Aicep analisa mais de 100 projetos de investimento que ascendem a 15 mil milhões

Nova administração tem um longo caderno de encargos que passa por preparar a agência para os desafios que terá no próximo triénio, redefinir rede externa e reforçar o modelo de fileiras.

A Aicep está a analisar mais de 100 projetos de investimento que ascendem a 15 mil milhões de euros e com potencial de criação de 33 mil novos postos de trabalho, anunciou o ministro dos Negócios Estrangeiros na sessão pública de apresentação dos objetivos para o novo mandato da Aicep.

“Temos hoje mais de 100 projetos de investimento em acompanhamento, estimados em cerca de 15 mil milhões de euros e com um potencial de criação de mais de 33 mil novos postos de trabalho”, disse João Gomes Cravinho, na abertura do encontro.

A nova administração, que está em funções desde o início do mês, tem um longo caderno de encargos que passa por preparar a agência para os desafios que terá no próximo triénio, nomeadamente, através da redefinição da rede externa, lançar um novo ciclo de atração de investimento produtivo e capacitar mais empresas para que possam apostar na internacionalização.

A rede externa da Aicep está bastante concentrada no espaço europeu e a ideia é diversificar para permitir que as empresas possam diversificar os seus mercados”, explicou aos jornalistas o secretário de Estado da Internacionalização. “Isto significa rever a rede para ver onde temos de estar para que as empresas também possam estar. Há mercados que estão fora do UE com o qual a União tem parcerias e que temos de reforçar”, explicou Bernardo Ivo Cruz, dando como exemplo o Canadá ou a Coreia do Sul, “onde é necessário ter mais presença”. “Não pomos de parte fechar ou abrir”, disse o responsável.

O ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho (C-D) acompanhado pelo ministro da Economia e do Mar, António Costa Silva (D), e pelo novo presidente da AICEP, Filipe Santos Costa (C-E) durante a apresentação dos objetivos para o novo mandato da AICEP, em Lisboa, 19 de junho de 2023.RODRIGO ANTUNES/LUSA 19 junho, 2023

O novo presidente da Aicep explicou, por seu turno, que nos mercados, que por razões políticas se fecharam aos fluxos de investimento e comércio internacional, “é preciso, pelo menos suspender a presença de Portugal, para não despender recursos do erário público sem consequência”. Já o reforço de presença será feito “nos mercados prioritários” — “onde vemos maior potencial para a Aicep angariar investimento produtivo para Portugal”. Filipe Santos Costa enumerou os Estados Unidos, Espanha, França Alemanha, Reino Unido, Itália, países nórdicos e “os mercados cada vez mais relevantes da Ásia”. “Estamos a pensar sobretudo no conjunto dos países da ASEAN, ou seja Sudeste Asiático e alguns países do Médio Oriente”, precisou.

“Temos de ver para onde as empresas querem e precisam ir, por um lado e, por outro, e onde não estando ainda no radar das empresas nos parece útil e importante estar para as empresas terem nos seus modelos de internacionalização”, acrescentou, precisando que este modelo de reestruturação da rede “ainda não está fechado”. Ou seja, está em estudo onde a Aicep tem de estar e onde está mas não faz tanta falta, explicou ainda o secretário de Estado da Internacionalização, recordando que os recursos são finitos e é necessário fazer uma boa gestão dos recursos da agência.

Para atingir uma nova meta, que ainda está em definição, mas que se quer realista (depois de ter atingido o ano passado o objetivo estabelecido para 2026 de as exportações terem um peso de 50% no PIB), Bernardo Ivo Cruz, no seu discurso, sublinhou que Portugal terá de:

