Compra de dívida nacional do BCE em novo mínimo
BCE baixou o ritmo de compra de dívida portuguesa para um novo mínimo histórico, reforçando necessidade de aliviar regras do programa para torná-lo mais efetivo. Juros portugueses estáveis.
Pelo terceiro mês consecutivo, o Banco Central Europeu (BCE) travou o ritmo de compra de obrigações nacionais. Fevereiro marcou um novo mínimo histórico do programa do banco central no que toca a aquisições de dívida do governo nacional. Um sinal de que há cada vez menos títulos portugueses disponíveis, numa altura em que os responsáveis de política monetária manifestam disponibilidade para aliviar algumas regras do plano e, em sentido contrário, aquece o debate em torno do fim dos estímulos quando a inflação começa a dar sinais de subir.
O BCE comprou 656 milhões de euros em obrigações do Tesouro de Portugal no mês passado. O montante compara com os 688 milhões de euros em títulos adquiridos em janeiro e com a média de 1.100 milhões que o programa vinha comprado todos os meses. No total, o BCE detinha 25,95 mil milhões de euros em dívida nacional no final de fevereiro.
Em mercado secundário, os juros associados às obrigações a 10 anos seguiam com uma subida ligeira, de dois pontos base para 3,961%.
O abrandamento no ritmo de aquisição de dívida portuguesa reforça o sinal de que a entidade liderada por Mario Draghi está a ficar com poucas opções no mercado nacional, um cenário que os investidores já vinham antecipando desde o último trimestre do ano passado. A limitação também já foi reconhecida pelo próprio BCE, que manifestou a sua abertura para aligeirar as regras do programa.
Na última reunião do Conselho de Governadores, vários responsáveis indicaram que estão disponíveis para aliviar a aplicação de algumas regras do programa de compra de dívida dos governos da Zona Euro para assegurar uma política expansionista “substancial”, abrindo a porta ao alargamento das compras na periferia, incluindo Portugal, onde a autoridade monetária tem enfrentado limitações no alcance da sua bazuca.
“Desvios limitados e temporários” ao capital key — que determina quanto dívida de cada país é que o BCE pode comprar — “são possíveis e inevitáveis” para garantir que os estímulos possam ser implementados como anunciado, era referido nas atas do banco central publicadas em meados de fevereiro passado e que relatam com maior pormenor as discussões entre os membros do BCE na última reunião de política monetária, nos dias 18 e 19 de janeiro. Esta visão foi “amplamente” partilhada entre os membros, que consideraram “imperativo manter um grau de acomodação monetária bastante substancial”.
Apesar desta abertura, começa a subir de tom as vozes contra a manutenção do programa. Isto porque os preços na Zona Euro estão a dar sinais de querer acelerar além da meta do BCE. A inflação tem sido sobretudo alimentada pela escalada dos preços energéticos. Já a inflação subjacente, que exclui os preços energéticos e alimentares e que conta mais na definição das políticas monetárias, permaneceu no último mês nos 0,9%, ainda longe do objetivo em torno de 2% que o banco central assume.
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