Tecnológica investiu cerca de 6 milhões de euros no novo escritório em Lisboa. Para este ano, estima investir mais cerca de 4 milhões e quer ainda reforçar a equipa. Hoje já são 1.000.
É das primeiras grandes empresas a abrir escritório no Hub Criativo do Beato (HCB). No novo escritório, com mais de 4.000 metros quadrados, a Claranet investiu cerca de seis milhões de euros, para acolher cerca de metade dos atuais 1.000 colaboradores da tecnológica. E este ano, a empresa, que estima faturar mais de 200 milhões, conta investir mais cerca de 4 milhões. Ao nível de contratações, “continua a ser um ano de crescimento.”
“Este ano prevemos manter aproximadamente o mesmo volume de negócios em Portugal (acima de 200 milhões de euros), com um foco maior no mix correto de serviços. O objetivo não é, portanto, crescer em volume de negócios, mas privilegiar a eficiência e rentabilidade e serviços mais sustentáveis. Assim conseguiremos gerar os recursos necessários para continuar a investir no crescimento em Portugal, pois todos os recursos que gerámos até à data são continuamente reinvestidos e esse é também o plano futuro. Não temos por política distribuir dividendos. Queremos sempre reinvestir. Esta visão de longo prazo foi o que nos trouxe até aqui“, adianta António Miguel Ferreira, diretor geral da Claranet, ao ECO Trabalho.
E, quando questionado sobre o montante de investimento previsto para este ano, adianta: “Cerca de quatro milhões de euros.”
No ano passado, a empresa, que anunciou planos para recrutar 100 pessoas, acabou por recrutar 170. E para este ano, apesar do clima turbulento no setor tecnológico – com grandes empresas a anunciarem reduções massivas de pessoal –, na Claranet não há planos para fechar as portas a novo talento. “No primeiro trimestre, já contratámos 69 colaboradores. É possível que o ritmo de contratação diminua durante o resto do ano, mas continua a ser um ano de crescimento“, garante o responsável.
A mudança para o novo espaço em Lisboa, no antigo “Armazém das Grilas”, ocorre para lá do prazo inicialmente previsto –, chegou a ser apontado para o último trimestre do ano passado – e exigiu um investimento de seis milhões, ligeiramente acima do inicialmente anunciado. É das primeiras grandes empresas a ‘abrir portas’ no Hub Criativo do Beato.
“Vemo-nos como pioneiros no Hub Criativo do Beato”, diz. “Daqui a 3, 4 ou 5 anos muitas empresas vão desejar estar no Hub”, assegura.
Investiram cerca de 6 milhões de euros num espaço no Hub Criativo do Beato. O escritório corresponde a um “conceito de trabalho híbrido” e “sustentável”. Como?
Híbrido porque é um escritório que foi desenhado pós-pandemia, focado na colaboração. Por um lado, temos um elevadíssimo rácio entre lugares colaborativos (salas de reunião, de vários formatos, ou salas individuais otimizadas para videoconferência, além de lugares desenhados para conversas informais ou trabalhos de concentração) e lugares em postos de trabalho mais tradicionais – em filosofia clean desk.
Mesmo nos lugares de trabalho mais tradicionais, temos muitas mesas de grupo, ou seja, não individuais. Todo o escritório foi pensado para otimizar a colaboração, estimular a criatividade e assegurar o conforto dos colaboradores.
E sustentável, porque privilegiamos a iluminação natural. O ex-libris do escritório são dois grandes jardins interiores, por onde flui toda a luz do dia, além de uma relação próxima com o verde e a natureza. Reduzimos assim a necessidade de iluminação artificial. A estrutura do próprio edifício – paredes exteriores de espessura superior a 1 metro – mantém uma temperatura interior mais amena, tanto no verão como no inverno, reduzindo a necessidade de utilização de ar condicionado.
Os materiais de construção utilizados foram, sempre que possível, recicláveis. Temos vários ecopontos internos para promover a separação do lixo. Temos painéis fotovoltaicos para autossustentabilidade energética. Promovemos a mobilidade elétrica e a utilização de transportes públicos. A sustentabilidade do edifício foi pensada desde a sua conceção até à sua utilização diária.
Há planos de novos escritórios, em outras zonas do país?
Não. Temos três (Lisboa, Porto e Viseu) e não temos planos para abrir novos escritórios em outras zonas do país.
Mesmo sem uma política de obrigatoriedade de trabalho no escritório, temos tido os colaboradores, em média, 50% a 60% do tempo no escritório. Com o novo escritório, esta percentagem irá subir, pois pensámos ter criado boas condições para colaboração e produtividade, que é o que fará os colaboradores virem mais ao escritório.
Escritório de Lisboa tem capacidade para receber, em simultâneo, 500 dos atuais 1.000 colaboradores da Claranet. Muitas tecnológicas têm revertido políticas de teletrabalho, com o regresso mandatório ao escritório. Como a Claranet olha para o futuro? Será híbrido ou, cada vez mais, presencial?
