80% dos profissionais põem ética na IA nas mãos dos executivos

Cerca de 80% dos CEO inquiridos estão preparados para implementar práticas de ética na IA, mas menos de um quarto das organizações já atuaram nessa área.

Os executivos do negócio, como o CEO, são agora vistos como a força motriz da ética na inteligência artificial (IA): 80% dos profissionais consideram que um executivo não técnico é o principal defensor da ética aplica a esta tecnologia, uma subida acentuada face aos 15% registados em 2018. Os CEO (28%) são vistos como o principal garante da ética na IA, seguidos dos administradores (10%), consultores jurídicos (10%), responsáveis de privacidade (8%) e de risk & compliance (6%). Embora cerca de 80% dos CEO estejam preparados para implementar práticas de ética na IA, menos de um quarto das organizações já atuaram nessa área, revela um novo estudo do IBM Institute for Business Value (IBV).

“Como muitas empresas hoje em dia usam algoritmos de IA em todo o seu negócio, potencialmente enfrentam crescentes exigências internas e externas para conceberem estes algoritmos de forma a serem justos, seguros e confiáveis. No entanto, tem havido pequenos progressos em toda a indústria na incorporação da ética nas suas práticas de IA”, começa por explicar Jesus Mantas, global managing partner da IBM Consulting.

“Os resultados do nosso estudo do IBV demonstram que a construção de uma IA de confiança é um imperativo de negócio e uma expectativa social, e não apenas uma questão de conformidade. Como tal, as empresas podem implementar um modelo de governação e incorporar princípios éticos ao longo de todo o ciclo de vida da IA”, acrescenta, citado em comunicado.

A construção de IA de confiança é cada vez mais percecionada como um diferenciador estratégico — mais de três quartos dos líderes empresariais inquiridos este ano concordam que a ética na IA é importante para as suas organizações, acima dos cerca de 50% do estudo em 2018 — e as organizações estão a começar a implementar mecanismos de ética na IA.

A construção de uma IA de confiança é um imperativo de negócio e uma expectativa social, e não apenas uma questão de conformidade. Como tal, as empresas podem implementar um modelo de governação e incorporar princípios éticos ao longo de todo o ciclo de vida da IA.

IBV

Mais de metade dos inquiridos diz que a sua organização já tomou medidas para incorporar a ética na IA na sua atual abordagem à ética empresarial, nomeadamente criando mecanismo de ética específicos para a IA, como ferramentas de avaliação de risco dos projetos de IA e processos de auditoria e revisão. E os resultados têm sido positivos: 67% dos inquiridos que consideram importantes a IA e a ética na IA indicam que as suas organizações superam os seus pares em termos de desempenho em sustentabilidade, responsabilidade social e diversidade e inclusão.

Ainda assim, o processo é lento e nem todas as empresas já começaram realmente a fazer este caminho. Menos de um quarto das organizações que responderam ao inquérito do IBV operacionalizaram a ética na IA, e menos de 20% dos inquiridos concordaram significativamente que as práticas e ações da sua organização correspondem (ou excedem) os princípios e valores que foram declarados.

3 recomendações para os líderes

A boa notícia é que a larga maioria (79%) dos CEO entrevistados estão agora mais preparados para incorporar a ética nas suas práticas de IA do que em 2018 (20%), e mais de metade das organizações subscreveram publicamente princípios comuns da ética na IA.

“O momento para as empresas agirem é agora. Os dados do estudo sugerem que as organizações que implementem uma ampla estratégia de ética na IA integrada em todas as unidades de negócio podem ter uma vantagem competitiva ao avançarem já”, lê-se no estudo.

Enumerando algumas recomendações para os líderes empresais, o IBV destaca três recomendações:

  1. Ter uma abordagem multifuncional e colaborativa: “A IA ética requer uma abordagem holística, e um conjunto holístico de competências entre todas as partes envolvidas no processo de ética na IA. Executivos de C-Suite, designers, cientistas comportamentais, cientistas de dados e engenheiros de IA têm um papel distinto a desempenhar para uma jornada de IA confiável.”
  2. Estabelecer uma governança organizacional e do ciclo de vida da IA para operacionalizar a disciplina da ética na IA: “Ter uma abordagem holística para incentivar, gerir e governar soluções de IA em todo o ciclo de vida da IA, desde a definição da cultura certa para promover a IA de forma responsável, até às práticas, políticas e produtos.”
  3. Ir além da organização e estabelecer parcerias: “Alargar a abordagem identificando e envolvendo os principais parceiros tecnológicos, académicos e startups focadas em IA, assim como outros parceiros do ecossistema para estabelecer uma “interoperabilidade ética.”

O estudo do IBV, “AI ethics in action: An enterprise guide to progressing trustworthy AI”, entrevistou 1.200 executivos em 22 países de 22 indústrias para perceber qual a posição dos executivos quanto à importância da ética na IA e na forma como as organizações a estão a operacionalizar. Aceda ao estudo completo aqui.

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