“Leão saiu reforçado desta reunião” do Ecofin, diz Medina sobre corrida ao MEE
Após a reunião com os homólogos europeus, o atual ministro das Finanças mostrou confiança de que o ex-ministro João Leão poderá ser eleito para dirigir o Mecanismo Europeu de Estabilidade.
Fernando Medina está confiante de que o seu antecessor, João Leão, poderá ser eleito diretor-geral do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE), uma espécie de fundo monetário europeu, à semelhança do FMI a nível internacional. Após o encontro com os seus homólogos europeus, o atual ministro das Finanças disse esta terça-feira que “Leão saiu reforçado desta reunião”, mostrando “expectativa” de que o português seja o escolhido.
Com o candidato holandês Menno Snel fora da corrida, João Leão está agora a concorrer contra o candidato de Itália, Marco Buti (antigo diretor-geral dos Assuntos Económicos e Financeiros da Comissão Europeia), e o candidato do Luxemburgo, Pierre Gramegna (ex-ministro das Finanças). Um deles irá suceder a Klaus Regling, o alemão que esteve durante dois mandatos à frente do MEE.
“Creio que confirmou aquilo que já sabíamos à partida, que é o prestígio de João Leão dentro do Eurogrupo, aliás partilhado com os outros candidatos de alta qualidade“, começou por dizer Medina, assinalando que houve um “reconhecimento especial” relativamente a Leão. O ministro das Finanças diz que o português é um dos dois candidatos que está na fase final, ficando implícito que o italiano Buti, o menos votado na segunda ronda, não tem hipóteses. Ou seja, será entre Leão e Gramegna.
Porém, Medina avisa que “nada está decidido”, remetendo para a votação no conselho de governadores do MEE. Até lá, “haverá várias consultas” informais entre os países. “Nós temos expectativas que possa ser João Leão, que saiu desta reunião e deste encontro reforçado no seu prestígio e também nas suas possibilidades de vir a ocupar essa função“, afirmou Medina.
Com sede no Luxemburgo, esta instituição europeia foi criada em 2012 por causa da crise das dívidas soberanas para ajudar os Estados-membros da Zona Euro com dificuldades de acesso a financiamento nos mercados financeiros.
O mandato de Regling vai acabar a 7 de outubro deste ano. A eleição do novo diretor-geral deverá acontecer a 16 de junho. Nesse dia, o conselho de governadores do MEE, que é constituído pelos 19 ministros das Finanças dos países, terá de eleger formalmente um dos candidatos com uma maioria de qualificação, isto é, 80% dos votos.
Os direitos de voto de cada país dependem do número de ações que cada membro tem no stock de capital do MEE: Portugal, por exemplo, tem cerca de 2,5%. Alemanha, França, Itália e Espanha são naturalmente os países com mais votos.
O diretor do MEE é responsável por gerir o dia-a-dia do Mecanismo e tem assento nas reuniões do Eurogrupo, sendo um dos responsáveis que está presente na conferência de imprensa, ao lado do presidente do Eurogrupo e do comissário europeu para a economia. O mandato é de cinco anos e pode ser renovado apenas uma vez.
De acordo com fontes conhecedoras do processo, o Governo português mostra-se confiante com a sua escolha por causa das metas orçamentais alcançadas por Leão ao longo dos anos em que esteve no Executivo. Além do excedente orçamental de 2019, o ex-secretário de Estado do Orçamento conseguiu baixar o défice para 2,8% em 2021, abaixo do limiar de 3% das regras europeias, ainda com a pandemia a pesar nas contas públicas.
Além disso, João Leão tem no currículo um doutoramento no MIT (Estados Unidos), fez parte do grupo de economistas do PS que delineou a estratégia económica em 2015 e manteve sempre um compromisso com a gestão orçamental rigorosa, tendo sido criticado pelas cativações e a execução orçamental abaixo do orçamentado. Contudo, a recente passagem direta para vice-reitor do ISCTE causou polémica por causa dos moldes em que aconteceu.
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