Optámos por continuar a deixar ao critério de cada colaborador, e de cada equipa, a gestão do seu tempo no escritório ou em casa, visando maior produtividade e um equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Há certamente desafios relacionados com a cultura da empresa e integração de novos colaboradores. Mesmo sem uma política de obrigatoriedade de trabalho no escritório, temos tido os colaboradores, em média, 50% a 60% do tempo no escritório.
Com o novo escritório, esta percentagem irá subir, pois pensámos ter criado boas condições para colaboração e produtividade, que é o que fará os colaboradores virem mais ao escritório, com claros benefícios para a cultura da nossa empresa e para o serviço prestado aos clientes.
O espaço tem uma área, o Future Workplace, com uma sala de demonstração do posto de trabalho do futuro. Como é que antecipam esse amanhã?
Um futuro com maior recurso a ferramentas de videoconferência através dos dispositivos que já usamos hoje, mas de forma mais simples e intuitiva e com custos comportáveis. E com novos dispositivos, como óculos de realidade aumentada ou virtual, em ambientes virtuais de colaboração. É o que estamos a testar.
No ano passado, havia intenção de contratar 100 pessoas. Quais os planos para este ano? Muitas tecnológicas têm vindo a reduzir equipas.
Estamos em contraciclo quando comparados com outras empresas de tecnologia. Em 2022 contratámos acima das expectativas inicias. Foram contratados 170 colaboradores, sendo as áreas mais relevantes de contratação a de cloud & infrastructure, data & AI, service desk e security operations center. No primeiro trimestre, já contratámos 69 colaboradores. É possível que o ritmo de contratação diminua durante o resto do ano, mas continua a ser um ano de crescimento.
No hub acolhem ainda o projeto Claranet University, para formação de especialistas em cloud, security, data, apps e workplace com associação a startups. Quais os objetivos ao nível de formação?
Temos salas de formação e salas de exame, que vão acolher diversos dos programas mencionados. Mas este projeto não se esgota no escritório da Claranet, pois temos parceiros, como o IPV e o ISCTE, nos quais também decorrem estas formações, com um leque mais diversificado de formandos. Queremos ter, todos os anos, 30 a 60 novos colaboradores oriundos destes programas.
Vemo-nos como pioneiros no Hub Criativo do Beato. (…) As sinergias com outras empresas, que hoje se começam a criar, serão certamente maiores no futuro. Mas estamos hoje num local privilegiado da cidade, em ligação com o rio, próximo do centro e no meio de um importante polo de inovação, criatividade e tecnologia da cidade. Daqui a 3, 4 ou 5 anos muitas empresas vão desejar estar no Hub.
A entrada no HCB deu-se mais tarde do que previsto e são a primeira empresa a abrir neste hub. Até que ponto essa “solidão” não retira o efeito de instalação num hub, junto dos vossos pares, com todas as sinergias que daí podem advir?
Não vemos a questão dessa forma. Vemo-nos como pioneiros no Hub Criativo do Beato. Na realidade, outras empresas já cá estão também. Somos talvez a mais conhecida no momento. Mas o Hub já tem infraestruturas e há vários projetos a decorrer. Esse pioneirismo foi o mesmo que nos levou ao Parque das Nações, no início dos anos 2000.
As sinergias com outras empresas, que hoje se começam a criar, serão certamente maiores no futuro. Mas estamos hoje num local privilegiado da cidade, em ligação com o rio, próximo do centro e no meio de um importante polo de inovação, criatividade e tecnologia da cidade. Daqui a 3, 4 ou 5 anos muitas empresas vão desejar estar no Hub.
Acredita que o processo de construção e de instalação das empresas no espaço vai acelerar?
Do que vemos e sabemos já está a decorrer um novo projeto de reabilitação – do grupo Superbock – e há mais três projetos que nos próximos meses se iniciarão. Daqui a cerca de 12 a 18 meses, o Hub já terá outra vida. Certamente, que o processo de instalação de novas empresas irá acelerar, assim como dinamizará a economia dos bairros circundantes. Acho que também servimos como “ingrediente” para essa dinamização do Hub.
O HCB acolhe também a Unicorn Factory Lisboa, que já recebe oito scaleups. Sendo parceiros, que interações pensam manter com esse ecossistema, com as scaleups acolhidas?
Queremos estar próximos deste ecossistema. É para nós ainda mais importante que o ecossistema de startups, porque o nosso perfil, como investidor, privilegia empresas que já tenham um mercado, produtos, clientes e estejam em fase de crescimento e com as quais a Claranet consiga criar sinergias claras.
Conheça o novo escritório:
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Claranet muda-se para o Hub Criativo do Beato. 2023 “continua a ser um ano de crescimento”
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