Exclusivo João Galamba escolhe novo líder do Porto de Leixões na Águas do Alto Minho

João Neves, ex-chefe de obras da APDL e com ligações a Moçambique, regressa para a presidência dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo. Esteve cerca de dez anos com licença sem vencimento.

O ministro das Infraestruturas, João Galamba, escolheu João Neves, atual presidente executivo da Águas do Alto Minho (AdAM), para ocupar a presidência da APDL – Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo, revelou ao ECO uma fonte conhecedora do processo. O gestor é quadro da APDL, com licença sem vencimento há cerca de dez anos, foi para Moçambique por intervenção do anterior ministro Matos Fernandes e chegou a administrador da Águas de Portugal, quando João Galamba já estava no Ministério do Ambiente, antes de assumir a presidência da AdAM.

O cargo de presidente do conselho de adminitração está livre desde o início deste ano – foi ocupado nas últimas semanas, de forma interina, por Cláudia Soutinho –, quando terminou o mandato de Nuno Araújo. O ex-chefe de gabinete que Pedro Nuno Santos nomeou para a APDL é o novo diretor-geral da Aethel Mining, concessionária das minas de ferro de Torre de Moncorvo.

Engenheiro civil especializado no ramo hidráulico, João Neves regressará, assim, a uma empresa pública onde passou grande parte da carreira, entre 1999 e maio de 2013, tendo desempenhado funções de chefe de divisão de obras. Mas o regresso poderá não ser pacífico. O gestor está desde 2013 com uma licença sem retribuição, ao abrigo de uma disposição do Código do Trabalho e do Estatuto do Gestor Público, por dois anos, prorrogável por mais dois anos — e depois enquanto durasse o mandato na Águas do Douro e Paiva, onde esteve quando regressou de Moçambique. Mas, de acordo com outra fonte do ECO, a legalidade da licença sem vencimento é questionada dentro da APDL e poderia ser mesmo revogada.

João Neves, presidente da Águas do Alto Minho

O ECO tentou o contacto com João Neves e com o gabinete do Ministério das Infraestruturas, mas nenhum deles se mostrou disponível para confirmar e justificar a nomeação.

“Escala” em Moçambique antes das águas

Licenciado pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, João Pedro Moura Castro Neves iniciou a atividade profissional em 1997 na empresa Irmãos Cavaco, onde foi diretor de obra e teve, depois, uma curta passagem pelos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento de Matosinhos.

Quando saiu da APDL, a entidade responsável pela jurisdição do Porto de Leixões, do Porto de Viana do Castelo e da Via Navegável do Douro, partiu para Moçambique, pela mão de José Matos Fernandes, anterior ministro do Ambiente, tendo estado cinco anos como diretor da área de engenharia e membro do conselho executivo da MPDC – Sociedade de Desenvolvimento do Porto de Maputo. Precisamente ao abrigo do regime de licença sem vencimento.

João Neves regressou a Portugal em 2017 para ser administrador executivo das Águas do Douro e Paiva e da SIMDOURO. Em maio de 2020, numa altura em que João Galamba já era secretário de Estado Adjunto e da Energia, incorporado no Ministério do Ambiente e da Ação Climática, transitou para a administração da Águas de Portugal (AdP).

Em abril de 2021 foi nomeado presidente executivo das Águas do Alto Minho, substituindo Carlos Martins à frente da empresa que serve sete dos dez concelhos da região e que é detida em 51% pela AdP e em 49% pelos municípios de Arcos de Valdevez, Caminha, Paredes de Coura, Ponte de Lima, Valença, Viana do Castelo e Vila Nova de Cerveira, que compõem a Comunidade Intermunicipal (CIM) do Alto Minho.

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