Militares tomaram o poder em Bissau. Governo português pede que não haja violência
Os militares assumiram a liderança da Guiné-Bissau, encerraram as fronteiras do país e denunciam uma “tentativa de manipulação dos resultados eleitorais” das eleições do passado domingo.
Os militares tomaram esta quarta-feira o poder na Guiné-Bissau, depois de um tiroteio que durou cerca de meia hora, segundo um comunicado das Forças Armadas guineenses. O comunicado foi lido na televisão estatal guineense TGB pelo porta-voz do Alto Comando Militar, Dinis N´Tchama, que informa que os militares assumiram a liderança do país.
Na comunicação informa-se que foi “instaurado pelas altas chefias militares dos diferentes ramos das Forças Armadas, o Alto Comando Militar para a restauração da segurança nacional e ordem pública” e que o mesmo “acaba de assumir plenitude dos poderes de Estado da República da Guiné-Bissau”.
O Alto Comando Militar informa que depôs o Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, e que encerrou, “até novas ordens, todas as instituições da República da Guiné-Bissau”. Informa ainda que estão suspensas “as atividades de todos os órgãos de comunicação social”, assim como decidiu “suspender imediatamente o processo eleitoral em curso”.
Os militares encerraram também todas as fronteiras do país, terrestres, marítimas e espaço aéreo nacional, e estabeleceram “recolher obrigatório das 19:00 até 06:00, até repostas as condições necessárias para restaurar a normalidade constitucional do Estado guineense”.
No comunicado, explica que se trata de uma reação “à descoberta de um plano em curso de destabilização do país”, atribuído a “alguns políticos nacionais com a participação de conhecidos barões de droga nacionais e estrangeiros”. Segundo os militares, o plano consistiria na “tentativa de manipulação dos resultados eleitorais” das eleições gerais de domingo, cuja divulgação estava agendada para quinta-feira.
O Alto Comando Militar acrescenta que “foi descoberto pelo Serviço de Informação de Estado um depósito de armamento de guerra” destinado à “efetivação desse plano”. O Alto Comando Militar exercerá o poder do Estado a contar da data de hoje “até que toda a situação seja convenientemente esclarecida e respostas as condições para o pleno retorno à normalidade constitucional”, acrescenta.
Os militares apelam “à calma, à colaboração dos guineenses e compreensão de todos perante” o que classificam como “grave situação imposta por uma emergência nacional”.
O Governo português afirmou entretanto que a normalidade constitucional na Guiné-Bissau foi interrompida e apelou a que os envolvidos nestes acontecimentos se abstenham de atos violentos, segundo um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros.
Face aos “acontecimentos que interromperam o curso da normalidade constitucional na Guiné-Bissau”, o Governo português apelou a que todos os envolvidos se abstenham de qualquer ato de violência institucional ou cívica.
Apela ainda a que “se retome a regularidade do funcionamento das instituições, de modo que se possa finalizar o processo de apuramento e proclamação dos resultados eleitorais.
O Governo assegurou ainda que está em contacto permanente com a Embaixada portuguesa em Bissau “para se assegurar da situação dos cidadãos portugueses e, bem assim, da população em geral”.
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