Banca pressiona Gleba. Padaria tem dívidas de 12 milhões

Santander e Bankinter avançaram com ações para executar padaria artesanal. Gleba tem perto de 70 credores que reclamam mais de 12 milhões de euros. Banca tem exposição de 6,5 milhões.

Gleba tem 24 lojas em Lisboa e nos arredores.Gleba

Com um processo especial de recuperação (PER) em curso, a padaria Gleba procura renegociar uma dívida que ascende a mais 12 milhões de euros, metade da qual junto da banca, de acordo com a lista provisória de perto de 70 credores que inclui ainda o Estado, centros comerciais, fornecedores e os próprios acionistas.

Tal como o ECO avançou, a padaria artesanal avançou com o PER há cerca de um mês face à necessidade de aliviar o peso da dívida, isto depois de a forte expansão da atividade nos últimos três anos — em que multiplicou o número de lojas e de trabalhadores na região da Grande Lisboa — ter colocado a empresa numa situação de pressão junto dos credores.

Dois desses credores, de resto, chegaram a avançar com ações de execução contra a Gleba nos últimos tempos — o Bankinter e, mais recentemente, o Santander Totta. A pressão dos bancos terá sido uma das razões para a padaria ter pedido proteção judicial para se reestruturar financeiramente. Outros credores poderiam seguir o mesmo caminho do tribunal dado o risco de virem a perder dinheiro.

As duas instituições financeiras reclamam créditos de 818 mil euros e 210 mil euros, respetivamente, mas estão longe de liderar a lista provisória que o administrador judicial provisório entregou na semana passada no tribunal. Os bancos — ao todo são dez os que integram a lista de credores da Gleba — representam mais de metade da dívida (6,5 milhões de euros), com BPI (1,22 milhões), BCP (1,09 milhões) e Caixa Geral de Depósitos (1,07 milhões) à cabeça.

Do lado do Estado, o Instituto da Segurança Social reclama 1,06 milhões de euros, sobretudo por conta de contribuições vencidas este ano, enquanto a Autoridade Tributária reclama perto de 230 mil euros por falta de pagamento do IRC — um incumprimento que já valeu uma coima de cerca de oito mil euros.

Centros comerciais como o Cascais Shopping, Alegro Alfragide, Colombo, Vasco da Gama e os Forum Almada e Montijo, onde a Gleba tem espaços, têm 121 mil euros por receber relativos a rendas.

Deve 340 mil aos acionistas em suprimentos e… dividendos

A lista de credores inclui ainda o próprio fundador Diogo Amorim, que controla atualmente 65% da Gleba, e os outros dois acionistas, o empresário António Carrapatoso (que detêm 14% através da sociedade Orientempo) e da filha, Marta (21%), desde 2019.

Ao todo, os três acionistas reclamam cerca de 320 mil euros a título de suprimentos (empréstimos) e também de dividendos.

Trabalhadores com tudo em dia

A lista tem ainda outros fornecedores e não há qualquer trabalhador a reclamar dívidas. Atualmente, a Gleba tem mais de 240 empregados. Diogo Amorim adiantou ao ECO que o PER não prevê qualquer plano de saídas. “Está previsto restruturar a dívida da empresa, reduzir custos não produtivos e continuar a aumentar vendas para diluir os custos fixos associados às lojas e à organização em geral”, assegurou o fundador há um mês, depois de o tribunal ter aprovado o plano.

Na mesma altura, Diogo Amorim justificou a necessidade de reestruturar a dívida da empresa com o forte investimento nos últimos anos e também pelo facto de ter registado não só atrasos na abertura de lojas como também “um desempenho aquém do estimado” em algumas das 24 lojas que tem na região da Grande Lisboa, 14 das quais espalhadas pela capital.

Os dados mais recentes – relativos a 2023 – mostram uma evolução muito positiva das vendas da Gleba, mas também do passivo. A faturação cresceu 35% para 7,3 milhões de euros. Porém, e por conta do serviço da dívida, o crescimento do negócio não se refletiu nos resultados líquidos, que se cifraram em apenas 11,6 mil euros, o que compara com 600 mil euros em 2022.

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