Montepio injeta 115 milhões na Lusitânia para “apagar” prejuízos
Seguradora do ramo não vida da mutualista lucrou mais de cinco milhões no ano passado. E acabou de realizar uma operação harmónio no valor de 115 milhões para eliminar perdas dos últimos anos.
A Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG) injetou 115 milhões de euros no capital da Lusitânia Seguros, que foi reduzido em simultâneo no mesmo montante para “limpar” os prejuízos acumulados nos últimos anos. A operação visou reestruturar os capitais da seguradora do ramo não vida da mutualista, como o ECO já tinha avançado em primeira mão, ao mesmo tempo que abre a porta aos dividendos.
Nesta operação harmónio, a Lusitânia realizou um aumento de capital no montante de 114,95 milhões de euros, totalmente subscrito pelo acionista, com a utilização de prestações acessórias de capital sob a forma de prestações suplementares no mesmo montante, decorrendo em simultâneo a redução do capital com a eliminação dos resultados transitados negativos.
No final, a seguradora ficou com o mesmo capital de 12,5 milhões de euros, mas apresentando agora uma situação financeira mais equilibrada, deixando de contabilizar as perdas que acumulou nos últimos anos.
De acordo com a AMMG, a operação “insere-se numa reestruturação mais ampla dos capitais da empresa, no sentido de uma redefinição dos fundos próprios, bem como, em termos estatutários, na eliminação dos resultados transitados negativos, com o objetivo de eliminar os obstáculos que se colocavam à distribuição de dividendos”, confirmando a notícia avançada pelo ECO no final de novembro.
Além da “limpeza” dos prejuízos, esta operação de reestruturação previu ainda o reembolso antecipado de empréstimos subordinados de 2015 e 2019 no valor de 14,5 milhões de euros, com os capitais próprios da Lusitânia a serem reforçados simultaneamente no mesmo montante através de prestações acessórias de capital.
A AMMG avançou com esta intervenção na Lusitânia — também interveio na outra seguradora do grupo, a Lusitânia Vida — para “criar almofadas financeiras” para fazer face à forte instabilidade nos mercados financeiros no ano passado, na sequência da guerra na Ucrânia e das sanções a Moscovo, e do aumento abrupto das taxas de juro, que atingiu de forma particular todo o setor segurador. As dificuldades sentidas este ano refletiam também, em parte, as perdas de quase 16 milhões de euros da exposição à dívida da companhia de gás Gazprom e da metalomecânica Novolipetsk – perdas que o grupo já disse que espera recuperar, pelo menos, em parte.
A Lusitânia encerrou 2022 com lucros de cerca de 5,1 milhões de euros, segundo adiantou fonte oficial do grupo mutualista ao ECO, acrescentando que a seguradora cumpre o objetivo do rácio de capital de solvência da sua política de apetite ao risco, registando, no final de 31 de dezembro de 2022, um rácio superior a 125%.
A carteira de investimentos da Lusitânia está predominantemente afeta a obrigações governamentais (cerca 68%) e uma parte a obrigações de empresas (cerca 20%). O remanescente está aplicado em imobiliário e fundos de investimento.
O negócio segurador da AMMG está avaliado em cerca de 224 milhões de euros, respondendo por 6% do balanço da maior mutualista do país, com mais de 600 mil associados e que tem no Banco Montepio o maior ativo.
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