Rato, Ling, Lei & Cortés | Lektou é um “veículo de promoção” de Portugal na China

Pedro Cortés, managing partner da Lektou, fez um balanço “positivo” dos cinco anos do escritório em Portugal. O líder explicou que pretendem criar mais sinergias entre o mercado chinês e o português.

Foi em 2017 que a Rato, Ling, Lei & Cortés | Lektou abriu o seu primeiro escritório em Portugal. Inicialmente estabelecida na Região Administrativa Especial de Macau, esta sociedade de advogados conta com 35 anos de prática jurídica.

Pedro Cortés, managing partner da Lektou, fez um balanço à Advocatus dos cinco anos em Portugal. Para o advogado, no cômputo geral, foram anos “francamente positivos”, não obstante as “dificuldades conjunturais” e o facto de estarem a dar os primeiros passos.

“Os três últimos anos foram em ambiente particularmente difícil por mor das restrições à entrada na China e, em particular, em Macau, restrições essas que só recentemente foram abandonadas. Foram anos de aprendizagem contínua em que consolidámos o escritório, mantendo o rumo, e aumentando a carteira de clientes”, sublinhou Pedro Cortés.

Rato, Ling, Lei & Cortés | LektouHugo Amaral/ECO

O managing partner destacou o papel que a equipa de Portugal teve nestes últimos anos, nomeadamente o sócio Óscar Alberto Madureira, que segundo o líder “nunca esmoreceu e manteve as tropas em alta”.

O advogado considerou que os objetivos traçados nunca estão cumpridos, uma vez que se caracterizam como “ambiciosos q.b.”, e que aquilo a que se propuseram só está no início.

“Na génese, os nossos objetivos prendiam-se essencialmente com a prestação de serviços de qualidade a clientes que nos acompanharam desde Macau e da China continental que foram fulcrais para a fixação e afirmação do escritório em Portugal. Nesta medida, contámos e contamos com o apoio da Delegação Económica e Comercial da RAEM em Lisboa e das Câmaras de Comércio e Indústria, quer a Luso-Chinesa quer também a de Portugal Hong Kong”, referiu.

À Advocatus, Pedro Cortés admitiu que querem afirmar-se pela “diferença” daquilo que já é oferecido no mercado português. Relembrou ainda que o escritório acaba por ser um “veículo de promoção” de Portugal em muitas províncias e cidades chinesas e que ficam felizes por contribuir para o estreitamento das relações entre as empresas portuguesas e chinesas em todas as jurisdições em que estão presentes.

“Se o vamos conseguir? Não sei. Trabalhamos todos os dias para isso com foco no aperfeiçoamento contínuo e na aprendizagem diária”, notou.

Sabemos que será difícil ter a mesma dimensão proporcional que temos em Macau, mas estamos confiantes que o futuro será de acordo com o que projetámos em 2017.

Pedro Cortés

Managing partner

O managing partner destacou a área de imobiliário ligada ao investimento estrangeiro como o core business do escritório português e que impulsionou o seu crescimento. Revelou também que, ao longo destes cinco anos, acompanharam investimentos “significativos” no setor imobiliário em diversas áreas, como turismo, residencial, comercial e agrícola.

“Tendo o nosso escritório presença noutras jurisdições desenvolvemos muito trabalho na área do direito da imigração, nomeadamente, a fixação de residência que acaba por ser o corolário do investimento feito. Prestamos os nossos serviços a clientes que investiram e continuam a investir em Portugal em áreas diversas: media, jogos de fortuna ou azar, seguros e produtos estruturados. Não temos, ainda, departamentos especializados, mas temos em mente começar a apostar numa cada vez maior especialização das nossas equipas”, acrescentou.

Em 2022, o Rato, Ling, Lei & Cortés | Lektou celebrou um acordo de parceria com Miranda & Associados e integraram-se na Miranda Alliance. Esta integração permitiu que sejam “criadas condições para que os clientes possam ser servidos pelos escritórios e nas jurisdições que a integram”.

Pedro Cortés revelou que a parceria está a correr de “forma excelente” e que sentem que ainda “está tudo por fazer”. “Já participamos em projetos relevantes em conjunto e podemos tornar-nos um parceiro importante na Alliance. Há tanto por explorar e estamos convictos de que todas as partes envolvidas podem ter sucesso, não apenas mensurável na parte venal, mas sobretudo o sucesso de partilha de experiência e de culturas”, avançou.

Rato, Ling, Lei & Cortés | LektouHugo Amaral/ECO

Define o escritório no mercado de advocacia como bilingue, multicultural, com origem em Macau e presença em três jurisdições que se completam e que há séculos têm pontos de contacto.

Somos, diria, um escritório sui generis. Queremos continuar esse desígnio. Fomos o primeiro escritório de Macau a integrar sócios de língua materna chinesa, o que veio a revelar-se uma visão acertada. Nesta altura, e no cômputo global, temos mais sócios chineses do que portugueses. Fomos o primeiro escritório de Macau a aventurar-se na jurisdição portuguesa de modo próprio. Enfim, como os rankings nos classificam, somos um escritório de general business law que oferece serviços de qualidade e personalizado aos clientes que nos procuram”, disse.

