Nos lucra menos 15% no trimestre em que subiu preços

Num primeiro trimestre marcado pelo aumento de preços de até 7,8%, o lucro da Nos caiu mais de 15% em comparação com o início do ano passado, devido ao investimento no 5G, inflação e juros.

A Nos NOS 0,46% lucrou quase 35 milhões de euros entre janeiro e março, montante que fica 15,1% abaixo do resultado líquido de mais de 40 milhões conseguido no mesmo período do ano passado. A empresa aponta três motivos para explicar a quebra no lucro trimestral: o investimento no 5G, o aumento dos custos à boleia da inflação e a subida das taxas de juro.

“O resultado líquido atribuível aos acionistas da Nos reduziu 15,1% para 34,9 milhões de euros. Este valor é explicado pelo crescimento acentuado das depreciações e amortizações como resultado dos fortes investimentos que a empresa tem vindo a realizar, bem como pelo impacto da inflação em toda a estrutura de custos e do aumento das taxas de juro nos custos financeiros”, aponta a Nos num comunicado.

Em concreto, num relatório difundido através da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a Nos aponta para um aumento das depreciações e amortizações para 120,4 milhões de euros, derivado do investimento de 2021 e 2022, e para um aumento de custos financeiros líquidos de 13 milhões devido à escalada dos juros.

Este foi o trimestre em que a Nos subiu os preços das telecomunicações à maioria dos clientes, em até 7,8%, refletindo no valor das respetivas ofertas a taxa média anual de inflação registada em 2022. A atualização das mensalidades da Nos entrou em vigor a 1 de fevereiro de 2023, em linha com a subida de preços promovida pela Meo e um mês antes de a Vodafone fazer o mesmo.

Falando em “resultados muito consistentes”, Miguel Almeida, presidente executivo da empresa, explica que, neste início de ano, a Nos reforçou “o investimento em inovação e o estabelecimento de parcerias” para “materializar as oportunidades que o 5G apresenta para as empresas” e “famílias”. “A quebra em termos do resultado líquido reflete, além do contexto inflacionista, o impacto deste forte investimento”, sublinha o gestor.

Apesar da queda do lucro do primeiro trimestre, o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITDA) consolidado do grupo Nos melhorou 8,8% em termos homólogos, para 173,5 milhões de euros. Analisando apenas o negócio das telecomunicações, a melhoria foi mais expressiva, de 9,4%, para 163,7 milhões de euros. A margem de EBITDA melhorou 2,8 pontos percentuais, para 45,5%, um incremento que, no caso das telecomunicações, foi de 3,4 pontos percentuais, para 44,3%.

Ao nível das receitas totais, verificou-se um aumento trimestral de 2,2%, para 381,4 milhões de euros, dos quais 369,2 milhões provenientes das telecomunicações, mais 0,9% do que no início do ano passado. Dentro deste último segmento de negócio, o principal da Nos, as receitas de consumo subiram 7% (para 265,1 milhões) e as receitas grossistas e outras cresceram 16,6% (para 24,5 milhões), mas as receitas empresariais afundaram 18%, para 79,6 milhões, “impactadas pelo elevado volume de receitas de revenda B2B [business to business] com margens baixas registadas no primeiro trimestre”.

No negócio do cinema e audiovisuais, outra área de atividade da Nos, as receitas dispararam quase 23% no trimestre, para 20,4 milhões de euros. O cinema em concreto continuou a recuperar do impacto dos confinamentos da pandemia, com as vendas de bilhetes a subirem 52,1%, mas a ficarem 19% abaixo da era pré-Covid (isto é, o primeiro trimestre de 2019).

Ao nível operacional, a Nos viu o número de clientes de pacotes subir 6,6% e atingir mais de 1,1 milhões. Os subscritores móveis aumentaram 7,2%, para 5,8 milhões, enquanto os assinantes de TV paga subiram 1,1%, ficando perto de 1,67 milhões. “No primeiro trimestre de 2023, a Nos registou um crescimento muito positivo na sua atividade, com uma performance operacional robusta, com o número de serviços a aumentar 4,6% para cerca de 10,9 milhões”, refere o comunicado da operadora.

Quanto ao investimento, este fixou-se em 97 milhões de euros, um recuo de 26,2% face ao registado no primeiro trimestre de 2022, “como previsto, devido à desaceleração da expansão da rede 5G, a qual já chegava a mais de 88% da população” no final de março, segundo a companhia. Nessa altura, a dívida líquida total da Nos era de 1.608,1 milhões de euros, mais 3,1% face da 31 de março do ano passado.

Na sessão desta quarta-feira na bolsa, as ações da Nos subiram 0,15%, para 3,096 euros, antes de conhecidos os resultados trimestrais da cotada portuguesa.

(Notícia atualizada pela última vez às 17h10)

Evolução das ações da Nos na bolsa de Lisboa

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