BRANDS' ECOSEGUROS Vencedores e Conclusões do Fórum Ibérico Insurtech 2023
A inovação no ecossistema segurador, através de AI, foi discutida por 48 oradores de 4 continentes no Fórum Ibérico Insurtech. Já são conhecidas as Insurtechs mais distinguidas e várias sinergias.
No dia 12 de maio, o Fórum Picoas da Altice Portugal foi palco do evento “Fórum Ibérico InsurTech 2023”. O evento, organizado pela AFIP – Associação Fintech InsurTech Portugal – e a MadFintech – Madrid Capital Fintech, reuniu especialistas, profissionais do setor de seguros e entusiastas da inovação para discutir as tendências emergentes e o futuro da InsurTech na Península Ibérica.
O Fórum, que já está na sua terceira edição, destacou-se como uma plataforma única para a troca de conhecimentos, networking e identificação de oportunidades de colaboração entre as empresas tradicionais de seguros e as startups de InsurTech. Com uma programação repleta de palestras, painéis e sessões interativas, o evento decorreu das 9 horas às 18 horas.
A abertura do evento esteve a cargo de Míriam Costa, Business Developer e Consultora para o setor segurador em matéria de Inovação na Distribuição, a qual assumiu a liderança na organização deste evento, como membro do workgroup Insurtech da AFIP; mas também de Salvador Molina, Presidente do Fórum Ecofin e da MadFintech, o clúster Fintech da Madrid Capital; Manuel Caldeira Cabral, membro do conselho de administração da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões, ASF; Francisco Javier Baena, CIO da Direção Geral de Seguros e Fundos de Pensões, a DGSFP, a congénere da ASF em Espanha; Diego de Arístegui, Project Director na Invest in Madrid; e Diogo Moura, Vereador da Economia e Inovação da Câmara Municipal de Lisboa, que começaram por partilhar o panorama de todo o ecossistema em termos de inovação e tecnologia.
Durante o resto do dia, diversos oradores partilharam as suas experiências e perspetivas sobre o impacto da sustentabilidade e da tecnologia na indústria de seguros e as transformações em curso, entre eles Stefano Bison, keynote speaker internacional muito conhecido e Diretor de Business Development e Inovação do Grupo Generali – convidado pela Tranquilidade, o principal patrocinador do evento – e que veio dar nota da interessante estratégia de Inovação do Grupo.
O segundo keynote speaker do Fórum foi este ano Hugh Terry, CEO da TDI, The Digital Insurer, e orador muito conhecido em eventos de inovação em seguros em todo o mundo, em particular Asia, e que desde Singapura, fez com uma apresentação notável em torno de interessantes Business cases, frisando a importância da equilibrada convivência entre os modelos digital, o híbrido e o personalizado.
A presença de Hugh Terry teve um caráter especial, já que durante o evento foi assinada uma parceria de colaboração entre a AFIP e a TDI.
Nesta 3ª edição, as rodas de pitch de Insurtechs foram três, ao longo das quais 22 projetos disruptivos de três continentes foram apresentados (Portugal, Espanha, Angola, Argentina, Bélgica, França,…); uma das condições na fase de seleção era estarem, ou planearem entrar a curto prazo, no espaço ibérico. O evento contou, ainda, com três mesas redondas, que abordaram tópicos como “Aceleração sustentável e ESG/Sustentabilidade”, “Tecnologia Impactante na Inovação no Setor Segurador” e “Inovação na Distribuição de Seguros”.
Aceleração sustentável e ESG
A primeira mesa redonda do evento, moderada por Nuno Sapateiro, especialista em Conhecimento Jurídico da AFIP e Sócio da Abreu Advogados e por João Paulo Matos, especialista em conhecimentos de estratégia empresarial e investidor da AFIP, que abordou o tema da aceleração da sustentabilidade e ESG no ecossistema segurador, e teve como oradores Susana Mayer, Diretor de Sustentabilidade, Tranquilidade/Generali; Nuno Cordeiro, Diretor da PwC; e Gabriela Rozier, diretora-geral da MIA, Miami InsurTech Advocates Hub, a primeira comunidade Insurtech latino-americana.
“Na minha opinião, o ESG é uma estratégia económica que agrega dimensões financeiras e dimensões associadas à ciência. Mas na prática não estamos assim tão bem. Estamos a caminhar para um cenário de mais 2.7 graus. Os últimos 20/30 anos em Portugal tem-nos custado 0,2% do PIB. Se caminharmos para cenários de aumento de 2 graus, isto dobra, se caminharmos para cenários de aumento de 3 graus, que será o mais realista, isto triplica. O problema é que esta percentagem do PIB, em termos daquilo que é cobertura de seguros, é baixíssima. Para Portugal, cerca de 10%. Para Espanha a realidade não é muito diferente, está entre os 10% e os 15%”, começou por dizer Nuno Cordeiro, da PwC.
