Famílias britânicas vão gastar mais de 3.500 libras/ano em energia a partir de outubro

  • Lusa e ECO
  • 26 Agosto 2022

O "price cap" imposto pelo regulador britânico aos preços domésticos da energia vai duplicar em outubro. Fatura média anual das famílias irá superar 3.500 libras.

Famílias britânicas vão passar a pagar, em média, mais de 3.500 libras/ano por energia

O regulador de energia britânico Ofgem (Office of Gas and Electricity Markets) aumentou esta sexta-feira em 80% — quase o dobro — o preço máximo da energia no Reino Unido, em grande parte devido às consequências da guerra na Ucrânia, justificou. A fatura média anual das famílias vai atingir 3.549 libras (4,205 euros) a partir de outubro.

O regulador calcula que o custo médio anual com a energia de um agregado familiar suba para 3.549 libras (4.203 euros), contra 1.971 libras (2.335 euros) de há seis meses, quando o preço já tinha subido 54%. Os aumentos não deverão ficar por aqui, com a Bloomberg a prever que os preços da energia no Reino Unido subam ainda mais logo em janeiro.

O preço máximo que as empresas de energia estão autorizadas a cobrar aos seus clientes é determinado de acordo com as variações dos preços nos mercados internacionais e outros custos.

“O preço da energia atingiu níveis recorde impulsionado por um ato económico agressivo por parte do Estado russo. Eles [russos] desligaram lenta e deliberadamente o fornecimento de gás à Europa, causando danos às nossas famílias, empresas e economia em geral. O Ofgem não tem outra escolha senão refletir estes aumentos de custos no preço máximo”, afirmou o presidente do regulador, Jonathan Brearley.

Segundo a entidade, desde dezembro os preços da energia aumentaram 360% nos mercados internacionais, um resultado da procura internacional e também da guerra. O preço máximo da energia é estipulado para os clientes domésticos em Inglaterra, País de Gales e Escócia em termos de unidade de gás e eletricidade e o custo de estarem ligados à rede.

Esta medida limita a margem de lucro das empresas fornecedoras, mas não se aplica na Irlanda do Norte, onde têm existido aumentos de tarifas sucessivas.

A energia já é um dos principais fatores para a taxa recorde de inflação no Reino Unido, de 10,1%, que economistas do banco de investimento Citi e da Resolution Foundation estimaram poder chegar aos 18% em 2023.

É também uma das principais ameaças para o crescimento económico do país, que o Banco de Inglaterra antecipou que vai entrar numa “longa recessão”. “A fonte destes riscos e o motor destas revisões das nossas previsões desde maio são, na sua esmagadora maioria, os preços da energia e as consequências das ações da Rússia”, disse o governador, Andrew Bailey, no início deste mês.

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, admitiu na quarta-feira, durante uma visita a Kiev, que os britânicos estão “a pagar nas contas de energia pelos horrores de Vladimir Putin”, mas vincou que “o povo da Ucrânia está a pagar com o seu sangue”.

Os partidos Trabalhista e Liberais Democratas exortaram o Governo a congelar já os preços para impedir um agravamento da crise do aumento de custo de vida, que também está a pesar nos custos com alimentação e transportes.

Em maio, o governo anunciou um apoio de 400 libras (474 euros) por agregado familiar, o que reduzirá o impacto do aumento, além de apoios adicionais a famílias com rendimentos baixos, inválidos e reformados. Porém, novas medidas terão de esperar pelo sucessor de Johnson, que só entrará em funções a 6 de setembro, e os dois candidatos divergem sobre como fazê-lo.

O antigo ministro das Finanças Rishi Sunak defende mais apoios direcionados aos mais vulneráveis, enquanto a ministra dos Negócios Estrangeiros, Liz Truss, promete um corte imediatos nos impostos.

Esta conjuntura está a contribuir para a instabilidade social, com greves sucessivas nos transportes, serviços judiciais, recolha do lixo e portos marítimos.

Os estivadores do porto de Felixstowe, por onde passa quase metade do tráfego de contentores do Reino Unido, estão em greve até segunda-feira, exigindo um aumento salarial superior aos 7% oferecidos pela empresa.

Na Escócia, o sindicato Unite considera insuficiente a proposta de aumento de 7% dos trabalhadores da recolha de lixo, cuja greve em curso deixou as ruas de Edimburgo e outros municípios cheias de caixotes de lixo a transbordar.

Entretanto, advogados que trabalham para o Ministério do Justiça para defender clientes sem recursos recusaram a oferta de aumento de 15% e anunciaram uma greve por tempo indeterminado, a começar a 5 de setembro, que poderá atrasar milhares de processos judiciais.

(Notícia atualizada às 9h36 com mais informação)

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