  • Aprofundar os mecanismos de atração e retenção de investimento em Portugal, criando as condições necessárias para a atração de investimento produtivo
  • Reorganizar a forma como a Aicep interage as PME exportadores consolidando o modelo das fileiras, que permitirá estabelecer mecanismo de colaboração entre as empresas cuja oferta seja complementar e que possam apoiar de forma integrada reforçando a sua capacidade competitiva em mercado externos. Um objetivo que não significa uma reorganização das funções do IAPMEI e da AICEP, mas apenas um trabalho mais estreito e complementar.
  • Dinamizar a dimensão regional da atração de IDE e da internacionalização, em “articulação estreita” com as CCDR, as CIM e as câmaras municipais para criar as melhores condições para a atração de investimento estruturante, identificando e apoiando os bons projetos;
  • Estabelecer diferentes níveis de serviço tendo em conta o grau de maturidade e a experiência de internacionalização das empresas, incluindo mecanismos de formação para empresas que ainda não tenham presença internacional.
  • Repensar a rede externa da Aicep de acordo com critérios objetivos e de eficiência, identificando os mercados de maior potencial e com maior capacidade de resposta.
  • Reforçar “de forma substantiva” o relacionamento entre a Aicep e as Confederações e Associações Empresariais, Câmaras de Comércio Portuguesas no estrangeiro e Câmaras de Comércio estrangeiras em Portugal, que marcaram uma forte presença na sessão.
  • Assumir que a atração de talento é uma parte integrante da atração de investimento e internacionalização das empresas, “em colaboração com universidades e entidades do sistema científico e tecnológico”.
  • Integrar as questões ambientais e sociais de boa governança na atividade económica das PME exportadoras, nomeadamente as exigências de compliance ESG para acesso a financiamento, integração nas cadeias de valor globais e na relação com os consumidores.
O novo presidente da AICEP, Filipe Santos Costa, discursa durante a apresentação dos objetivos para o novo mandato da AICEP, em Lisboa, 19 de junho de 2023RODRIGO ANTUNES/LUSA

Aicep está a trabalhar em vários dossiers

O novo presidente da Aicep, avançou aos jornalistas que a agência está “a trabalhar um conjunto de grandes dossiers de investimento”. “Temos em curso uma série de investimentos como já há muito tempo não havia em Portugal: a começar pelos gases renováveis, projetos de hidrogénio e amónia verde, metanol e outros produtos derivados. Em cima desses projetos temos outros, derivados de indústria descarbonizada e aí posso destacar indústria metalúrgica, dos plásticos e toda a fileira dos veículos elétricos e um novo tipo de investimento”, acrescentou Filipe Santos Costa.

São investimentos na casa dos dois ou três milhões de euros muito focados na descarbonização, com recurso a energias renováveis, ou quando é necessária uma maior intensidade energética com recursos ao hidrogénio verde, reciclagem e circularidade, uma nova geração de indústria verde”, afirmou.

Nova administração AICEP é composta por Luís Rebelo de Sousa, Isabel Tenreiro, Filipe Santos Costa, Cristina Pucarinho e João Noronha LealRodrigo Marques - AICEP

A Aicep está a trabalhar para “atrair investimentos em estações de cabos submarinos, em data centres e centros de competência, desenvolvimento de software ou outro centos de competências partilhadas das grandes indústrias automóveis, que vêm para Portugal porque oferece as condições do ponto de vista infraestruturais e mão-de-obra muito qualificada”, avançou o sucessor de Luís Castro Henriques, cujo trabalho foi amplamente elogiado por todos os intervenientes numa sessão que contou com mais de cem participantes.

O que temos em cima da mesa em termos de grandes investimentos potenciais são cerca 39 a 40 projetos que, no seu total, somariam um potencial de investimento em torno dos 25 mil milhões de euros”, precisou o responsável.

Filipe Santos Costa considera que com as medidas de simplificação do licenciamento ambiental e empresarial, incluindo a alocação de solos; dar mais apoios financeiros aos investimentos produtivos, quer os desenvolvidos pelas PME quer os desenvolvidos pelas grandes empresas (indústria, economia de dados e de logística); e dar respostas às necessidade de eletrificação da economia “será possível corresponder ao desafio de atrair para Portugal um conjunto de investimentos estratégicos e estruturantes”.

(Notícia atualizada com mais informação)

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