Sensei abre Dojo e investe cerca de dois milhões em showroom tecnológico

No Dojo, a loja autónoma da Sensei, os potenciais interessados na tecnologia da scaleup portuguesa podem testar a aplicação das novas tecnologias no retalho autónomo.

Chama-se Dojo e é a mais recente loja inaugurada pela Sensei para demonstrar as potencialidades da tecnologia ao serviço do retalho. Com um investimento de cerca de 2 milhões de euros, o projeto, em parceria com a Hewlett Packard Enterprise (HPE) e cofinanciado pela União Europeia, surge num momento de internacionalização da startup nacional que aponta mira à Europa e América do Sul. A Sensei está a negociar a próxima ronda de investimento.

Sensei apresenta a maior loja autónoma da Europa - 06MAR23
Sensei apresenta a maior loja autónoma da EuropaHugo Amaral/ECO

Depois de já ter desenvolvido em Portugal projetos de lojas autónomas para o Continente, a Sensei aposta agora na sua primeira loja: o Dojo. Um salão de demonstração junto de potenciais clientes de que a tecnologia da Sensei consegue escalar até uma dimensão de loja muito superior e, com isso, dando energia ao crescimento da empresa na Europa e na América do Sul, explica o CEO e cofundador, Vasco Portugal.

A startup nacional já fechou parcerias no Brasil, com o grupo Muffato, mas Vasco Portugal admite que não se ficarão por aqui. Este ano haverá “muitos mais parceiros, quer na Europa, quer na América do Sul”, garante, sem revelar nomes, adiantando ainda que está a ser negociada uma nova ronda de investimento. A nova ronda de investimento, embora ainda não tenha uma data prevista, será de série A, avança o CEO, o que poderá implicar a entrada de entre 2 a 15 milhões de dólares.

A última ronda da Sensei foi em abril de 2021, tendo a empresa levantado 5,4 milhões de euros numa ronda seed.

Unicórnio à vista? Moedas acredita que sim

A Dojo — projeto que representa um investimento da Sensei de quase 2 milhões de euros (1.982.454,47), dos quais pouco mais de 1 milhão (1.053.478,03) foram financiados pela União Europeia — foi oficialmente inaugurado esta segunda-feira.

Neste espaço, Lisboa passa a receber “decisores das maiores empresas de retalho do mundo que podem colaborar e desenhar novos projetos para o retalho do futuro com tecnologia portuguesa”, destaca Carlos Moedas, presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML), realçando que a startup faz a conexão entre o mundo físico e o digital.

Sensei apresenta a maior loja autónoma da Europa - 06MAR23
Sensei apresenta a maior loja autónoma da EuropaHugo Amaral/ECO

O autarca destacou ainda a participação da Sensei no programa de scaleups da Unicorn Factory Lisboa — é uma das oito empresas que integram o programa –, considerando que a empresa será o próximo unicórnio nacional.

“Tenho muito orgulho na Sensei que, no nosso primeiro, eu diria melhor programa de scaling up de Lisboa, foi escolhida como uma das oito empresas para a fábrica de unicórnios”, diz Carlos Moedas. “Representam exatamente aquilo que queremos para a cidade de Lisboa”, reforça.

“Lisboa já é muito reconhecida pela sua inovação tecnológica em várias indústrias e agora terá ainda mais relevância numa indústria altamente estratégica e competitiva”, disse ainda o autarca.

“Fiz um primeiro almoço com os primeiros 11 unicórnios que chegaram a Lisboa e agora vou fazer outro com os oito que vão ser os futuros unicórnios. Tenho a certeza de que vocês serão um unicórnio”, disse. “Tenho a certeza que a Sensei vai ser o próximo unicórnio português”, acredita.

Dojo: showroom tech

No Dojo pode encontrar uma entrada e saída sem portas, um terminal de pagamento automático com cartão e rastreamento automático de produtos, suportado por balcões assistidos. A loja de 500 m2 — que se apresenta como a maior loja autónoma da Europa — não está aberta ao público, sendo exclusiva para apresentações aos clientes, comunidades, investidores e parceiros.

O espaço conta com servidores capazes de garantir que os modelos de Inteligência Artificial (IA) da Sensei processam grandes quantidades de dados de forma acessível e rápida. O Dojo tira partido de visão computacional avançada, sensores inteligentes e IA para reconhecer todos os produtos e interações com o consumidor.

Os retalhistas podem assim acompanhar o inventário em tempo real, aceder a dados relevantes, como as interações dos clientes com os produtos na loja, modo a otimizar as suas operações e produtos, aumentando vendas. O objetivo é demonstrar que esta tecnologia é escalável e que está preparada para qualquer dimensão de um espaço de retalho, desde o supermercado de rua com 150m2, ao hipermercado com mais de 1.500m2.

Sensei apresenta a maior loja autónoma da Europa - 06MAR23
Sensei apresenta a maior loja autónoma da EuropaHugo Amaral/ECO

Trata-se um espaço 100% inclusivo, garante Carlos Leite, CEO e cofundador da Sensei, pois o cliente não precisa de utilizar uma aplicação para aceder à loja. Aqui, os clientes podem passar no ponto de saída sem retirar ou fazer o scan de compras, podendo ainda pagar com numerário, cartão, ou outras formas de pagamento já disponíveis noutros espaços.

Em termos práticos, o que encontrámos foi visualmente um supermercado semelhante a inúmeros outros. Apesar de representar um projeto com tecnologia de ponta, as câmaras, que identificam todos os clientes e produtos, estão acima do nível das estantes, fora do alcance imediato da vista. Os sensores, embora presentes em cada prateleira, estão ocultos. O ponto de saída, por sua vez, apresenta linhas que separam os clientes por meio de pagamento, sem necessidade de qualquer colaborador.

A experiência não foi, no entanto, inteiramente sem incidentes. Um televisor acompanhou em tempo real a posição das pessoas ao longo da loja, conforme identificadas pela IA, sendo necessário reiniciar o sistema devido à elevada concentração de pessoas, conforme foi explicado. O sistema também teve dificuldade em acompanhar o percurso de certos produtos, assinalando erradamente, por vezes, que determinados produtos estavam na posse de outros clientes que os trocaram entre si para testar a capacidade de monitorização do sistema.

Esta não é a primeira loja da Sensei. A scaleup já abriu, em maio de 2021, a sua primeira loja autónoma em Lisboa, com a Sonae, tendo implementado desde então sete soluções no Sul da Europa e no Brasil, onde é esperado um crescimento significativo.

A companhia não adianta o valor de investimento que uma loja autónoma com a sua tecnologia poderá implicar. Este irá variar em função da dimensão da loja, no entanto, este investimento não será “mais avultado do que uma caixa de self-checkout ou outra maquinaria” atualmente em uso, aponta Nuno Moutinho, CTO da Sensei. O payback (retorno do investimento) será em cerca de dois anos.

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