Quando a literacia financeira vence o ruído das redes sociais
Os vencedores do concurso “O Meu Futuro Financeiro” demonstram que a educação financeira é a base sólida para decisões conscientes, longe das modas e dos mitos digitais.

Numa altura em que os desafios económicos se intensificam e o nível de literacia financeira dos portugueses permanece entre os mais baixos da Europa, a iniciativa “O Meu Futuro Financeiro” surge como uma resposta para promover o conhecimento financeiro entre os jovens universitários.
Promovido pelo Banco de Portugal e pela CFA Society Portugal, este concurso reuniu 124 equipas de 27 universidades, desafiando os participantes a resolverem casos práticos sobre orçamento familiar, poupança e investimento em produtos financeiros digitais. Foi neste contexto que David Sousa, Leonor Rocha e Tiago Freitas, alunos da Católica Lisbon School of Business & Economics, se destacaram como vencedores da primeira edição do concurso.
“Associamos a literacia financeira aos cursos de economia, gestão e finanças, mas, na verdade, não nos focamos [no curso] nesses aspetos pessoais de como poupar, em que poupar, como organizar o nosso orçamento pessoal”, sublinha David Sousa. Esta reflexão revela uma lacuna preocupante mesmo entre estudantes das áreas económicas e reforça a necessidade de iniciativas como esta.
Em entrevista ao ECO, os vencedores do concurso não escondem a preocupação com o impacto dos “fininfluencers” e da proliferação de conselhos financeiros nas redes sociais. “Vejo amigos que falam em memecoins como um investimento a longo prazo, o que me deixa absolutamente sem palavras”, confessa David, alertando para a tendência de tratar o investimento como um jogo. Esta realidade é agravada pelos dados de um inquérito da Blackrock que mostram que 43% dos investidores portugueses possuem criptoativos, quase o dobro da média europeia.
Os vencedores do concurso “O Meu Futuro Financeiro” defendem unanimemente a introdução da educação financeira nas escolas como “a base para depois as pessoas conseguirem tomar decisões informadas”.
Para Tiago, a regra é clara: “Invisto apenas naquilo que percebi completamente.” Uma filosofia que contrasta com a tendência dos jovens portugueses para investimentos de alto risco sem o devido conhecimento. “Investir pode capitalizar a poupança, mas também pode ser um casino, se não percebermos aquilo que estamos a fazer”, alerta o estudante de Finanças, numa crítica direta à pressão das redes sociais para “enriquecer rapidamente”.
Leonor destaca também a importância de se “falar abertamente sobre dinheiro”, um tema que considera ainda tabu em muitas famílias portuguesas, apesar de ser “uma parte fundamental da vida e não só uma coisa acessória”. A estudante de Gestão Internacional defende que quem tem formação na área deve “assumir este papel” de educar os pares, especialmente numa fase em que os jovens iniciam a vida ativa.
Os vencedores defendem unanimemente a introdução da educação financeira nas escolas como “a base para depois as pessoas conseguirem tomar decisões informadas”. Tiago compara o processo com a educação ambiental. “Aquilo que foi ensinado nas escolas depois passou para os pais”, sugerindo que as crianças podem ser agentes de mudança nas suas próprias famílias.
Assista à entrevista completa com os vencedores do concurso “O Meu Futuro Financeiro” para conhecer algumas das estratégias de poupança e de investimento que estes jovens seguem e alguns conselhos que podem ajudá-lo a gerir melhor o seu dinheiro.
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