Operação Influencer: Morais Leitão deixa a defesa de Rui de Oliveira Neves
O advogado Tiago Félix da Costa, sócio da Morais Leitão, deixou de ser a defesa de Rui de Oliveira Neves na Operação Influencer. Miguel Santos Almeida é o novo advogado do arguido.
O advogado Tiago Félix da Costa, sócio da Morais Leitão, deixou de ser a defesa do arguido do processo Operação Influencer Rui de Oliveira Neves. Segundo avança o Jornal Económico, do lado do arguido está agora o sócio da Sérvulo Miguel Santos Almeida.
Segundo explica o Jornal Económico, tanto Rui de Oliveira Neves como a firma de advogados Morais Leitão, da qual o arguido fazia parte até ao “rebentar” deste processo e era sócio até ser suspenso, quiseram cortar “quaisquer relações no que a esta operação diz respeito”. Em causa não estão conflitos de interesses.
“Terminada a urgência da detenção, foi escolhido Miguel Santos Almeida para defender o Rui de Oliveira Neves. Esperamos que este processo termine o mais rapidamente possível, confirmando a inocência do Rui de Oliveira Neves”, disse fonte oficial da Morais Leitão à Advocatus.
Miguel Santos Almeida, o novo advogado de Rui de Oliveira Neves, é sócio dos departamentos de Contencioso e Arbitragem e Direito do Desporto da Sérvulo & Associados desde 2013. O advogado centra a sua prática no contencioso penal e civil, acompanhando processos de natureza criminal e contraordenacional, bem como litígios de natureza civil e comercial, tanto em tribunais judiciais como arbitrais.
Paralelamente, acompanha litígios desportivos e assessora clubes, federações e agentes desportivos em matérias diversas relacionadas com direito do desporto. Miguel Santos Almeida é ainda árbitro do Tribunal Arbitral do Desporto de Portugal, membro da Comissão Disciplinar da Federação Internacional de Judo.
Iniciou a sua carreira na Carlos Pinto de Abreu & Associados, entre 2009 e 2013 e é associado do Fórum Penal – Associação de Advogados Penalistas e da Associação Portuguesa de Direito Desportivo.
O Ministério Público (MP) já anunciou que vai recorrer das medidas de coação decididas pelo juiz no processo da Operação Influencer — que resultou na demissão do primeiro-ministro, António Costa — já que ficaram muito aquém do que os procuradores esperavam.
Os cinco arguidos detidos ficaram todos sujeitos a medidas de coação não privativas da liberdade. A decisão do juiz de instrução Nuno Dias Costa ficou muito aquém do pedido de promoção do MP, que queria a prisão preventiva para Diogo Lacerda Machado e Vítor Escária (os dois homens próximos de Costa), cauções de 200 mil euros para Afonso Salema e 100 mil para Rui Oliveira Neves (os administradores da Start Campus), e a suspensão do mandato do autarca de Sines, Nuno Mascarenhas.
O juiz Nuno Dias Costa considerou ainda que não existia indiciação de qualquer crime relativo ao presidente da Câmara Municipal de Sines, Nuno Mascarenhas. E não validou os crimes de prevaricação e de corrupção ativa e passiva que estavam imputados a alguns arguidos. Segundo o comunicado do Tribunal Central de Instrução Criminal, o juiz considerou que Lacerda Machado e Vítor Escária estão “fortemente indiciados” em co-autoria e na forma consumada de um crime de tráfico de influência.
Mas isso não implica que o MP não “chame a si’” de novo, os crimes. Ou seja, esta decisão do juiz serviu apenas para justificar a decisão das medidas de coação. O que implica que, numa eventual acusação do MP, os crimes de corrupção e prevaricação podem voltar a estar na imputação aos arguidos.
Esta decisão do juiz Nuno Dias Costa é uma machadada no trabalho do MP, que tinha pedido a prisão preventiva para Diogo Lacerda Machado e Vítor Escária. Já para Rui de Oliveira Neves e Afonso Salema foi pedido o pagamento de uma caução, 100 mil e 200 mil euros, respetivamente, bem como a proibição de contactos.
Para Nuno Mascarenhas, o MP pediu a suspensão do seu mandato na Câmara de Sines, a proibição de contactos, bem como a proibição de entrar nas instalações da autarquia.
O MP tinha ainda pedido ao juiz de instrução que aplicasse uma caução como medida de coação à empresa Start Campus, promotora de um mega centro de dados em Sines. Um valor, aliás, recorde, de 19,5 milhões de euros, que ficaria “retido”, e que, caso a empresa persistisse na atividade criminosa, perturbasse o inquérito ou destruísse provas, teria de pagar esse valor. A caução decidida pelo juiz foi de 600 mil euros.
A operação do dia 7 de novembro do Ministério Público assentou em pelo menos 42 buscas e levou à detenção de cinco pessoas para interrogatório: o chefe de gabinete do primeiro-ministro, Vítor Escária; o presidente da Câmara de Sines, Nuno Mascarenhas; dois administradores da Start Campus, Afonso Salema e Rui Oliveira Neves; e o advogado Diogo Lacerda Machado, amigo de António Costa.
No total, há nove arguidos no processo, entre eles o ministro das Infraestruturas, João Galamba; o presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, Nuno Lacasta; o advogado e antigo porta-voz do PS, João Tiago Silveira; e a empresa Start Campus.
O primeiro-ministro demitiu-se na semana passada, depois de se saber que o seu nome tinha sido citado por envolvidos na investigação do MP a negócios do lítio, hidrogénio e do centro de dados em Sines, levando o Presidente da República a dissolver a Assembleia da República e convocar eleições legislativas para 10 de março.
(Notícia atualizada às 09h45 com declaração da Morais Leitão).
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