Folha salarial no Banco de Fomento duplica com nova gestão
A CEO Ana Carvalho aufere uma remuneração de 273 mil euros por ano e a chairwoman Celeste Hagatong recebe 220 mil. A antecessora Ana Beatriz Freitas tinha um salário anual de 112 mil.
A folha salarial do novo conselho de administração do Banco Português de Fomento (BPF) duplicou em relação ao anterior board, superando os 1,4 milhões de euros por ano em termos brutos, com a CEO Ana Carvalho e a chairwoman Celeste Hagatong à cabeça.
Ana Carvalho aufere uma remuneração bruta de 273 mil euros por ano (22,8 mil euros por 12 meses), enquanto a chairwoman Celeste Hagatong recebe anualmente 220 mil (18,5 mil por mês), revela o relatório e contas do BPF de 2022.
Até agora estes valores não eram conhecidos, sendo que a política salarial do banco foi um dos temas mais sensíveis na substituição de Ana Beatriz Freitas, que ajudou no lançamento do BPF na pandemia e acumulava, simultaneamente, as funções de CEO e chairwoman. A antiga responsável máxima do BPF auferiu uma remuneração bruta de 112 mil euros (oito mil por 14 meses, incluindo despesas de representação) até ter saído em outubro do ano passado, quanto ainda tinha mais um ano de mandato.
As novas remunerações só foram possíveis porque, há um ano, o Governo avançou com a equiparação do BPF ao regime geral das instituições de crédito, libertando o banco das amarras do Estatuto de Gestor Público (EGF) e que limitam os salários ao nível do primeiro-ministro. É como acontece na Caixa Geral de Depósitos (CGD), que, apesar de ser o banco do Estado, também está fora do âmbito do EGF e tem o seu CEO, Paulo Macedo, com uma remuneração fixa anual de 423 mil euros, acrescida de prémios (ascenderam a 243 mil euros no ano passado).
Ao todo, a nova administração do BPF, que conta atualmente com nove membros, apresenta uma folha salarial que ronda os 1,4 milhões de euros por ano em termos brutos. Entretanto, já registou duas saídas (Tiago Almeida e António Gonçalves) e uma entrada (de Hugo Roxo).
A anterior administração de Ana Beatriz Freitas – que recebeu uma indemnização de 35 mil euros pela cessação de funções – tinha oito membros e uma folha salarial que era cerca de metade da atual: 796,8 mil euros por ano.
Auditoria deteta investimentos não elegíveis de 7,7 milhões
O BPF registou lucros de três milhões de euros no ano passado em termos consolidados, o que representa uma quebra de 87% em relação a 2021. Na mensagem que acompanha os resultados, Ana Carvalho explica a diminuição dos ganhos com os processos de auditoria externa aos fundos sob gestão e “que evidenciaram situações que justificaram provisionamentos expressivos para a dimensão do banco”.
Em concreto, o banco teve de colocar de lado 7,7 milhões de euros por conta de investimentos e despesas que, com muita probabilidade, não deverão ser considerados elegíveis. As transações foram realizadas antes da criação do BPF, entre 2017 e 2020, no seio do Fundo de Capital & Quase Capital e do Fundo de Dívida e Garantias. Também registou provisões ainda de outros 3,2 milhões de contingências fiscais.
O trabalho não ficou por aqui. O banco indica que será desencadeada uma nova auditoria “detalhada a cargo do auditor, a contratar, para escalpelizar a restante realidade ainda não avaliada”.
O BPF revela ainda que, já em 2023, recebeu um conjunto de medidas de supervisão do Banco de Portugal que resultaram de ações que foram desencadeadas no ano passado no âmbito do programa de recapitalização estratégica Janela B, ao abrigo do quadro temporário de auxílio de Estado e da auditoria especial da KPMG que avaliou o sistema de governo e de controlo interno, designadamente as política e procedimentos de gestão do risco de crédito subjacente ao ciclo de vida das garantias concedidas ao abrigo das linhas Covid-19.
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