Só 17% dos cargos executivos nas cotadas são ocupados por mulheres

Oito anos após terem sido anunciadas as quotas nos conselhos de administração e fiscalização das cotadas, a representatividade das mulheres mais que duplicou, mas continua (muito) longe da igualdade.

O peso das mulheres nos conselhos de administração das cotadas portuguesas mais que duplicou desde 2017, ano em que foram anunciadas as quotas nos boards e conselhos de fiscalização. Mesmo assim, a representatividade feminina em cargos de gestão e estratégicos permanece reduzida. O peso feminino nos boards representa pouco mais de um terço e apenas 17,4% das funções executivas em empresas com capital disperso em bolsa são ocupadas por mulheres.

“Desde o início de 2017, ano em que foi decidida a implementação de quotas em empresas cotadas, Portugal reforçou o peso de mulheres administradoras em empresas cotadas em 136%, ou seja, mais do que duplicou, passando de 15,5% para 36,6%“, conclui uma análise do Innovators Forum’25 – powered by Sonae, que debate esta quinta-feira o impacto da diversidade na competitividade das empresas, no Terminal de Cruzeiros do Porto de Leixões.

Os números revelam que Portugal foi o quinto país que mais evoluiu em termos de representatividade das mulheres nas administrações das cotadas, entre 30 países europeus analisados, ficando apenas atrás da Roménia (200%), Grécia (190%), Malta (140%) e Irlanda (139%). Uma evolução que permitiu a Portugal passar de 20º para 15º lugar no ranking empresas cotadas, acrescenta o estudo do Innovators Forum’25 – powered by Sonae, realizado pela BA&N Research Unit tendo por base dados do European Institute for Gender Equality.

Segundo a mesma análise, Portugal supera a média de 35,2% de mulheres administradoras nas principais empresas cotadas da União Europeia, mas continua longe dos valores registados em França (46,9%), Islândia (45,7%), Itália (44,4%), Dinamarca (44,3%) e Reino Unido (44,3%), os países com maior percentagem de mulheres nos boards de empresas cotadas.

Poucas mulheres com poder de decisão

Se o número de mulheres administradoras é muito inferior ao masculino, (muito) mais o é em cargos de decisão, onde se mantém uma grande diferenciação de género nos cargos de liderança das empresas com capital disperso em bolsa, onde a gestão continua a cargo dos homens. O peso das mulheres em funções executivas na administração das cotadas em Portugal é de 17,4%, mais do dobro (112%) dos 8,2% registados em 2017.

“Apesar destes avanços, os dados mostram que Portugal continua longe do equilíbrio de género nas posições onde se tomam decisões estratégicas”, assume o estudo, destacando que Portugal continua a ser o sétimo com menor peso de mulheres em funções de administração executiva, num conjunto de 30 países.

A média de 17,4% de mulheres na gestão das cotadas compara com uma média de 23,7% na União Europeia. Apenas Polónia (15,9%), Eslováquia (14,7%), Chéquia (14,1%), Áustria (13,8%), Bulgária (13,8%) e Luxemburgo (10%) apresentam menor representatividade feminina nas equipas de gestão. Em sentido oposto, Reino Unido (34,7%), Noruega (31,3%), Islândia (32,3%), França (30,8%) e Suécia (30,4%) surgem com as maiores percentagens de mulheres em posições de administração executiva.

Foi em 2017 que o Governo de António Costa decidiu aplicar quotas para reforçar o número de mulheres com assento nos conselhos de administração e de fiscalização das cotadas, fixando, para 2018, um limite mínimo de 20% de mulheres nestes cargos, sem distinguir entre executivos e não executivos. Em 2020, a representatividade mínima de mulheres subiu para 33,3%.

Apresentação dos resultados de 2023 do grupo Sonae - 13MAR24
Cláudia Azevedo, CEO da Sonae, era a única mulher à frente de uma cotada do PSI, em 2017Ricardo Castelo/ECO

A imposição deste sistema forçou as cotadas a aumentar o número de mulheres nos boards, mas as mudanças registadas nestes anos mostram que as empresas limitaram-se a preencher os cargos para cumprir a lei. Olhando para as 16 do PSI, Cláudia Azevedo, CEO da Sonae, era a única mulher a liderar uma cotada do principal índice da bolsa lisboeta, em 2017.

Oito anos depois, além da CEO da empresa da família Azevedo, apenas a Galp tem uma mulher à frente, com Maria João Carioca a dividir a liderança da petrolífera com Diogo Silva.

“É precisamente esta visão de como as medidas de Diversidade, Equidade e Inclusão (DE&I) podem impactar o desempenho das empresas que marcará o debate da terceira edição do Innovators Forum’25, onde são esperadas mais de 500 pessoas e que contará também com transmissão online“, remata o comunicado onde são divulgados os resultados da análise.

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