Nesse sentido, o responsável da PwC referiu, ainda, a dependência que as seguradoras têm das políticas públicas e da “ineficácia dos processos estatais e administrativos”, bem como a importância do protection gap. “Discutir ESG para o setor financeiro e setor segurador é entender estas duas dinâmicas: a dinâmica das alterações climáticas e os custos que lhes estão envolvidos e, por outro lado, a necessidade de a colmatar, o tal protection gap que referia, ou seja, ter algo que realmente compense as perdas que se adivinham”, acrescentou.
Por sua vez, Susana Mayer, da Tranquilidade, reforçou a importância que a sustentabilidade tem para todos os setores e a forma como, no setor segurador, este tema pode ser diferenciador: “Nós vivemos num enquadramento onde os desafios e os riscos são os mesmos, mas podemos dar respostas diferentes porque os valorizamos de forma diferente. O que assistimos é que, quer pela prevenção ou pela compensação, o setor segurador é diferenciador, até porque tem na sua génese uma origem social. Agora começamos a entrar na dimensão ambiental, na qual também entra a questão dos dados, onde as InsurTechs têm um papel fundamental”.
“Creio que todo o tema da sustentabilidade é tão amplo e completo que acho que a melhor maneira de lidar com ele é através de parceiros estratégicos que nos ajudem a fazer um crescimento exponencial. Não somos adversários neste tema, somos aliados. É um tema de todos nós como indústria”, acrescentou, ainda, Gabriela Rozier, da MIA.
Tecnologia no setor dos seguros
A segunda mesa redonda do evento, moderada por Paulo Padilha, especialista e consultor em distribuição e comercialização de seguros da AFIP para o setor dos seguros, abordou o tema a inovação tecnológica e o seu impacto no setor dos seguros, e teve como oradores alguns dos empreendedores que marcaram presença nos picth groups, nomeadamente Guilherme Barreto, Vice-Presidente de Desenvolvimento Comercial da Automaise; José Bastos, co-fundador e CEO da knok Healthcare; Gonçalo Consiglieri, COO e co-fundador da Visor.ai; e Pedro Moura, Portugal Tech Hub.
“Eu acho que só quem estiver a dormir nos últimos seis meses é que não acordou para o tema da Inteligência Artificial“, afirmou Guilherme Barreto, da Automaise. O empreendedor explicou que aquilo que tem vindo a acontecer com a IA é um “representou um grande avanço” e é um “game changer“ para vários setores, inclusivamente para o setor segurador.
“Já há use cases interessantes, mas ainda estamos no começo. Ao longo dos próximos meses e anos vamos ver novas áreas de aplicação, que vão tocar na indústria dos seguros e em todas as outras, e vão acelerar a jornada de transição digital“, garantiu.
Gonçalo Consiglieri, da Visor.ai, concordou com Guilherme e reforçou que, realmente, este processo foi “muito rápido”, o que também se manifesta na mentalidade das pessoas que, há uns meses atrás, talvez não estivessem tão voltadas para esta temática, mas agora estão.
“O mercado tem demonstrado um interesse muito grande nos chatbots, tanto o mercado segurador como o mercado financeiro”, disse, acrescentando que, em vez de se olhar para os chatbots como algo que vai tirar trabalho às pessoas, devia olhar-se pela possibilidade que esta ferramenta tem de otimizar recursos e fazer o “trabalho chato”.
“Tal como na revolução industrial, em que as máquinas passaram a fazer o trabalho duro, neste caso, “o trabalho boring pode passar a ser feito pelos chatbots”. “Se for posicionado como algo positivo para todos, saímos todos a ganhar”, terminou.
Já José Bastos, da knok Healthcare, deu um exemplo de como a Inteligência Artificial pode poupar recursos, inclusive às seguradoras: “Hoje, nas consultas ao domicílio, nós estamos a gerar, graças à tecnologia, poupanças de 75% para as seguradoras. Isto porque este tipo de consultas é um serviço típico de seguradoras, mas nós, como temos um sistema de triagem com IA, conseguimos, com precisão elevada, orientar um cliente para uma teleconsulta que, em 92% dos casos, resolve o problema do paciente”.
Desta forma, em vez de se gastar tempo e recursos na viagem até à casa do paciente, esta opção fica assegurada para os casos que realmente precisam dela e, para os outros casos, que são a maioria, a teleconsulta consegue ser suficiente.
Pedro Moura, do Portugal Tech Hub, foi ainda mais longe na sua avaliação sobre a tecnologia e abordou a forma como os recursos estão a ser aproveitados graças a esta evolução. “No ano passado vimos que, nos profissionais de tecnologia, houve um aumento do salário médio de 36,5%. Estamos a falar de 1/3 de aumento. E isto deve-se à normalização do trabalho remoto, que surgiu com a pandemia, e que fez com que empresas estrangeiras contratassem profissionais portugueses para trabalharem remotamente para elas”, contou.
