CP gasta 20 milhões para recuperar material. Comprado ao mercado teria custado 200 milhões
Transportadora pública já recuperou mais de 80 unidades que estavam encostadas junto às oficinas e mais 15 carruagens que foram compradas a Espanha em meados de 2020.
Em pouco mais de três anos, a CP já recuperou um total de 81 unidades no seu parque de material circulante. São automotoras, carruagens e locomotivas que tinham sido encostadas junto às oficinas e que voltaram aos carris desde 2020. A operação traz poupanças aos contribuintes portugueses: com 20 milhões de euros, a transportadora pública deu nova vida a material que, comprado como novo, teria custado mais de 200 milhões de euros.
O material recuperado tem servido para reforçar serviço aos passageiros ou evitar cancelamentos de comboios em caso de avaria, conforme a transportadora mostrou durante a cimeira da ferrovia (Portugal Railway Summit), no Entroncamento. Por exemplo, 15 carruagens Arco já ganharam segunda vida e têm servido para o serviço interregional da Linha do Minho. Compradas a Espanha por 30 mil euros, estas composições foram recuperadas por 150 mil euros nas oficinas da CP de Guifões, concelho de Matosinhos.
As composições Arco são rebocadas por locomotivas elétricas da série 2600, encostadas em 2010 e que voltaram aos carris mais de uma década depois também por conta das oficinas da CP – após a conclusão da fusão com a empresa de manutenção EMEF, no final de 2019. Os operários da CP já recuperaram 13 locomotivas da série 2600.
Nas oficinas da CP também já foram recuperadas nove unidades múltiplas elétricas, das séries 2300, 2400 e 3500, que têm evitado o cancelamento de viagens na Linha de Sintra quando os comboios avariam.
Quem anda no comboio Miradouro, na Linha do Douro, também já notou que há mais unidades disponíveis, graças à recuperação de 25 carruagens (Schindler e Sorefame) e de oito locomotivas diesel (série 1400).
Nos últimos três anos também foram recuperadas três automotoras a diesel – para a Linha do Leste –, seis carruagens históricas de via estreita – para o comboio histórico do Vouga – e ainda dois locotratores, detalhou Joaquim Guerra, um dos administradores da CP.
Sem a recuperação, a CP não teria material suficiente para poder explorar a Linha do Minho com comboios elétricos no serviço interregional e ficaria sujeita a mais supressões nos serviços suburbanos na região de Lisboa. Seriam necessários pelo menos sete anos para arranjar comboios novos, como acontece com os 22 novos comboios regionais, com concurso lançado no final de 2018 e a chegada da primeira nova unidade marcada apenas para outubro de 2025.
A nova vida dada ao material encostado teve ainda efeitos para a indústria portuguesa, graças aos “90% a 95% de incorporação de bens e serviços nacionais”, salientou o presidente do conselho de administração da CP, Pedro Moreira.
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