Mais advogados e novas áreas

O escritório foi criado por Francisco Gonçalves Pereira e Frederico Rato e desde a sua criação que a missão é prestar serviços jurídicos de excelência aos clientes. “A que podemos acrescentar agora a prestação desses serviços em todos os mercados onde nos encontramos, criando-lhes valor e tornando-nos parceiros estratégicos das suas atividades”, referiu Pedro Cortés.

Segundo explicou o managing partner, pretendem criar mais sinergias entre o mercado chinês e os da lusofonia numa perspetiva “triangular dinâmica” com o objetivo de servir de ponte com base em Macau e origem na China e nos mercados lusófonos, sem que tenha um destino ou uma estação final. “Que funcione em fluxos contínuos, assentes na confiança dos clientes e colaboradores, na excelência dos serviços, nos valores éticos e na reputação. Com isto teremos clientes satisfeitos, mas, sobretudo, colaboradores realizados”, acrescentou.

Atualmente possuem uma equipa de nove pessoas em Lisboa, mas contam com o apoio da equipa dos escritórios de Macau, Shenzhen e Hengqin.

Da esquerda para a direita: Gu Yuting, Pedro Cortés, Lai Ieng Ng, Frederico Rato, Paula de Senna Fernandes, Óscar Alberto Madureira e Marta Mourão.Hugo Amaral/ECO

“No futuro próximo integraremos advogados e estagiários na nossa equipa de Portugal no sentido de crescer de forma sustentada no mercado lusófono, com especial ênfase para o mercado português. Por outro lado, a verdade é que a partir de agora podemos voltar a ter advogados dos nossos outros escritórios a participar de forma mais visível nas operações que temos em Portugal e a partilhar experiências e know-how”, explicou.

No futuro o escritório pretende também apostar em novas áreas como dos “jogos de fortuna ou azar” e das “apostas desportivas” fruto do know-how adquirido noutras jurisdições. Pedro Cortés adiantou ainda que pretendem apostar na diversificação da carteira de clientes.

Sabemos que será difícil ter a mesma dimensão proporcional que temos em Macau, mas estamos confiantes que o futuro será de acordo com o que projetámos em 2017 e que o fim das restrições ora anunciado permitirá voltar à estratégia preconizada”, sublinhou.

A dinâmica Ásia/Europa

Com escritórios na Ásia, mais concretamente em Macau, Shenzhen e Hengqin, e em Portugal, Pedro Cortés apontou que uma das principais diferenças entre ambos os mercados é que do outro lado do mundo os negócios são feitos a uma “velocidade nada comparável com aquilo que vemos em Portugal”. Já as barreiras culturais acabam por muitas vezes “facilitar a concretização das operações”.

A diferença reside na rapidez com que as coisas acontecem. Às vezes parece que na Ásia se anda em excesso de velocidade e que aqui temos um redutor. Sentimos também que a burocracia é mais pesada no mercado português e que não há vontade política de a aliviar. Temos clientes estrangeiros à espera há mais de dois anos por uma licença. Veja o mundo em 2021 e em 2023. Tanta coisa mudou e alguém que quer investir fortemente no nosso mercado enleia-se na máquina da burocracia. Na Ásia tentam resolver-se problemas, sempre com o bem comum como guia”, disse.

Trabalhamos para ser um escritório de média dimensão em Portugal na próxima década, sem nunca perder a identidade.

Pedro Cortés

Managing partner

Já sobre a relação entre o escritório português e os restantes, o managing partner explicou que mantêm contacto permanente entre as equipas, tendo uma equipa a gestão macro centrada em Macau.

“O objetivo é que haja cada vez mais integração de processos, mas com autonomia de gestão. Pretendemos aproximar cada vez mais as equipas, partilhar conhecimento e desenvolver as capacidades de ambos os lados”, explicou.

Crescer sem perder identidade

Em Lisboa, a sociedade de advogados acabou de mudar de escritório para um de maior dimensão, acompanhando o crescimento do número de pessoas e de clientes. Pedro Cortés admitiu que têm tentado encontrar sapatos “à medida do pé” para chegarem mais longe.

Contamos expandir a nossa equipa a ponto podermos servir mais e melhor os nossos clientes. Aumentar o número de áreas do direito em que podemos prestar serviços, também é um dos nossos objetivos. Não queremos calçado pequeno, que magoa, nem grande que dá um andar desconfortável”, sublinhou.

O líder do escritório considera que mais importante do que o presente é o futuro das novas gerações, tendo a firma participado no protocolo que celebraram com a Faculdade de Direito da Universidade Católica e, numa das vertentes, integrado recém-licenciados.

Trabalhamos para ser um escritório de média dimensão em Portugal na próxima década, sem nunca perder a identidade. Porventura já não serei eu a capitanear nessa altura, mas gosto de fazer parte da criação de bases fortes para que isso venha a ser uma realidade. E as bases fortes são os jovens talentos que pretendemos atrair e, sobretudo, reter”, concluiu.

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