, pela eletrificação e por uma complexa teia de normas globais.

Ao longo de um dia de debates e apresentações, o encontro deixou clara uma ideia central: o automóvel já não é apenas uma máquina, é uma plataforma digital, regulada, interconectada e em mutação permanente.

Na sessão de abertura, Pedro Silva, diretor-geral da OPCO, traçou o propósito da iniciativa. “O nosso objetivo é juntar quem decide, quem produz e quem inova. O setor automóvel é uma força motriz da economia, mas também um laboratório de transformação. É aqui que se decide como será a mobilidade dos próximos anos”, afirmou.

Paulo Marques, gestor executivo da InovaRia, sublinhou o papel estratégico do ecossistema de Aveiro. “A região é um espaço natural de experimentação tecnológica. Aqui reúnem-se empresas, universidades e centros de investigação que desenvolvem tecnologias com impacto global”, disse, referindo projetos de conectividade e microeletrónica que fazem de Aveiro “um território-laboratório para o futuro da mobilidade”.

Em nome da Mobinov, Miguel Araújo destacou a importância de equilibrar ambição e realismo na transição do setor. “Vivemos uma revolução sem precedentes. A digitalização e a transição energética são inevitáveis, mas têm de ser conduzidas com racionalidade económica e visão política”, defendeu.

Portugal na cadeia global de valor

A edição de 2025 decorreu sob o tema “Estratégia, Desafios e Mercados – Caminhos do Setor Automóvel e Mobilidade” e dividiu-se em dois grandes blocos: a manhã, centrada na competitividade e regulação, e a tarde, dedicada ao digital e à inteligência artificial.

Logo no primeiro painel, André Ferreira, da Sodecia EUA, e Raquel Laranjeira, especialista em inovação, abordaram o posicionamento de Portugal na cadeia global de valor. “A indústria automóvel continua globalizada, mas com dinâmicas regionais muito distintas”, disse André Ferreira, lembrando que “a agilidade e a relação direta entre políticas públicas e investimento privado explicam a competitividade dos Estados Unidos”.

Raquel Laranjeira defendeu que o país deve “evoluir da excelência industrial para a liderança em inovação”, sublinhando que “o futuro pertencerá a quem inovar de forma responsável, sustentável e colaborativa”.

No mesmo painel, Miguel Pinto, presidente da Mobinov, alertou para a urgência de recuperar o atraso europeu. “A China cresceu acima dos dois dígitos, os Estados Unidos mantêm um ritmo de expansão, e a Europa está a perder terreno. A transição energética e digital não pode ser travada pela burocracia”, afirmou.

A manhã culminou com o painel “Normas e Regulamentação no Setor Automóvel”, onde Markus Kinds (Schnellecke), Erica Biffi (Pirelli) e Paul Hardiman (Quality Partner), com a participação de Terry Onica e Cathy Fisher, analisaram as novas versões das normas VDA 6.8 e IATF 16949, sublinhando a crescente complexidade das certificações internacionais.

“O VDA 6.8 representa um avanço importante para processos logísticos mais integrados, com maior foco na cibersegurança e na sustentabilidade”, explicou Markus Kinds. Já Paul Hardiman lembrou que “a multiplicação de requisitos específicos de cliente está a tornar o sistema difícil de gerir”. “A quantidade de esforço perdido por causa de normas diferentes é enorme. A harmonização é essencial”, frisou.

A perspetiva dos fornecedores

Da perspetiva dos fornecedores, Erica Biffi, da Pirelli, foi direta: “Os suppliers de primeira linha vivem sobrecarregados por normas e auditorias que muitas vezes se sobrepõem. Precisamos de um sistema comum e integrado que evite duplicar trabalho”.

A tarde abriu com um novo eixo temático: a influência do digital no setor automóvel. Daniel Rodrigues e Nuno Monteiro, da Critical Techworks, explicaram como a engenharia portuguesa participa na construção do software defined vehicle, conceito que está a revolucionar a indústria. “O automóvel é agora uma máquina digital. O código é tão determinante quanto o motor”, afirmou Daniel Rodrigues. “Os veículos já não são apenas máquinas físicas: são sistemas conectados e programáveis que evoluem ao longo da sua vida útil”, acrescentou Nuno Monteiro.

O painel seguinte, conduzido por Terry Onica e Cathy Fisher, explorou as interligações entre o MMOG/LE e o IATF 16949. “As novas normas refletem um setor em transformação, onde a qualidade e a logística estão cada vez mais próximas”, referiu Onica, destacando que “a digitalização é a única forma de garantir previsibilidade e rastreabilidade nas cadeias globais”.

O Workshop Tecnologias no Setor Automóvel, moderado por Jorge Bandeira (InovaRia), juntou a Capgemini Engineering, Bosch Car Multimédia, Yazaki, Critical Software e o Instituto de Telecomunicações. O foco foi a aplicação prática de inteligência artificial, análise de dados e automação cognitiva na produção automóvel.

“Estamos a caminhar para uma automação que aprende e se antecipa”, resumiu Hugo Martins, da Capgemini. Já Rui Cardoso, da Bosch, destacou a conectividade como nova fronteira: “Cada componente comunica. Cada sensor gera dados. A fábrica e o veículo tornam-se um sistema único”.

Susana Sargento, do Instituto de Telecomunicações, reforçou a importância da colaboração entre investigação e indústria: “O automóvel é uma extensão da infraestrutura. A comunicação vehicle-to-everything vai permitir uma mobilidade mais segura e eficiente, e Portugal tem projetos de referência internacional nessa área”.

Um alerta sobre o futuro

A sessão final, “Desafios e Soluções noutros Setores da Mobilidade”, trouxe duas perspetivas complementares. Brígida Lopes, da CP – Comboios de Portugal, apresentou a estratégia de modernização ferroviária e de descarbonização do transporte público. “Só pela atualização tecnológica das frotas, reduzimos mais de 9% do consumo energético nos últimos cinco anos”, afirmou. “Estamos a aplicar engenharia inversa para prolongar a vida útil das automotoras elétricas e reduzir a dependência de fornecedores externos.”

Da aviação e defesa, João Pedroso, da Aerial Electronics, deixou um alerta sobre o futuro industrial europeu. “A Europa continua demasiado lenta na adoção de novas tecnologias. Perdemos competitividade e capacidade de produção”, afirmou. “Temos de pensar estrategicamente e recuperar a nossa autonomia industrial. O talento existe, o que falta é visão e coragem.”

O evento terminou com uma mensagem gravada do Secretário de Estado da Economia, que destacou o papel do setor automóvel na reindustrialização verde e digital. “Vivemos um momento de transformação profunda, marcado pela transição energética, pela digitalização e pela inovação tecnológica. Portugal tem talento, capacidade industrial e visão estratégica”, afirmou, sublinhando o objetivo de “liderar nas áreas emergentes da mobilidade elétrica, microeletrónica e sistemas inteligentes de transporte”.

No encerramento, Pedro Silva confirmou o regresso do Automotive Summit em 2026 e sintetizou o espírito do encontro. “A mobilidade muda todos os dias. O que hoje é futuro, amanhã será passado. Cabe-nos garantir que Portugal continue a fazer parte dessa mudança.”

Mais do que um fórum técnico, o Automotive Summit 2025 mostrou que Portugal já não é apenas um fornecedor industrial, mas um protagonista na transformação digital da mobilidade. A revolução automóvel está em marcha. E o país quer estar ao volante.

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