O responsável pela Tech Hub relembrou, no entanto, que esta procura por profissionais portugueses não deve ser vista como um “roubo”, mas sim como uma oportunidade de também o país fazer diferente. “Não se pode achar que nos estão a roubar recursos. Nós temos de entrar no jogo de alguma forma”, concluiu.
Inovação na distribuição dos seguros
A terceira mesa redonda do evento, moderada por Míriam Costa, abordou o tema dos novos modelos de distribuição das seguradoras, e teve como oradores Ana Teixeira, co-fundadora e CEO da Mudey; Blanca Jiménez, sócia na BIP Consulting; Domingos Bruges, co-fundador e CEO na Habit Analytics; e João Silva Santos, co-fundador e CEO na Merytu.
“A transformação tecnológica também está a transformar a distribuição dos seguros e, nesse sentido, é fundamental ter uma plataforma tecnológica que permita dar resposta aos clientes“, começou por dizer Blanca Jiménez, da BIP Consulting.
A responsável ressalvou que o papel da tecnologia tem sido valorizado pelo próprio cliente, que cada vez mais quer rapidez na prestação do serviço: “Vemos que os clientes querem um serviço que seja cada vez mais instantâneo. O cliente não quer esperar três nem cinco dias até receber um serviço”.
Por essa razão, a sócia da BIP Consulting afirmou mesmo que “as companhias seguradoras que não tiverem capacidade para acompanhar esta transformação digital, vão ficar uma situação complicada”.
Nesse sentido, Domingos Bruges, da Habit Analytics, corroborou a opinião de Blanca ao afirmar que, “independentemente dos canais usados, o mais importante é existir contextualidade no processo”, mas que, para isso, “é necessário usar tecnologia”.
O CEO da Habit Analytics referiu, ainda, que para existir uma transformação positiva, além do contexto que se pode dar através da tecnologia, é fundamental ter parceiros com “um grande ecossistema de clientes”.
Por sua vez, Ana Teixeira, da Mudey, referiu que há, no entanto, alguns desafios no que diz respeito a levar a digitalização a agentes tradicionais: “Os pequenos mediadores tinham o desafio de não terem a capacidade de investimento para criar as plataformas tecnológicas. Mas, ao mesmo tempo, não querem perder a relação direta com o cliente“.
A solução, para isso, é disponibilizar uma plataforma digital, mas sem deixar que os mediadores percam este contacto mais próximo com o cliente. Desta forma, têm as duas opções, sem que uma anule a outra. “A mudança está a acontecer tão rápido e há muita coisa que se pode trazer ao mundo dos seguros para o tornar mais interessante”, disse.
Miriam Costa frisou da importância das próprias seguradoras potenciarem aos agentes soluções que os aproximem digitalmente do mercado potencial e melhorem a literacia.
E, dentro das opções que se podem trazer ao setor segurador, João Silva Santos, da Merytu, destacou a importância de criar soluções que vão ao encontro das necessidades atuais dos clientes e que realmente facilitem os processos.
O responsável da Merytu deu, para isso, o exemplo da solução de seguros de acidentes de trabalho temporários, adaptados não só para freelancers das áreas das artes e outras onde é mais comum optar-se por esta forma de trabalho, mas também para a área da hotelaria.
“A evolução do mundo do trabalho levou a esta necessidade e o potencial é enorme”, afirmou, ao mesmo tempo que lembrou que também esta ideia exige várias parcerias com outros parceiros, entre os quais está o Portal das Finanças, de forma a agilizar todo o processo de faturação do cliente.
Quais foram as insurtechs vencedoras desta edição?
O júri, constituído pelos membros dos workgroups Insurtech dos Organizadores, AFIP- Associação Fintech e Insurtech de Portugal, e MadFintech- Clúster Madrid Capital Fintech, elegeu como Vencedores do Fórum Ibérico Insurtech 2023, as seguintes empresas:
Caso não tenha assistido ao evento, tem a oportunidade de o fazer através dos seguintes links:
Round Table 1 “Sustainable Acceleration And ESG”
Keynote Speaker – Hugh Terry – CEO of TDI- The Digital Insurer
A TDI – Vincent Van de Winckel
Keynote Speaker – Stefano Bison – Head of Business Development and Innovation at Generali Group
Round Table 2 “Innovative Technologies”
Round Table 3 “New Distribution Models”
A edição de 2024 decorrerá em Madrid, no segundo trimestre, em data a anunciar.
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Vencedores e Conclusões do Fórum Ibérico Insurtech 2023
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