Portugal só deve crescer metade do potencial este ano
A evolução da economia no quarto trimestre ainda foi positiva, mas se o PIB mantiver este ritmo ao longo do ano, o crescimento anual será de cerca de 1%.
Apesar do otimismo que se tem verificado face à economia, que tem levado a várias revisões em alta das projeções para este ano, a generalidade das economias, incluindo Portugal e a Zona Euro, só deve crescer cerca de metade do potencial em 2023.
As conclusões são do Fórum da Competitividade, que indica na nota de conjuntura de janeiro que “ainda se espera que 2023 seja um ano fraco” para a economia em Portugal. O crescimento no quarto trimestre ainda foi positivo, desacelerando em cadeia, de 0,4% para 0,2%, e em termos homólogos de 4,9% para 3,1%, mas “se o PIB mantivesse esta taxa de crescimento trimestral ao longo do ano de 2023, o crescimento anual seria apenas de 0,9%”.
No Orçamento do Estado para 2023 o Governo aponta para um crescimento de 1,3% este ano e apesar de ter revisto em alta as previsões para o ano anterior, uma eventual revisão do desempenho da economia nacional este ano só será feita no Programa de Estabilidade que será apresentado em abril. Já o Banco de Portugal aponta para um crescimento de 1,5% este ano, no Boletim de Dezembro.
Existem alguns elementos animadores mas outros indicam que o cenário poderá ainda ser fraco. Por um lado, a inflação desacelerou pelo terceiro mês consecutivo em janeiro, “de 9,6% para 8,3%, e a inflação subjacente caiu finalmente, de 7,3% para 7,0%”. “A partir de março, as taxas homólogas deixarão de estar influenciadas pelo início da guerra, pelo que se poderá assistir a um abrandamento adicional da inflação”, perspetivam.
Por outro, a taxa de desemprego subiu pelo segundo mês consecutivo em novembro, de 6,5% para 6,7%. “Tudo indica que o forte abrandamento da economia terá um claro efeito sobre o emprego, talvez maior do que o antecipado até aqui”, alerta o Fórum. Já no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), apesar de terem sido aprovados 1.082 milhões de euros de projetos, os pagamentos só aumentaram em 63 milhões, apenas 23% do ritmo necessário para cumprir as metas.
Tendo em conta estes elementos, prevê-se que o crescimento poderá ser metade do potencial, sendo que “parece afastado o cenário de recessão técnica, mas o crescimento previsto para a zona euro é apenas de 0,7%, cerca de metade do normal”, indica o Fórum para a Competitividade.
Enquanto no consumo a debilidade poderá continuar devido à queda dos salários reais e a subida das taxas de juro, no investimento é também previsível a continuação da trajetória ascendente. “A única nota mais favorável reside nas exportações, que poderão beneficiar de um cenário global menos negativo”, apontam.
É de notar que apesar da perspetiva de crescimento fraco, a Zona Euro conseguiu evitar a recessão técnica que se temia, sendo que no quarto trimestre de 2022, a economia da zona euro desacelerou de 0,3% para 0,1% em cadeia e de 2,3% para 1,9% em termos homólogos.
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