Empréstimo do PRR atira dívida pública para recorde de 280,4 mil milhões

Dívida pública aumentou 1,2 mil milhões de euros em maio, atingindo um novo valor recorde de 280,4 mil milhões. Empréstimo da Comissão Europeia ajuda a explicar subida.

O empréstimo de 600 milhões de euros concedido em maio pela Comissão Europeia ao abrigo do Mecanismo de Recuperação e Resiliência atirou a dívida pública de Portugal para um novo valor recorde de 280,4 mil milhões de euros.

Foi precisamente a 9 de maio que Bruxelas pagou a primeira tranche do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) a Portugal, passando um cheque de 1,16 mil milhões de euros que se repartiram entre 553 milhões em subvenções (pagamento a fundo perdido) e 609 milhões de empréstimos.

O Banco de Portugal explica agora que o empréstimo do PRR foi um dos principais responsáveis pelo aumento do endividamento público de 1,3 mil milhões de euros em maio. “Este acréscimo refletiu, essencialmente, o empréstimo concedido pela Comissão Europeia ao abrigo do Mecanismo de Recuperação e Resiliência (600 milhões). Adicionalmente, registaram-se emissões líquidas positivas de títulos de dívida (400 milhões de euros) e o aumento de responsabilidades em depósitos (300 milhões)”, detalha a instituição.

Dívida pública atinge valor recorde em maio

Fonte: Banco de Portugal

Portugal vinha registando uma tendência de redução da dívida pública até ao final de 2019, mas a pandemia veio interromper esta tendência com o Governo a ser obrigado a endividar-se para apoiar as famílias e as empresas que foram duramente afetadas pelos sucessivos confinamentos.

O Banco de Portugal adianta que os depósitos das administrações públicas aumentaram 2,7 mil milhões de euros em maio, pelo que, “deduzida desses depósitos, a dívida pública diminuiu 1,3 mil milhões de euros, para 254,7 mil milhões de euros”.

Em 2021, o rácio do endividamento público — o indicador de sustentabilidade da dívida pública mais importante para os mercados financeiros — desceu, passando de 135,2% do PIB para 127,5%, ficando acima da previsão do Governo (126,9%). Portugal inverteu assim a tendência de subida provocada pela pandemia, mas continua longe dos níveis registados em 2019 (116,6%). São 10,9 pontos percentuais que separam ainda 2019 e 2021 nesta ótica.

No primeiro trimestre de 2022, o rácio voltou a cair, fixando-se em 127% do PIB, com o crescimento económico a amparar a subida da dívida em termos brutos. O objetivo do Governo é chegar ao final do ano com o rácio nos 120,7%. O programa eleitoral dos socialistas apontava para uma dívida pública abaixo dos 110% do PIB até 2026, ou seja, abaixo do valor pré-pandemia daqui a quatro anos.

Rácio da dívida cai

Fonte: Banco de Portugal

A expectativa do Governo é que a redução do endividamento público e do défice contribuam para uma gradual melhoria do rating da República ainda este ano, apesar do impacto da guerra, aceleração da taxa de inflação e da subida dos custos de financiamento.

(Notícia atualizada às 11h38)

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